George Valois, 1878-1945
George Valois (pseudónimo de Alfred-Georges Gressent, Paris, 1878 - Bergen-Belsen, 1945) teve um percurso intelectual e político muito singular e complicado, emblemático da grande convulsão europeia do período de entre as guerras: partindo do anarquismo e sindicalismo revolucionário, evoluiu até ao tradicionalismo monárquico da Action française, depois até ao Faisceau e daí até à criação do Partido Republicano Sindicalista, terminando em resistência ao nazismo, e na prisão e morte no campo de concentração de Bergen-Belsen.
Em Portugal, foi um dos autores estrangeiros que mais poderá ter influenciado os integralistas lusitanos. No seu ponto de partida, em Abril de 1914, na lista de obras de estrangeiros aconselhadas na revista Nação Portuguesa, é o único autor com três referências: La Monarchie et la Classe Ouvrière; La Revolution sociale au le Roi; L'Homme qui vient.
Nesta página, em construção, tentaremos fazer o recenseamento das influências recebidas, que terá de ser cronologicamente muito precisa dada a sinuosa e tumultuosa evolução dos seus projectos políticos.
Referências
1914 - La monarchie et la classe ouvrière. I. LA RÉVOLUTION SOCIALE OU LE ROI. II. LES RÉSULTATS D' UNE ENQUÊTE. MM. GEORGES SOREL, ROBERT LOUZON, GEORGES DEHERME, JEAN GRAVE, E. DENIAU-MORAT, A. MOREL, I. BONIN, MICHEL DARGUENAT, PAUL ADER, RAOUL LENOIR, EMILE JANVION, EMILE GUILLAUMIN, GEORGES GUY-GRAND, NOUVELLE ÉDITION AUGMENTÉE D' UNE PRÉFACE - LES ENSEIGNEMENTS DE CINQ ANS, LIBRAIRIE NATIONALE. [pdf]
As 5 Teses contrárias às republicas parlamentares (partidocráticas):
1919 - L'Économie nouvelle.
CRONOLOGIA
1918
Em Portugal, foi um dos autores estrangeiros que mais poderá ter influenciado os integralistas lusitanos. No seu ponto de partida, em Abril de 1914, na lista de obras de estrangeiros aconselhadas na revista Nação Portuguesa, é o único autor com três referências: La Monarchie et la Classe Ouvrière; La Revolution sociale au le Roi; L'Homme qui vient.
Nesta página, em construção, tentaremos fazer o recenseamento das influências recebidas, que terá de ser cronologicamente muito precisa dada a sinuosa e tumultuosa evolução dos seus projectos políticos.
Referências
1914 - La monarchie et la classe ouvrière. I. LA RÉVOLUTION SOCIALE OU LE ROI. II. LES RÉSULTATS D' UNE ENQUÊTE. MM. GEORGES SOREL, ROBERT LOUZON, GEORGES DEHERME, JEAN GRAVE, E. DENIAU-MORAT, A. MOREL, I. BONIN, MICHEL DARGUENAT, PAUL ADER, RAOUL LENOIR, EMILE JANVION, EMILE GUILLAUMIN, GEORGES GUY-GRAND, NOUVELLE ÉDITION AUGMENTÉE D' UNE PRÉFACE - LES ENSEIGNEMENTS DE CINQ ANS, LIBRAIRIE NATIONALE. [pdf]
As 5 Teses contrárias às republicas parlamentares (partidocráticas):
- são regimes essencialmente hostis às classes trabalhadoras;
- desviam as classes trabalhadoras da resolução dos seus problemas;
- as classes trabalhadoras submetem-se ao poder dominante da plutocracia;
- o socialismo desconhece a história e a natureza humana;
- a monarquia anti-parlamentar e descentralizada é o regime que melhor garante a defesa dos interesses dos trabalhadores.
1919 - L'Économie nouvelle.
CRONOLOGIA
1918
- "A transformação do Estado", A Monarquia, Lisboa, nº 292, 4 de Fevereiro de 1918, p. 1 - É pela defesa do Estado histórico, reduzido ao mínimo, que é como quem diz, ao exercício de suas funções especificas, que o Tradicionalismo completa o Sindicalismo, recebendo dele a recomposição da sociedade baseada no federalismo das classes. A tentativa de conciliação possui já o seu filósofo em George Valois na Monarchie ouvrière e em Edouard Berthe no Les méfaits des intellectuels. (António Sardinha)
- 1926-03 - Leão Ramos Ascensão, "As bases da economia nova", Ordem Nova, nº 1, Março de 1926, p. 26-30 - "Quereis refazer um Estado, restaurar uma Nação? Fazei apelo aos poderes do Espírito." (Georges Valois, L'Économie nouvelle, 1919). Leão Ramos Ascensão começa por escrever que Valois, na Économie nouvelle, lançou as bases do regime económico que virá a suceder à destroçada economia liberal, mas acrescenta: "É o Valois, é o Valois sem fesso, que não decapitava a sua doutrina porque não esquecia a necessidade do Rei."Leão Ramos Ascensão estava em condições de conhecer em Março de 1926. Valois aderiu à Action française em 1906, percepcionando nesse movimento "um exército revolucionário contra o capitalismo". Substituir o capitalismo e o parlamentarismo pode bem ter sido o seu programa de sempre. Perante o que lhe parecia ser uma alternativa entre a ditadura e a monarquia, Valois escolheu então a monarquia da Action française - é essa também a perspectiva que Leão Ramos Ascensão retoma e defende neste artigo. Em 1911, Valois esteve nessa via participando, no seio da Action française, na criação do grupo de reflexão "Cercle Proudhon", cujo propósito era o de converter os sindicalistas ao ideário monárquico. No ano seguinte, assumiu a direcção da editora Nouvelle Librairie Nationale. Em 1914, foi mobilizado para a Guerra, vindo a ficar gravemente ferido na batalha de Verdun, em Outubro de 1916. A obra L'Économie nouvelle, foi escrita no final da guerra e publicada em 1919, surgindo no ano seguinte uma segunda edição e obtendo o prémio Fabien da Academia francesa. Em 1923, Valois iniciou a publicação de Les Cahiers des États généraux mas, em Fevereiro de 1925, lançou o jornal Le Nouveau Siècle - "journal de la fraternité nationale", em crescente afastamento da Action française. A ruptura consumou-se em Outubro de 1925, apenas cinco meses antes deste artigo de Ramos Ascensão ser publicado. Como referido, Ascensão inspirou-se naquela obra, mas não sem ter acrescentado: "É o Valois, é o Valois sem fesso, que não decapitava a sua doutrina porque não esquecia a necessidade do Rei." Ascensão referia-se ao divórcio litigioso de Valois com a Action française, que levou à criação dos Faisceau, em Novembro. Entre Dezembro de 1925 e Abril de 1926, 1.800 membros da Action française demitiram-se para aderir ao Faisceau. Ao referir-se ao "Valois sem fesso", Ascensão está a fazer-se eco da acusação que Charles Maurras lançou sobre George Valois e os Faisceau: o de que fora criado com dinheiro vindo da Itália e imitando o fascismo. Em 1928, Valois dir-se-á vítima de uma campanha de calúnias e da exploração do medo do sindicalismo operário (George Valois, L’Homme contre l’argent. Souvenirs de dix ans 1918-1928, Paris, ed. de 2012, pp. 221-280). Em Março de 1926, Ascensão revela conhecer a versão maurrasiana dos acontecimentos que levara à cisão dos Faisceau; sendo certo que Valois tinha abandonado já de facto o programa monárquico, para vir a criar, em 1928, o Parti républicain syndicaliste ( PRS). Em Portugal, viviam-se as agitadas vésperas do 28 de Maio de 1926. O papa Pio XI, só em 8 de Setembro de 1926 fez a condenação pública do movimento da Action française. Em 1938, o rápido triunfo dos fascismos em Itália e Alemanha, em contraste como o seu malogro em França, era um motivo de reflexão de Ascensão em carta para Alfredo Pimenta. Nota: "fesso", em italiano, significa "idiota" e os "fessistes" seriam os membros do Faisceau criado por Georges Valois.para editar.