GeorgeS Valois, 1878-1945
"É o Valois, é o Valois sem fesso, que não decapitava a sua doutrina porque não esquecia a necessidade do Rei." - Leão Ramos Ascensão
Georges Valois (pseudónimo de Alfred-Georges Gressent, Paris, 1878 - Bergen-Belsen, 1945) teve um percurso intelectual e político emblemático da grande convulsão europeia do período de entre as guerras (1918-1939): partindo do anarquismo e do sindicalismo revolucionário, passou ao monarquismo da Action française (1906 - 1925), de onde saiu para fundar o Faisceau (1925 - 1926). Desapontado com o fascismo, criou o Partido Republicano Sindicalista (1928). Durante a ocupação alemã da França, juntou-se à resistência, vindo a ser preso em 1944 e a morrer de tifo no campo de concentração de Bergen-Belsen.
O conjunto da obra de Georges Valois revela-nos uma persistente busca de uma alternativa económica ao capitalismo e política ao parlamentarismo das partidocracias. No período em que integrou a hoste neo-monárquica da Action française, de 1906 a 1925, Valois foi um dos autores estrangeiros com melhor acolhimento entre os integralistas lusitanos. Apesar das advertências de António Sardinha (1887-1925) a respeito da "farmacopeia gaulesa" - contundentes em "Teófilo, Mestre da Contra-Revolução" (1914) - três obras de Valois surgem identificadas na lista de publicações aconselhadas na revista Nação Portuguesa, 1914-1916:
Da ruptura de George Valois com a Action française de Charles Maurras veio a resultar a criação do Faisceau (1925-26) - de Dezembro de 1925 a Abril de 1926, 1.800 membros da Action française demitiram-se para aderir ao Faisceau. Descartando a dinastia na chefia do Estado, Valois passou a defender apenas a superação do parlamentarismo da partidocracia através da "integração do sindicalismo operário no Estado". Criar em França um "Estado sindical e corporativo" passou a ser o seu objectivo programático.
Em Itália, Benito Mussolini tinha tomado o poder dizendo querer estabelecer uma democracia autoritária, mas sem ter definida uma doutrina política. Através das "leis fascistas excepcionais" de 1925-26, culminando no plebiscito nacional quase unânime de 1929, o regime Fascista ficou estabelecido como uma "democracia organizada, centralizada e autoritária", com um único partido legal - o Partito Nazionale Fascista -, e os municípios, as províncias, e os sindicatos, submetidos à autoridade do governo. Em 1932, a doutrina do Fascismo surge definida na Enciclopédia Italiana, em artigo assinado por Mussolini, como um aperfeiçoamento das ideologias emergentes com a Revolução de 1789 - "O fascismo dos escombros das doutrinas liberais, socialistas e democráticas, extrai aqueles elementos que ainda têm valor de vida". Minimizando o papel desempenhado pelo Partido Bolchevique - depois Partido Comunista - na União Soviética, Mussolini sublinhava a novidade totalitária do fascismo: "Um partido que governa totalitariamente uma nação, é um facto novo na história."; no seu conceito, "o Estado é um absoluto"... "Indivíduos e grupos são «pensáveis», pois estão no Estado." [1932 - Benito Mussolini - Fascismo].
A doutrina política dos integralistas - em defesa de uma descentralização e de uma representação municipalista e sindicalista no Estado - tinha uma matriz pré-revolucionária e irá manter-se nos antípodas dos estatismos oligárquicos saídos da Revolução de 1789; rejeitando tanto o pluri-partidarismo político-ideológico, como os monopartidarismos socialistas, com intenção internacionalista (na linha do "bolchevismo") ou nacionalista (como o fascismo italiano). Para além das distintas feições nacionais, o programa do Faisceau (1922-1926) de Georges Valois, o Fascismo de Mussolini, ou o Nacional-Socialismo de Adolf Hitler, buscaram autoridade na centralização e no reforço dos poderes no Estado. A doutrina política dos integralistas ia em sentido contrário - era descentralizadora, municipalista e sindicalista. O estudo da tradição política portuguesa alimentara neles o ideal de um reino como uma federação de pequenas repúblicas. O rei português era por eles entendido como um "pastor não mercenário". O estado-nação português fora uma criação medieval, confirmado na Revolução de 1383-85, através de uma aliança entre o Rei e os municípios (comunas urbanas e concelhos rurais). A formação neo-clássica do Estado francês estava longe de lhes servir de modelo inspirador, e menos ainda os centralismos estatistas pós-revolucionários que tinham levado à criação da Itália e da Alemanha.
Em meados da década de 1920, e apesar da esperança depositada nas "revoluções nacionalistas" europeias, os integralistas começaram a acentuar a sua demarcação face aos nacionalismos de além Pirinéus, em livros como Ao princípio era o Verbo (1924) de António Sardinha ou em conferências, como a de Hipólito Raposo, proferida em Março de 1925, a respeito de Dois nacionalismos. L'Action française e o Integralismo Lusitano (1929). Em 1931, o jovem integralista Carlos Proença colocou a par a Action française e o Fascismo italiano, identificando neles uma idêntica tendência para subordinar os grupos sociais ao Estado [Recensão ao livro "Do Valor e Sentido da Democracia", de Cabral de Moncada]. Em Janeiro de 1933, Rolão Preto (1893-1977), classificou o fascismo e o hitlerismo como "totalitarismos divinizadores do Estado cesarista", iniciando uma série de demarcações e de condenações que vêm a culminar, em 1936, no livro Justiça!, onde expôs os fundamentos da sua rejeição dos vários estatismos contemporâneos - democratismos, socialismos e fascismos - mostrando apreço pelo personalismo de Emmanuel Mounier expresso em Révolution personnaliste et communautaire (1935).
Em 1931, desapontado com o fascismo, Valois propõe a criação de um sistema económico euro africano capaz de rivalizar com a URSS e os EUA. No ano seguinte, declara o nacionalismo como algo de arcaico, considerando que a crise é universal e exige uma solução universal - "Ou demeurer dans le système de la guerre, et aller droit à une nouvelle guerre; ou sortir définitivement du système venu de la guerre, et cela veut dire création du système européen, avec plan décennal de rationalisation générale".
Em Março de 1940, em artigo publicado no Nouvel âge, Valois propõe uma "solução europeia" para a guerra: "Que l’Italie passe au-delà du fascisme, que la France et l’Angleterre passent au-delà de la vieille démocratie, que les trois nations et d’autres sortent de l’impérialisme, pour entrer dans le fédéralisme et toutes les oppositions où elle se trouvent en Méditerranée et en Afrique tomberont. (...) Si la Mer et le Continent deviennent une communauté eurafricaine, toutes les questions sont résolues, et le cours des évènements sera renversé en Europe”.
Em 1942, escreve Comment finira la guerre ou la vraie révolution, prevendo um levantamento dos povos asiáticos contra o sistema colonial e o «déferlement du communisme asiatique» sobre a Europa e o seu Império - «Staline qui n’a pas cessé un seul instant de travailler à créer en Europe, les conditions d’une bolchevisation générale qui donneraient au Kremlin la maîtrise de l’Europe et de l’Asie» " (Georges Valois. Le fascisme (Le devoir de mémoire), Ars Magna Editions, Kindle ed., pp. 14-15)
O conjunto da obra de Georges Valois revela-nos uma persistente busca de uma alternativa económica ao capitalismo e política ao parlamentarismo das partidocracias. No período em que integrou a hoste neo-monárquica da Action française, de 1906 a 1925, Valois foi um dos autores estrangeiros com melhor acolhimento entre os integralistas lusitanos. Apesar das advertências de António Sardinha (1887-1925) a respeito da "farmacopeia gaulesa" - contundentes em "Teófilo, Mestre da Contra-Revolução" (1914) - três obras de Valois surgem identificadas na lista de publicações aconselhadas na revista Nação Portuguesa, 1914-1916:
- 1906 - L'Homme qui vient, 2ª ed., 1909.
- 1908 - La Revolution sociale au le Roi [royalisme et syndicalisme, le préjugé républicain, la révolution sociale, le roi, la monarchie corporative, Paris, L'Action française, 1908]; 4ª ed., Paris, Nouvelle librairie nationale, 1913.
- 1914 - La monarchie et la classe ouvrière, 1914.
Da ruptura de George Valois com a Action française de Charles Maurras veio a resultar a criação do Faisceau (1925-26) - de Dezembro de 1925 a Abril de 1926, 1.800 membros da Action française demitiram-se para aderir ao Faisceau. Descartando a dinastia na chefia do Estado, Valois passou a defender apenas a superação do parlamentarismo da partidocracia através da "integração do sindicalismo operário no Estado". Criar em França um "Estado sindical e corporativo" passou a ser o seu objectivo programático.
Em Itália, Benito Mussolini tinha tomado o poder dizendo querer estabelecer uma democracia autoritária, mas sem ter definida uma doutrina política. Através das "leis fascistas excepcionais" de 1925-26, culminando no plebiscito nacional quase unânime de 1929, o regime Fascista ficou estabelecido como uma "democracia organizada, centralizada e autoritária", com um único partido legal - o Partito Nazionale Fascista -, e os municípios, as províncias, e os sindicatos, submetidos à autoridade do governo. Em 1932, a doutrina do Fascismo surge definida na Enciclopédia Italiana, em artigo assinado por Mussolini, como um aperfeiçoamento das ideologias emergentes com a Revolução de 1789 - "O fascismo dos escombros das doutrinas liberais, socialistas e democráticas, extrai aqueles elementos que ainda têm valor de vida". Minimizando o papel desempenhado pelo Partido Bolchevique - depois Partido Comunista - na União Soviética, Mussolini sublinhava a novidade totalitária do fascismo: "Um partido que governa totalitariamente uma nação, é um facto novo na história."; no seu conceito, "o Estado é um absoluto"... "Indivíduos e grupos são «pensáveis», pois estão no Estado." [1932 - Benito Mussolini - Fascismo].
A doutrina política dos integralistas - em defesa de uma descentralização e de uma representação municipalista e sindicalista no Estado - tinha uma matriz pré-revolucionária e irá manter-se nos antípodas dos estatismos oligárquicos saídos da Revolução de 1789; rejeitando tanto o pluri-partidarismo político-ideológico, como os monopartidarismos socialistas, com intenção internacionalista (na linha do "bolchevismo") ou nacionalista (como o fascismo italiano). Para além das distintas feições nacionais, o programa do Faisceau (1922-1926) de Georges Valois, o Fascismo de Mussolini, ou o Nacional-Socialismo de Adolf Hitler, buscaram autoridade na centralização e no reforço dos poderes no Estado. A doutrina política dos integralistas ia em sentido contrário - era descentralizadora, municipalista e sindicalista. O estudo da tradição política portuguesa alimentara neles o ideal de um reino como uma federação de pequenas repúblicas. O rei português era por eles entendido como um "pastor não mercenário". O estado-nação português fora uma criação medieval, confirmado na Revolução de 1383-85, através de uma aliança entre o Rei e os municípios (comunas urbanas e concelhos rurais). A formação neo-clássica do Estado francês estava longe de lhes servir de modelo inspirador, e menos ainda os centralismos estatistas pós-revolucionários que tinham levado à criação da Itália e da Alemanha.
Em meados da década de 1920, e apesar da esperança depositada nas "revoluções nacionalistas" europeias, os integralistas começaram a acentuar a sua demarcação face aos nacionalismos de além Pirinéus, em livros como Ao princípio era o Verbo (1924) de António Sardinha ou em conferências, como a de Hipólito Raposo, proferida em Março de 1925, a respeito de Dois nacionalismos. L'Action française e o Integralismo Lusitano (1929). Em 1931, o jovem integralista Carlos Proença colocou a par a Action française e o Fascismo italiano, identificando neles uma idêntica tendência para subordinar os grupos sociais ao Estado [Recensão ao livro "Do Valor e Sentido da Democracia", de Cabral de Moncada]. Em Janeiro de 1933, Rolão Preto (1893-1977), classificou o fascismo e o hitlerismo como "totalitarismos divinizadores do Estado cesarista", iniciando uma série de demarcações e de condenações que vêm a culminar, em 1936, no livro Justiça!, onde expôs os fundamentos da sua rejeição dos vários estatismos contemporâneos - democratismos, socialismos e fascismos - mostrando apreço pelo personalismo de Emmanuel Mounier expresso em Révolution personnaliste et communautaire (1935).
Em 1931, desapontado com o fascismo, Valois propõe a criação de um sistema económico euro africano capaz de rivalizar com a URSS e os EUA. No ano seguinte, declara o nacionalismo como algo de arcaico, considerando que a crise é universal e exige uma solução universal - "Ou demeurer dans le système de la guerre, et aller droit à une nouvelle guerre; ou sortir définitivement du système venu de la guerre, et cela veut dire création du système européen, avec plan décennal de rationalisation générale".
Em Março de 1940, em artigo publicado no Nouvel âge, Valois propõe uma "solução europeia" para a guerra: "Que l’Italie passe au-delà du fascisme, que la France et l’Angleterre passent au-delà de la vieille démocratie, que les trois nations et d’autres sortent de l’impérialisme, pour entrer dans le fédéralisme et toutes les oppositions où elle se trouvent en Méditerranée et en Afrique tomberont. (...) Si la Mer et le Continent deviennent une communauté eurafricaine, toutes les questions sont résolues, et le cours des évènements sera renversé en Europe”.
Em 1942, escreve Comment finira la guerre ou la vraie révolution, prevendo um levantamento dos povos asiáticos contra o sistema colonial e o «déferlement du communisme asiatique» sobre a Europa e o seu Império - «Staline qui n’a pas cessé un seul instant de travailler à créer en Europe, les conditions d’une bolchevisation générale qui donneraient au Kremlin la maîtrise de l’Europe et de l’Asie» " (Georges Valois. Le fascisme (Le devoir de mémoire), Ars Magna Editions, Kindle ed., pp. 14-15)
CRONOLOGIA:
1906 - Valois aderiu à Action française em 1906, vendo nesse movimento "um exército revolucionário contra o capitalismo".
1914 - Valois foi mobilizado para a Guerra, vindo a ficar gravemente ferido na batalha de Verdun, em Outubro de 1916.
1919 - Valois publica L'Économie nouvelle.
1921 - Georges Valois, D'un siècle à l'autre, Nouvelle librairie nationale, Paris, 1921.
TABLE DES CHAPITRES:I. — Les visages de mon enfance - 9
II. — Alice au pays des merveilles - 57
III. — La bienheureuse pauvreté - 97
p. 97 : "Je hais le siècle passé, il a été le siècle de l'argent, il ne reconnaissait pas à l'homme le droit de vivre pauvre. Un État social bien ordonné doit accorder à ceux qui l'aiment le bénéfice de la pauvreté. Je ne parle pas de la pauvreté parente de la misère, fruit de la déchéance, de la paresse et du vice. Je parle de la pauvreté acceptée, voulue par l'homme qui aime le renoncement, ou la science, ou la gloire, et qui, s'il crée par son action des biens dans ce monde, ne veut pas les voir entre ses mains. Un siècle produit toujours heureusement des pauvres de cette espèce. Il y a eu des temps, il y a des pays, où ils sont honorés, ou traités simplement comme des hommes sains. Le siècle passé les repoussait, il en avait honte, il accordait son respect à la parole insensée d'un crétin habile devenu gros bourgeois à la force du poignet, il tenait en dédain la parole du sage qui n'était pas dorée. J'ai une haine personnelle pour Guizot qui a lancé à son siècle le mot d'ordre "enrichissez-vous"." A ideia repetida em 1928, in L'Homme contre l'argent.
IV. — Tolstoi et Pierre le Grand. - 155
V. — L'homme, la femme et l'enfant - 195
VI. — La douceur de vivre - 229
VI — Verdun - 263
Nas páginas de L’Action française Valois denuncia o imperialismo do petróleo - as pressões da Standard Oil americana e da Anglo-Persian Oil sobre o governo francês para obter concessões no mercado francês.
1922 - La reconstruction économique de l'Europe, é citado por António Sardinha em "A Ordem-Nova" (Julho de 1922), expressando a esperança de que uma nova geração seria capaz de realizar uma renascença ocidental (p. 10).
1926 - Le Nouveau Siècle, 15 de Janeiro de 1926: "Le fascisme incorpore, dans un seul mouvement national et social, sur le plan de la vie sociale et nationale, le nationalisme et le socialisme. Mais il n’en prend que les tendances, les volontés anti-individualistes et organisatrices. Des doctrines, il ne conserve que ce qui peut servir ses fins propres, qui sont la grandeur pour toutes les formes saines de la vie nationale. C’est la grande opération qu’a pressentie, amorcée, préparée Maurice Barrès, on la retrouvera dans les Scènes et doctrines du nationalisme et qui fut arrêté en France pendant toute cette période où le socialisme, accentuant ses tendances internationales, provoquera une accentuation de la tendance propre du nationalisme".
1926 - Le Nouveau Siècle, 25 de Janeiro de 1926, Georges Valois publica: «le fascisme est un mouvement de caractère universel». No dia 7 de Novembro, no mesmo jornal: «Il y a un fascisme français. Et un fascisme italien. Ils appartiennent tous deux au fascisme général qui est universel comme le sont le socialisme, le parlementarisme, le républicanisme, etc.» Sendo universal, o fascismo é no entanto uma criação francesa, segundo Valois, como virá a escrever em L’Homme contre l’argent (1928), p. 264: "Dès l’origine, nous avions indiqué que la doctrine que nous apportions était la nôtre, non celle du fascisme italien et que c’est chez nous que le fascisme italien puisait sa nourriture doctrinale."
1926 - Em 8 de Setembro, o papa Pio XI fez a condenação pública da Action française.
1926 - Le Nouveau Siècle, 13 de Outubro de 1926: Valois defende a construção de uma Europa pacifica capaz de resistir ao imperialismo americano marcado pelos acordos Mellon-Béranger acerca das dívidas de guerra. Segundo Valois, os americanos diziam aos franceses: "Vous vous êtes endettés au-delà de toute mesure dans la lutte soutenue par vous pour la liberté du monde. Pendant que vous supportiez le premier choc, nous nous sommes enrichis. Nous sommes devenus vos créanciers, et parce que vous avez fourni cet énorme effort pour la liberté du monde, vous paierez le tribut pendant un demi-siècle à la ploutocratie américaine”
1928 - Le Nouveau Siècle, 9 de Janeiro de 1928: Valois reconhece que «pour parler net [le fascisme italien] devient réactionnaire»; «sous la pression des forces financières étrangères, le fascisme italien évolue dans le sens réactionnaire». Em fins de 1926, o fascismo italiano fazia figura de construtor do socialismo; em 1928, o fascismo italiano joga entre dois imperialismos: "l'impérialisme politique britannique et l’impérialisme financier américain".
1928 - L'Homme contre l'argent, Paris, Librarie Valois. - Valois dá-se conta do surgir de uma nova classe criadora do mundo moderno: a "classe de intelectuais, técnicos, organizadores" - “classe qui est née de la nécessité historique, classe d’intellectuels, de techniciens, d’organisateurs du travail, d’inventeurs, de chefs de service, de contremaîtres, qui, entre, les possesseurs du sol et des capitaux, et les bataillons prolétariens est la grande créatrice du monde moderne” (p. 6). Nesse livro Valois diz-se também vítima de uma campanha de calúnias e da exploração do medo do sindicalismo operário (Edição de 2012, pp. 221-280).
1928-1929 - A Librairie Valois publica dois livros de Gaston Riou: Europe, ma patrie (1928) e S’unir ou mourir (1929) - Riou fundou, em 1926, o Comité français d'union douanière européenne e, em 1930, a Ligue internationale pour les États-Unis d'Europe.
1929 - Un nouvel âge de l'humanité, Librairie Valois, Paris. - Da Introdução: "scientifique, toute mon œuvre, y compris le présent livre, est établie sur la (...) base de mon premier ouvrage L’Homme qui vient, rédigé en 1905. Les différences que l’on peut observer dans la suite sont de pure forme, ce ne sont que des erreurs d’application. Et des erreurs d’application par imagination, que l’expérience a rectifiées"
- «On a pu croire, entre 1922 et 1926, que l’État fasciste serait la forme européenne de l’Etat technique, fondé par un homme formé par le socialisme et surtout par la pensée de Marx et Sorel, on pouvait croire qu’il allait procéder à l’intégration du syndicalisme ouvrier dans l’Etat pour réaliser par-là l’organisation rationnelle de la production.» [p. 138]
Acerca do conceito de "Estado sindical e corporativo" do Faisceau, quando Georges Valois pensava que seria possível "proceder à integração do sindicalismo operário no Estado":
"O regime representativo não existe. O que existe é o regime de representação soberana, o que é uma contradição. Porque não se pode ser soberano e deputado ao mesmo tempo Estadual e representativo. Somos deputados do soberano, representantes perante o Estado. O grande drama atual advém da confusão entre as duas funções. Façamos a distinção e tudo se organiza: endireitamos o Estado através de uma operação ditatorial levada a cabo pelos combatentes, e imediatamente, para limitar a ditadura e colaborar com ela na construção do Estado moderno, organizamos a representação dos produtores, famílias das regiões. O poder central é permanente, livre e forte, acima dos partidos e das classes. E os poderes particulares estão diante dele com os seus feixes de interesses. Isto é fascismo."
Acerca da nova classe de técnicos , criadora do mundo moderno: "Cette classe de techniciens qui grandit chaque jour, qui s’étend aujourd’hui à l’agriculture, est la grande classe organisatrice du monde de demain. Formée d’éléments bourgeois et prolétariens, elle n’est ni la bourgeoisie, ni le prolétariat. Elle est la classe technique par excellence, celle qui par son travail quotidien sait qu’il n’y a pas de droit héréditaire à la direction technique du travail, et que ce droit à la direction ne peut s’acquérir par aucun acte de force”
1931 - Les cahiers blues, nº 111, 27 de Junho de 1931: Valois propõe a criação de um sistema económico euro africano capaz de rivalizar com a URSS e os EUA.
1932 - Manifeste des nouvelles équipes - Valois declara o nacionalismo arcaico; a crise é universal e exige uma solução universal - "Ou demeurer dans le système de la guerre, et aller droit à une nouvelle guerre; ou sortir définitivement du système venu de la guerre, et cela veut dire création du système européen, avec plan décennal de rationalisation générale".
1940 - Março - em artigo no Nouvel âge, Valois propõe uma "solução europeia" para a guerra: "Que l’Italie passe au-delà du fascisme, que la France et l’Angleterre passent au-delà de la vieille démocratie, que les trois nations et d’autres sortent de l’impérialisme, pour entrer dans le fédéralisme et toutes les oppositions où elle se trouvent en Méditerranée et en Afrique tomberont. (...) Si la Mer et le Continent deviennent une communauté eurafricaine, toutes les questions sont résolues, et le cours des évènements sera renversé en Europe”.
1942 - Comment finira la guerre ou la vraie révolution. "Dans les inquiétudes de ses dernières années, Valois est même un quasi-visionnaire qui perçoit l’évolution du monde sur le moyen terme, en 1942, il prédit le soulèvement général des peuples asiatiques contre le système colonial et le «déferlement du communisme asiatique» sur l’Europe et son Empire, et il voit derrière tout cela le travail de «Staline qui n’a pas cessé un seul instant de travailler à créer en Europe, les conditions d’une bolchevisation générale qui donneraient au Kremlin la maîtrise de l’Europe et de l’Asie» " - Georges Valois. Le fascisme (Le devoir de mémoire) (French Edition) (pp. 14-15). Ars Magna Editions.
1906 - Valois aderiu à Action française em 1906, vendo nesse movimento "um exército revolucionário contra o capitalismo".
1914 - Valois foi mobilizado para a Guerra, vindo a ficar gravemente ferido na batalha de Verdun, em Outubro de 1916.
1919 - Valois publica L'Économie nouvelle.
1921 - Georges Valois, D'un siècle à l'autre, Nouvelle librairie nationale, Paris, 1921.
TABLE DES CHAPITRES:I. — Les visages de mon enfance - 9
II. — Alice au pays des merveilles - 57
III. — La bienheureuse pauvreté - 97
p. 97 : "Je hais le siècle passé, il a été le siècle de l'argent, il ne reconnaissait pas à l'homme le droit de vivre pauvre. Un État social bien ordonné doit accorder à ceux qui l'aiment le bénéfice de la pauvreté. Je ne parle pas de la pauvreté parente de la misère, fruit de la déchéance, de la paresse et du vice. Je parle de la pauvreté acceptée, voulue par l'homme qui aime le renoncement, ou la science, ou la gloire, et qui, s'il crée par son action des biens dans ce monde, ne veut pas les voir entre ses mains. Un siècle produit toujours heureusement des pauvres de cette espèce. Il y a eu des temps, il y a des pays, où ils sont honorés, ou traités simplement comme des hommes sains. Le siècle passé les repoussait, il en avait honte, il accordait son respect à la parole insensée d'un crétin habile devenu gros bourgeois à la force du poignet, il tenait en dédain la parole du sage qui n'était pas dorée. J'ai une haine personnelle pour Guizot qui a lancé à son siècle le mot d'ordre "enrichissez-vous"." A ideia repetida em 1928, in L'Homme contre l'argent.
IV. — Tolstoi et Pierre le Grand. - 155
V. — L'homme, la femme et l'enfant - 195
VI. — La douceur de vivre - 229
VI — Verdun - 263
Nas páginas de L’Action française Valois denuncia o imperialismo do petróleo - as pressões da Standard Oil americana e da Anglo-Persian Oil sobre o governo francês para obter concessões no mercado francês.
1922 - La reconstruction économique de l'Europe, é citado por António Sardinha em "A Ordem-Nova" (Julho de 1922), expressando a esperança de que uma nova geração seria capaz de realizar uma renascença ocidental (p. 10).
1926 - Le Nouveau Siècle, 15 de Janeiro de 1926: "Le fascisme incorpore, dans un seul mouvement national et social, sur le plan de la vie sociale et nationale, le nationalisme et le socialisme. Mais il n’en prend que les tendances, les volontés anti-individualistes et organisatrices. Des doctrines, il ne conserve que ce qui peut servir ses fins propres, qui sont la grandeur pour toutes les formes saines de la vie nationale. C’est la grande opération qu’a pressentie, amorcée, préparée Maurice Barrès, on la retrouvera dans les Scènes et doctrines du nationalisme et qui fut arrêté en France pendant toute cette période où le socialisme, accentuant ses tendances internationales, provoquera une accentuation de la tendance propre du nationalisme".
1926 - Le Nouveau Siècle, 25 de Janeiro de 1926, Georges Valois publica: «le fascisme est un mouvement de caractère universel». No dia 7 de Novembro, no mesmo jornal: «Il y a un fascisme français. Et un fascisme italien. Ils appartiennent tous deux au fascisme général qui est universel comme le sont le socialisme, le parlementarisme, le républicanisme, etc.» Sendo universal, o fascismo é no entanto uma criação francesa, segundo Valois, como virá a escrever em L’Homme contre l’argent (1928), p. 264: "Dès l’origine, nous avions indiqué que la doctrine que nous apportions était la nôtre, non celle du fascisme italien et que c’est chez nous que le fascisme italien puisait sa nourriture doctrinale."
1926 - Em 8 de Setembro, o papa Pio XI fez a condenação pública da Action française.
1926 - Le Nouveau Siècle, 13 de Outubro de 1926: Valois defende a construção de uma Europa pacifica capaz de resistir ao imperialismo americano marcado pelos acordos Mellon-Béranger acerca das dívidas de guerra. Segundo Valois, os americanos diziam aos franceses: "Vous vous êtes endettés au-delà de toute mesure dans la lutte soutenue par vous pour la liberté du monde. Pendant que vous supportiez le premier choc, nous nous sommes enrichis. Nous sommes devenus vos créanciers, et parce que vous avez fourni cet énorme effort pour la liberté du monde, vous paierez le tribut pendant un demi-siècle à la ploutocratie américaine”
1928 - Le Nouveau Siècle, 9 de Janeiro de 1928: Valois reconhece que «pour parler net [le fascisme italien] devient réactionnaire»; «sous la pression des forces financières étrangères, le fascisme italien évolue dans le sens réactionnaire». Em fins de 1926, o fascismo italiano fazia figura de construtor do socialismo; em 1928, o fascismo italiano joga entre dois imperialismos: "l'impérialisme politique britannique et l’impérialisme financier américain".
1928 - L'Homme contre l'argent, Paris, Librarie Valois. - Valois dá-se conta do surgir de uma nova classe criadora do mundo moderno: a "classe de intelectuais, técnicos, organizadores" - “classe qui est née de la nécessité historique, classe d’intellectuels, de techniciens, d’organisateurs du travail, d’inventeurs, de chefs de service, de contremaîtres, qui, entre, les possesseurs du sol et des capitaux, et les bataillons prolétariens est la grande créatrice du monde moderne” (p. 6). Nesse livro Valois diz-se também vítima de uma campanha de calúnias e da exploração do medo do sindicalismo operário (Edição de 2012, pp. 221-280).
1928-1929 - A Librairie Valois publica dois livros de Gaston Riou: Europe, ma patrie (1928) e S’unir ou mourir (1929) - Riou fundou, em 1926, o Comité français d'union douanière européenne e, em 1930, a Ligue internationale pour les États-Unis d'Europe.
1929 - Un nouvel âge de l'humanité, Librairie Valois, Paris. - Da Introdução: "scientifique, toute mon œuvre, y compris le présent livre, est établie sur la (...) base de mon premier ouvrage L’Homme qui vient, rédigé en 1905. Les différences que l’on peut observer dans la suite sont de pure forme, ce ne sont que des erreurs d’application. Et des erreurs d’application par imagination, que l’expérience a rectifiées"
- «On a pu croire, entre 1922 et 1926, que l’État fasciste serait la forme européenne de l’Etat technique, fondé par un homme formé par le socialisme et surtout par la pensée de Marx et Sorel, on pouvait croire qu’il allait procéder à l’intégration du syndicalisme ouvrier dans l’Etat pour réaliser par-là l’organisation rationnelle de la production.» [p. 138]
Acerca do conceito de "Estado sindical e corporativo" do Faisceau, quando Georges Valois pensava que seria possível "proceder à integração do sindicalismo operário no Estado":
"O regime representativo não existe. O que existe é o regime de representação soberana, o que é uma contradição. Porque não se pode ser soberano e deputado ao mesmo tempo Estadual e representativo. Somos deputados do soberano, representantes perante o Estado. O grande drama atual advém da confusão entre as duas funções. Façamos a distinção e tudo se organiza: endireitamos o Estado através de uma operação ditatorial levada a cabo pelos combatentes, e imediatamente, para limitar a ditadura e colaborar com ela na construção do Estado moderno, organizamos a representação dos produtores, famílias das regiões. O poder central é permanente, livre e forte, acima dos partidos e das classes. E os poderes particulares estão diante dele com os seus feixes de interesses. Isto é fascismo."
Acerca da nova classe de técnicos , criadora do mundo moderno: "Cette classe de techniciens qui grandit chaque jour, qui s’étend aujourd’hui à l’agriculture, est la grande classe organisatrice du monde de demain. Formée d’éléments bourgeois et prolétariens, elle n’est ni la bourgeoisie, ni le prolétariat. Elle est la classe technique par excellence, celle qui par son travail quotidien sait qu’il n’y a pas de droit héréditaire à la direction technique du travail, et que ce droit à la direction ne peut s’acquérir par aucun acte de force”
1931 - Les cahiers blues, nº 111, 27 de Junho de 1931: Valois propõe a criação de um sistema económico euro africano capaz de rivalizar com a URSS e os EUA.
1932 - Manifeste des nouvelles équipes - Valois declara o nacionalismo arcaico; a crise é universal e exige uma solução universal - "Ou demeurer dans le système de la guerre, et aller droit à une nouvelle guerre; ou sortir définitivement du système venu de la guerre, et cela veut dire création du système européen, avec plan décennal de rationalisation générale".
1940 - Março - em artigo no Nouvel âge, Valois propõe uma "solução europeia" para a guerra: "Que l’Italie passe au-delà du fascisme, que la France et l’Angleterre passent au-delà de la vieille démocratie, que les trois nations et d’autres sortent de l’impérialisme, pour entrer dans le fédéralisme et toutes les oppositions où elle se trouvent en Méditerranée et en Afrique tomberont. (...) Si la Mer et le Continent deviennent une communauté eurafricaine, toutes les questions sont résolues, et le cours des évènements sera renversé en Europe”.
1942 - Comment finira la guerre ou la vraie révolution. "Dans les inquiétudes de ses dernières années, Valois est même un quasi-visionnaire qui perçoit l’évolution du monde sur le moyen terme, en 1942, il prédit le soulèvement général des peuples asiatiques contre le système colonial et le «déferlement du communisme asiatique» sur l’Europe et son Empire, et il voit derrière tout cela le travail de «Staline qui n’a pas cessé un seul instant de travailler à créer en Europe, les conditions d’une bolchevisation générale qui donneraient au Kremlin la maîtrise de l’Europe et de l’Asie» " - Georges Valois. Le fascisme (Le devoir de mémoire) (French Edition) (pp. 14-15). Ars Magna Editions.
1914 - La monarchie et la classe ouvrière.
I. LA RÉVOLUTION SOCIALE OU LE ROI.
II. LES RÉSULTATS D' UNE ENQUÊTE.
MM. GEORGES SOREL, ROBERT LOUZON, GEORGES DEHERME, JEAN GRAVE, E. DENIAU-MORAT, A. MOREL, I. BONIN, MICHEL DARGUENAT, PAUL ADER, RAOUL LENOIR, EMILE JANVION, EMILE GUILLAUMIN, GEORGES GUY-GRAND,
NOUVELLE ÉDITION AUGMENTÉE D' UNE PRÉFACE - LES ENSEIGNEMENTS DE CINQ ANS, LIBRAIRIE NATIONALE.
Neste inquérito, foram submetidas à apreciação as seguintes 5 Teses contrárias às republicas parlamentares (partidocráticas):
(1) são regimes essencialmente hostis às classes trabalhadoras;
(2) desviam as classes trabalhadoras da resolução dos seus problemas;
(3) as classes trabalhadoras submetem-se ao poder dominante da plutocracia;
(4) o socialismo desconhece a história e a natureza humana;
(5) a monarquia anti-parlamentar e descentralizada é o regime que melhor garante a defesa dos interesses dos trabalhadores.
I. LA RÉVOLUTION SOCIALE OU LE ROI.
II. LES RÉSULTATS D' UNE ENQUÊTE.
MM. GEORGES SOREL, ROBERT LOUZON, GEORGES DEHERME, JEAN GRAVE, E. DENIAU-MORAT, A. MOREL, I. BONIN, MICHEL DARGUENAT, PAUL ADER, RAOUL LENOIR, EMILE JANVION, EMILE GUILLAUMIN, GEORGES GUY-GRAND,
NOUVELLE ÉDITION AUGMENTÉE D' UNE PRÉFACE - LES ENSEIGNEMENTS DE CINQ ANS, LIBRAIRIE NATIONALE.
Neste inquérito, foram submetidas à apreciação as seguintes 5 Teses contrárias às republicas parlamentares (partidocráticas):
(1) são regimes essencialmente hostis às classes trabalhadoras;
(2) desviam as classes trabalhadoras da resolução dos seus problemas;
(3) as classes trabalhadoras submetem-se ao poder dominante da plutocracia;
(4) o socialismo desconhece a história e a natureza humana;
(5) a monarquia anti-parlamentar e descentralizada é o regime que melhor garante a defesa dos interesses dos trabalhadores.
LEÃO RAMOS ASCENÇÃO E GEORGE VALOIS
1926-03 - Leão Ramos Ascensão, "As bases da economia nova", Ordem Nova, nº 1, Março de 1926, p. 26-30 - "Quereis refazer um Estado, restaurar uma Nação? Fazei apelo aos poderes do Espírito." (Georges Valois, L'Économie nouvelle, 1919). Leão Ramos Ascensão começa por escrever que Valois, na Économie nouvelle, lançou as bases do regime económico que deveria suceder à destroçada economia liberal, mas acrescenta: "É o Valois, é o Valois sem fesso, que não decapitava a sua doutrina porque não esquecia a necessidade do Rei." - o que Leão Ramos Ascensão estava em condições de conhecer em Março de 1926.
Valois aderiu à Action française em 1906, percepcionando nesse movimento "um exército revolucionário contra o capitalismo". Substituir o capitalismo e o parlamentarismo foi o seu programa de sempre. Perante o que lhe parecia ser uma alternativa entre a ditadura e a monarquia, Valois começou por escolher a monarquia da Action française - é essa também a perspectiva que Leão Ramos Ascensão retoma e defende neste artigo.
Em 1911, no seio da Action française, Valois participou na criação do grupo de reflexão "Cercle Proudhon", cujo propósito era o de converter os sindicalistas ao ideário monárquico. No ano seguinte, assumiu a direcção da editora Nouvelle Librairie Nationale. Em 1914, foi mobilizado para a Guerra, vindo a ficar gravemente ferido na batalha de Verdun, em Outubro de 1916.
A obra L'Économie nouvelle, foi escrita no final da guerra e publicada em 1919, surgindo no ano seguinte uma segunda edição e obtendo o prémio Fabien da Academia francesa. Em 1923, Valois iniciou a publicação de Les Cahiers des États généraux mas, em Fevereiro de 1925, lançou o jornal Le Nouveau Siècle - "journal de la fraternité nationale", em crescente afastamento da Action française. A ruptura consumou-se em Outubro de 1925, cinco meses antes deste artigo de Ramos Ascensão ser publicado. Como referido, Ascensão inspirou-se naquela obra, mas não sem ter acrescentado: "É o Valois, é o Valois sem fesso, que não decapitava a sua doutrina porque não esquecia a necessidade do Rei." Ascensão referia-se ao divórcio litigioso de Valois com a Action française, que levou à criação dos Faisceau, em Novembro.
Entre Dezembro de 1925 e Abril de 1926, 1.800 membros da Action française demitiram-se para aderir ao Faisceau. Ao referir-se ao "Valois sem fesso", Ascensão está a fazer-se eco da acusação que Charles Maurras lançou sobre George Valois e os Faisceau: o de que fora criado com dinheiro vindo da Itália e imitando o fascismo. Em Março de 1926, Ascensão revela conhecer a versão maurrasiana dos acontecimentos. Nessa altura, Valois tinha efectivamente abandonado o programa monárquico, para vir depois a criar, em 1928, o Parti républicain syndicaliste ( PRS).
Nesse ano, Valois dir-se-á vítima de uma campanha de calúnias e da exploração do medo do sindicalismo operário (George Valois, L’Homme contre l’argent. Souvenirs de dix ans 1918-1928, Paris, ed. de 2012, pp. 221-280). Em Portugal, viviam-se as vésperas do 28 de Maio de 1926.
Em 1938, o rápido triunfo dos fascismos em Itália e Alemanha, em contraste como o seu malogro em França, era um motivo de reflexão de Ascensão em carta para Alfredo Pimenta.
Nota: "fesso", em italiano, significa "idiota" e os "fessistes" seriam os membros do Faisceau criado por Georges Valois.
1926-03 - Leão Ramos Ascensão, "As bases da economia nova", Ordem Nova, nº 1, Março de 1926, p. 26-30 - "Quereis refazer um Estado, restaurar uma Nação? Fazei apelo aos poderes do Espírito." (Georges Valois, L'Économie nouvelle, 1919). Leão Ramos Ascensão começa por escrever que Valois, na Économie nouvelle, lançou as bases do regime económico que deveria suceder à destroçada economia liberal, mas acrescenta: "É o Valois, é o Valois sem fesso, que não decapitava a sua doutrina porque não esquecia a necessidade do Rei." - o que Leão Ramos Ascensão estava em condições de conhecer em Março de 1926.
Valois aderiu à Action française em 1906, percepcionando nesse movimento "um exército revolucionário contra o capitalismo". Substituir o capitalismo e o parlamentarismo foi o seu programa de sempre. Perante o que lhe parecia ser uma alternativa entre a ditadura e a monarquia, Valois começou por escolher a monarquia da Action française - é essa também a perspectiva que Leão Ramos Ascensão retoma e defende neste artigo.
Em 1911, no seio da Action française, Valois participou na criação do grupo de reflexão "Cercle Proudhon", cujo propósito era o de converter os sindicalistas ao ideário monárquico. No ano seguinte, assumiu a direcção da editora Nouvelle Librairie Nationale. Em 1914, foi mobilizado para a Guerra, vindo a ficar gravemente ferido na batalha de Verdun, em Outubro de 1916.
A obra L'Économie nouvelle, foi escrita no final da guerra e publicada em 1919, surgindo no ano seguinte uma segunda edição e obtendo o prémio Fabien da Academia francesa. Em 1923, Valois iniciou a publicação de Les Cahiers des États généraux mas, em Fevereiro de 1925, lançou o jornal Le Nouveau Siècle - "journal de la fraternité nationale", em crescente afastamento da Action française. A ruptura consumou-se em Outubro de 1925, cinco meses antes deste artigo de Ramos Ascensão ser publicado. Como referido, Ascensão inspirou-se naquela obra, mas não sem ter acrescentado: "É o Valois, é o Valois sem fesso, que não decapitava a sua doutrina porque não esquecia a necessidade do Rei." Ascensão referia-se ao divórcio litigioso de Valois com a Action française, que levou à criação dos Faisceau, em Novembro.
Entre Dezembro de 1925 e Abril de 1926, 1.800 membros da Action française demitiram-se para aderir ao Faisceau. Ao referir-se ao "Valois sem fesso", Ascensão está a fazer-se eco da acusação que Charles Maurras lançou sobre George Valois e os Faisceau: o de que fora criado com dinheiro vindo da Itália e imitando o fascismo. Em Março de 1926, Ascensão revela conhecer a versão maurrasiana dos acontecimentos. Nessa altura, Valois tinha efectivamente abandonado o programa monárquico, para vir depois a criar, em 1928, o Parti républicain syndicaliste ( PRS).
Nesse ano, Valois dir-se-á vítima de uma campanha de calúnias e da exploração do medo do sindicalismo operário (George Valois, L’Homme contre l’argent. Souvenirs de dix ans 1918-1928, Paris, ed. de 2012, pp. 221-280). Em Portugal, viviam-se as vésperas do 28 de Maio de 1926.
Em 1938, o rápido triunfo dos fascismos em Itália e Alemanha, em contraste como o seu malogro em França, era um motivo de reflexão de Ascensão em carta para Alfredo Pimenta.
Nota: "fesso", em italiano, significa "idiota" e os "fessistes" seriam os membros do Faisceau criado por Georges Valois.