Filósofo católico francês. Criado numa família Protestante, foi agnóstico antes de se converter ao catolicismo em 1906. Autor de uma vasta bibliografia - com mais de 60 livros - participou no movimento neotomista do século XX, vindo a ter influência na Declaração Universal dos Direitos Humanos e no pensamento do papa Paulo VI, seu amigo e mentor.
No centenário do seu nascimento, Henrique Barrilaro Ruas lembrou-o em discurso na Assembleia da República: "Foi Maritain um dos raríssimos leigos a participar nos trabalhos do Concílio Vaticano II (por escolha pessoal do papa Paulo VI), sabe-se que o mesmo Pontífice chegou a pensar fazê-lo cardeal, o que teria constituído caso único nos anais da Igreja dos últimos séculos." [1982 - Henrique Barrilaro Ruas, Jacques Maritain, no centenário do seu nascimento.] Na Carta Encíclica Populorum progressio: sobre o desenvolvimento dos povos (26 de Março de 1967), Paulo VI referiu-o ao defender a necessidade de se promover um humanismo integral, aberto aos valores do espírito e a Deus:
"É necessário promover um humanismo total. [44 - J. Maritain, L'humanisme intégral, Paris, Aubier, 1936] - Que vem ele a ser senão o desenvolvimento integral do homem todo e de todos os homens? Poderia aparentemente triunfar um humanismo limitado, fechado aos valores do espírito e a Deus, fonte do verdadeiro humanismo. O homem pode organizar a terra sem Deus, mas "sem Deus só a pode organizar contra o homem. Humanismo exclusivo é humanismo desumano". [45 - H. de Lubac S. J., Le Brame de l'humanisme athée, 3ª ed., Paris, Spes, 1945, p.10]. Não há, portanto, verdadeiro humanismo, senão o aberto ao Absoluto, reconhecendo uma vocação que exprime a idéia exata do que é a vida humana. O homem, longe de ser a norma última dos valores, só se pode realizar a si mesmo, ultrapassando-se. Segundo a frase, tão exata de Pascal: "O homem ultrapassa infinitamente o homem". [46 - Pensées, ed. Brunschviecg, n. 434. Cf. M. Zundeil, L'homme passe l'homme, Le Caire, Editions du Lien,1944. "]
O interesse e os trabalhos de Maritain abrangeram a metafísica, a filosofia, a estética, a teoria política, a educação, a liturgia e a eclesiologia.
António Sardinha, 1887-1925, citou-o amiúde e teve como referência o seu livro Antimoderne (Paris, 1922). Discípulos de gerações posteriores do Integralismo - como Henrique Barrilaro Ruas e Afonso Botelho, por exemplo - aplaudiram e sublinharam os fundamentos da filosofia política de São Tomás de Aquino, bem como o seu posterior afastamento da Action française, acolhendo bem, tanto o Antimoderne (1922) como o Primauté du spirituel (1927), não seguindo, no entanto, inteiramente, a posterior evolução do pensamento político de Jacques Maritain. Afonso Botelho, por exemplo, distanciou-se da obra Christianisme et Démocratie (1942) em "Integrar e Renascer" (1987).
No centenário do seu nascimento, Henrique Barrilaro Ruas lembrou-o em discurso na Assembleia da República: "Foi Maritain um dos raríssimos leigos a participar nos trabalhos do Concílio Vaticano II (por escolha pessoal do papa Paulo VI), sabe-se que o mesmo Pontífice chegou a pensar fazê-lo cardeal, o que teria constituído caso único nos anais da Igreja dos últimos séculos." [1982 - Henrique Barrilaro Ruas, Jacques Maritain, no centenário do seu nascimento.] Na Carta Encíclica Populorum progressio: sobre o desenvolvimento dos povos (26 de Março de 1967), Paulo VI referiu-o ao defender a necessidade de se promover um humanismo integral, aberto aos valores do espírito e a Deus:
"É necessário promover um humanismo total. [44 - J. Maritain, L'humanisme intégral, Paris, Aubier, 1936] - Que vem ele a ser senão o desenvolvimento integral do homem todo e de todos os homens? Poderia aparentemente triunfar um humanismo limitado, fechado aos valores do espírito e a Deus, fonte do verdadeiro humanismo. O homem pode organizar a terra sem Deus, mas "sem Deus só a pode organizar contra o homem. Humanismo exclusivo é humanismo desumano". [45 - H. de Lubac S. J., Le Brame de l'humanisme athée, 3ª ed., Paris, Spes, 1945, p.10]. Não há, portanto, verdadeiro humanismo, senão o aberto ao Absoluto, reconhecendo uma vocação que exprime a idéia exata do que é a vida humana. O homem, longe de ser a norma última dos valores, só se pode realizar a si mesmo, ultrapassando-se. Segundo a frase, tão exata de Pascal: "O homem ultrapassa infinitamente o homem". [46 - Pensées, ed. Brunschviecg, n. 434. Cf. M. Zundeil, L'homme passe l'homme, Le Caire, Editions du Lien,1944. "]
O interesse e os trabalhos de Maritain abrangeram a metafísica, a filosofia, a estética, a teoria política, a educação, a liturgia e a eclesiologia.
António Sardinha, 1887-1925, citou-o amiúde e teve como referência o seu livro Antimoderne (Paris, 1922). Discípulos de gerações posteriores do Integralismo - como Henrique Barrilaro Ruas e Afonso Botelho, por exemplo - aplaudiram e sublinharam os fundamentos da filosofia política de São Tomás de Aquino, bem como o seu posterior afastamento da Action française, acolhendo bem, tanto o Antimoderne (1922) como o Primauté du spirituel (1927), não seguindo, no entanto, inteiramente, a posterior evolução do pensamento político de Jacques Maritain. Afonso Botelho, por exemplo, distanciou-se da obra Christianisme et Démocratie (1942) em "Integrar e Renascer" (1987).
- 1914 - La philosophie bergsonienne, 1914 (1948)
- 1920 - Eléments de philosophie, 2 volumes, Paris 1920/23
- 1920 - Art et scolastique, 1920
- 1921 - Théonas ou les entretiens d’un sage et de deux philosophes sur diverses matières inégalement actuelles, Paris, Nouvelle librairie nationale, 1921
- 1922 - Antimoderne, Paris, Édition de la Revue des Jeunes.
- 1924 - Réflexions sur l’intelligence et sur sa vie propre, Paris, Nouvelle librairie nationale, 1924
- 1925 - Trois réformateurs : Luther, Descartes, Rousseau, avec six portraits, Paris [Plon], 1925.
- 1926 - Réponse à Jean Cocteau, 1926
- 1926 - Une opinion sur Charles Maurras et le devoir des catholiques, Paris [Plon], 1926
- 1927 - Primauté du spirituel.
- Pourquoi Rome a parlé (coll.), Paris, Spes, 1927
- Quelques pages sur Léon Bloy, Paris 1927
- Clairvoyance de Rome (coll.), Paris, Spes, 1929
- Le docteur angélique, Paris, Paul Hartmann, 1929
- Religion et culture, Paris, Desclée de Brouwer, 1930 (1946)
- Le thomisme et la civilisation, 1932
- Distinguer pour unir ou Les degrés du savoir, Paris 1932
- Le songe de Descartes, Suivi de quelques essais, Paris 1932
- De la philosophie chrétienne, Paris, Desclée de Brouwer, 1933
- Du régime temporel et de la liberté, Paris, DDB, 1933
- Sept leçons sur l'être et les premiers principes de la raison spéculative, Paris 1934
- Frontières de la poésie et autres essais, Paris 1935
- La philosophie de la nature, Essai critique sur ses frontières et son objet, Paris 1935 (1948)
- Lettre sur l’indépendance, Paris, Desclée de Brouwer, 1935.
- Science et sagesse, Paris 1935
- Humanisme intégral. Problèmes temporels et spirituels d'une nouvelle chrétienté; zunächst spanisch 1935), Paris (Fernand Aubier), 1936 (1947)
- Les Juifs parmi les nations, Paris, Cerf, 1938
- Situation de la Poesie, 1938
- Questions de conscience : essais et allocutions, Paris, Desclée de Brouwer, 1938
- La personne humaine et la societé, Paris 1939
- Le crépuscule de la civilisation, Paris, Éd. Les Nouvelles Lettres, 1939
- Quattre essais sur l'ésprit dans sa condition charnelle, Paris 1939 (1956)
- De la justice politique, Notes sur le présente guerre, Paris 1940
- A travers le désastre, New York 1941 (1946)
- Conféssion de foi, New York 1941
- La pensée de St.Paul, New York 1941 (Paris 1947)
- Les Droits de l'Homme et la Loi naturelle, New York 1942 (Paris 1947)
- Christianisme et démocratie, New York 1943 (Paris 1945)
- Principes d'une politique humaniste, New York 1944 (Paris 1945);
- De Bergson à Thomas d'Aquin, Essais de Métaphysique et de Morale, New York 1944 (Paris 1947)
- A travers la victoire, Paris 1945;
- Pour la justice, Articles et discours 1940–1945, New York 1945;
- Le sort de l'homme, Neuchâtel 1945;
- Court traité de l'existence et de l'existant, Paris 1947;
- La personne et le bien commun, Paris 1947;
- Raison et raisons, Essais détachés, Paris 1948
- La signification de l'athéisme contemporain, Paris 1949
- Neuf leçons sur les notions premières de la philosophie morale, Paris 1951
- Approaches de Dieu, Paris 1953.
- L'Homme et l'Etat (engl.: Man and State, 1951) Paris, PUF, 1953
- Pour une philosophie de l'éducation, Paris 1959
- Le philosophe dans la Cité, Paris 1960
- La philosophie morale, Vol. I: Examen historique et critique des grands systèmes, Paris 1960
- Dieu et la permission du mal, 1963
- Carnet de notes, Paris, DDB, 1965
- L'intuition créatrice dans l'art et dans la poésie, Paris, Desclée de Brouwer, 1966 (engl. 1953)
- Le paysan de la Garonne. Un vieux laïc s’interroge à propos du temps présent, Paris, DDB, 1966
- De la grâce et de l'humanité de Jésus, 1967
- De l'Église du Christ. La personne de l'église et son personnel, Paris 1970
- Approaches sans entraves, posthum 1973
- La loi naturelle ou loi non écrite, texte inédit, établi par Georges Brazzola. Fribourg, Suisse: Éditions universitaires, 1986. [Lectures on Natural Law. Tr. William Sweet. In The Collected Works of Jacques Maritain, Vol. VI, Notre Dame, IN: University of Notre Dame Press, (forthcoming)]
- Oeuvres complètes de Jacques et Raïssa Maritain, 16 Bde., 1982–1999