"A Tragédia" e "Mimi Aguglia"
Hipólito Raposo, 1885-1953 - "A tragédia", Pátria Nova - Semanário Monárquico Académico, Coimbra, nº 34, 20 de Janeiro de 1910, p. 1; idem,"Mimi Aguglia", ...p. 2
Para se consolarem dos males da vida, criaram os gregos o Olimpo e para o merecer se fizeram belos, como os cristãos se fizeram santos.
Quando a Terra lutava com o Homem, expelindo-o de si, ele resignava-se à espera de melhor destino; desciam os deuses a perseguir os mortais — propiciavam-lhes a cólera com expiações cruéis.
E na eterna aspiração à harmonia procuraram as religiões o equilíbrio da Vida: Apolo e Francisco de Assis.
A expressão do período confuso de homens e deuses, encontrou-a o Helenismo na Tragédia. As convulsões da Terra dominaram-se, os deuses partiram para o desterro e a Tragédia deixou de ser heróica para ser humana.
Para a interpretar nasceu Mimi Aguglia — uma ressurreição esquiliana, erguida como um símbolo de dor a quem o génio deu o poder milagroso de comover o mundo inteiro: no segundo acto da Malia, eu vi chorar a alma endurecida de um porteiro do teatro.
Hipólito Raposo
Quando a Terra lutava com o Homem, expelindo-o de si, ele resignava-se à espera de melhor destino; desciam os deuses a perseguir os mortais — propiciavam-lhes a cólera com expiações cruéis.
E na eterna aspiração à harmonia procuraram as religiões o equilíbrio da Vida: Apolo e Francisco de Assis.
A expressão do período confuso de homens e deuses, encontrou-a o Helenismo na Tragédia. As convulsões da Terra dominaram-se, os deuses partiram para o desterro e a Tragédia deixou de ser heróica para ser humana.
Para a interpretar nasceu Mimi Aguglia — uma ressurreição esquiliana, erguida como um símbolo de dor a quem o génio deu o poder milagroso de comover o mundo inteiro: no segundo acto da Malia, eu vi chorar a alma endurecida de um porteiro do teatro.
Hipólito Raposo