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A nova Rússia

António Sardinha
Análise das consequências da Revolução Russa que substituiu o regime dos czares por um regime parlamentar inspirado nos princípios da Revolução Francesa. A partir de uma visão tradicionalista, argumenta que a mudança não trará benefícios nem para os Aliados nem para a Rússia. Acredita que será perdida a unidade do país, antes garantida pelo poder central, levando à fragmentação do território. Cita Marcelo Sembat ao afirmar que as democracias - regimes de partidos - tendem a trocar conflitos externos por disputas internas de partidos, o que em tempo de guerra pode enfraquecer a Rússia. Sardinha prevê que o novo regime enfrentará graves crises, como greves, conflitos agrários e instabilidade política, tornando o país vulnerável e militarmente menos eficiente. A Rússia poderá mesmo correr o risco de retornar a um sistema de autonomias provinciais, como antes dos Romanoff, o que só beneficiaria o seu vizinho. Salienta o carácter sonhador e niilista do povo russo que, em momentos de crise, pode ser facilmente levado por ideias dissolventes. A experiência russa confirma a visão tradicionalista de que a liberdade teórica dos princípios revolucionários pode ser um agente de ruína nacional. A fragmentação da Rússia interessa ao seu adversário. 




​A nova Rússia

Se alguém pode tirar conclusões seguras do movimento revolucionário que lançou a Rússia para os acasos de uma democracia ainda duvidosa, somos nós outros, os tradicionalistas.
Tão confusas que se nos apresentem por enquanto as notícias vindas de Petrogrado, uma certeza se possui já – e é que a forma autocrática do governo russo foi suplantada por um regime parlamentar, com base nos princípios saídos da Revolução Francesa. Não me parece a mim que o interesse dos Aliados haja de ganhar muito com isso. Muito menos ganhará a Rússia que, na sua mole imensa, perdida na unidade do poder a única força centrípeta que a mantinha cerrada e intacta, caminhará rapidamente para uma fragmentação inevitável e talvez que bem próxima.
Marcelo Sembat – o insuspeitíssimo Marcelo Sembat, que por si mesmo, como ministro, se encarregou de demonstrar à França a verdade do seu livro Faites un roi sinon faites la paix – escreveu de uma vez algures que «as democracias tendem a substituir as lutas externas de expansão pelas lutas internas de partido». A índole profundamente passiva dos sistemas apoiados no critério exclusivo da opinião pública, Marcelo Sembat a fixou como ninguém naquela meia-dúzia de palavras! De facto, prova-o bem a crise orgânica que na sua defesa militar os países aliados têm atravessado desde o começo da guerra em conflito permanente com as maiorias parlamentares, sempre ciosas dos seus direitos de tudo discutir e de tudo fiscalizar. Não se enganava o príncipe de Bismarck quando, em seguida a 1871, se opunha tenazmente à restauração da Monarquia em França, facilitando a Gambetta o triunfo definitivo da sua política. E não será motivo de espanto para nós se um dia se vier a descobrir que os agentes de Berlim trabalharam com afinco na organização do movimento revolucionário que tão grande estremeção acaba de dar a essa Rússia impenetrável, onde se fora acolher o último reflexo do cesarismo hierático de Bizâncio.

Eu acredito piamente nos sentimentos aliadófilos da Duma e da situação política criada pela sua vitória. Acredito neles e nem de longe os discuto. Agora o que eu vejo é que, a braços com uma modificação violenta na estrutura histórica do velho império, qualquer que venha a ser a forma de governo que escolheu, a Rússia há-de experimentar – e experimentar com estrondosos desastres – as consequências fatais de todo o governo fundamentalmente democrático, tais como Marcelo Sembat as definiu. As lutas de partido vão surgir. Vão surgir com facilidades já anunciadas e reconhecidas no direito à greve, pertinazes e violentas guerras privadas num país em que a questão agrária se agravará cada vez mais, dada por um lado a natureza, ainda feudal, da propriedade e por outro o sopro de revolta que não tarda a fazer-se sentir na população adormecida dos campos. Isto, com as ambições de mando e os desejos ardentes de reformismos (insensatos) que enfraquecerão sem dúvida, pela instabilidade governativa, a ação dos comandos nas linhas de batalha, tanto mais que o reconhecimento do direito à greve envolve parece que o direito à greve militar.

A Rússia conhece agora o seu 89. Não riam, senhores democratas! Numa época em que a Contra-Revolução contragravou com inteiro positivismo os seus enunciados de filosofia política, a lição a tirar dos acontecimentos da Rússia só nós a utilizaremos nos seus resultados. Mais uma vez se verá então que a liberdade teórica dos Imortais Princípios é um agente de ruína onde quer que ela se instale.

Na Rússia, mais do que em França há um século, talvez que um grande drama lhe prepare bem cedo o costumado cortejo de horrores. Alguma coisa de Constantinopla se guarda no íntimo da impassibilidade teocrática da Rússia. O iluminismo sereno, mas entranhado, do eslavo encontra hoje uma nova razão de existência mística. Lembremo-nos de que a Rússia é a terra natal de todos os desvarios niilistas. Até nos seus escritores mais representativos passa uma sede abstrusa de coisas vagas e inconcebidas que marcam bem a mentalidade de um povo primitivo e sonhador. É do povo primitivo e sonhador que eu me receio nesta hora em que uma ideia dissolvente lhe atravessa o cérebro...

O que é seguro é que desde que o soldado se tornou cidadão eu não vejo mais possibilidade de uma extensa e intensa actividade militar. Problemas aparecem mais imediatos e mais instantes – problemas de ordem económica interna que empurrarão a Rússia para o pandemónio de uma desagregação irreparável. Antes dos Romanoff, a Rússia praticava, no seu particularismo social, instituições mais republicanas que autocráticas. Regressa a Rússia a esse estádio de transição? Verificar-se-á assim que a democracia é uma forma inferior da vida coletiva, só natural nos povos em formação ou nas nacionalidades em decrepitude. No aluimento da autoridade central, desmantela-se todo aquele enorme corpo, dando lugar, quem sabe?, a pequenas autonomias provinciais, com cujo funcionamento só o vizinho aproveitará...

Não riam, senhores democratas! Confirmadas pelos factos as regras da nossa doutrina, os nossos olhos vão verificar a verdade delas com uma experiência a mais e uma ilusão a menos. E não resta dúvida a ninguém de que, se há iluminações festivas pelo acontecimento, essas iluminações só de Berlim poderão partir!

​
Na feira dos mitos, 1926
​​...nós não levantaríamos nem o dedo mínimo, se salvar Portugal fosse salvar o conúbio apertado de plutocratas e arrivistas em que para nós se resumem, à luz da perfeita justiça, as "esquerdas" e as "direitas"!

​​- António Sardinha (1887-1925) - 
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