EU, PECADOR, ME CONFESSO...
António Sardinha
Eis algumas linhas de prefácio, a título de esclarecimento. Gostaria de condensar-me naquela maneira arrepanhada e enérgica com que Paul Bourget costuma preludiar os seus volumes de «esparsos». O intento do grande mestre da Contra-Revolução intelectual consiste inalteravelmente em nos demonstrar que, através das sugestões múltiplas da vida, nunca deixou de encontrar tema para robustecer a unidade do seu espírito na unidade sóbria dos dois princípios que lho fortificam e iluminam.
Esses princípios, já indicados por Balzac no pórtico de La Comédie Humaine, são o Catolicismo e a Realeza. Filho de uma época nefasta que rompeu, tanto nos factos como nas almas, o elo das verdades tradicionais, aos mesmos princípios me acolhi, também, quando procurei para as angústias do meu pensamento uma decisão definitiva e tranquilizadora. Venho duma longa geração de lavradores, que, pelo exercício da espada e do arado, conseguiram atingir as honras da pequena nobreza provinciana. Subiram, portanto, dentro da regra - ou sulcando de regos geométricos a herdade patrimonial, ou assentando-se, em vereação, graves e singelos, à roda da mesa antiga do Concelho. Sempre que perscruto as minhas raízes ancestrais, não me respondem outras vozes. Apenas um se destacou da série familiar, para correr as cavalhadas sentimentais do Romantismo.
Andou na Guerra Peninsular, foi talvez das lojas maçónicas, e, depois de aprender cirurgia com frades de S. João de Deus, meteu-se, debaixo da repulsão dos parentes, por campanhas duras, à vida duríssima dos hospitais de sangue. Tão perto de mim, nas transmissões mais directas da minha linhagem, creio bem que dele herdaria o estigma inquieto, que me levou ainda a provar o veneno saboroso da Negação. Mas, sem dúvida, a ele pertence o golpe atirado ao coração de uma ideia ou dum acontecimento que, sem fazer da minha forma intelectual um exercício de análise permanente, a caracteriza, no entanto, para a crítica, como trabalhada por um único desejo, - o de compreender e de relacionar.
Ao acordar assim para as batalhas largas do tradicionalismo português, se as forças misteriosas da hereditariedade, na lenta procissão dos meus avós rurais, me abriram as portas amplas da Religião e da Monarquia, ao romântico desordenado, que não se vexou de trocar a banda de seda das Ordenanças concelhias pelo bisturi inglório de cirurgião militar, eu posso e devo agradecer o senso do diagnóstico», que parece latejar nos comentários soltos que passaremos a ler.
“Qu'est ce donc que l'art? qu'est-ce que la beauté dans cette action brutale qu'est une opération?...” - interroga o notável operador francês Dr. Jean-Louis Faure no seu não menos notável opúsculo L'âme du chirurgien. "C'est la sobriété, c'est la précision dans le geste, c'est l'ordre dans le mouvement, c'est la puissance dans la continuité de l'action..." É a sobriedade, é a precisão no gesto, é a ordem no movimento o que a mim me encanta no escritor, que sendo um dissecador de tipos, participa como tal da lição em que o quadro célebre de Rembrandt se ilumina para a posteridade.
Apresentando com carinho o opúsculo do Dr. J.-L. Faure, como filho de cirurgião, Paul Bourget assinala jubilosamente a perfeita identidade que existe entre uma operação cirúrgica definida, porque é a ordem "no movimento", e a definição que do estilo nos legou, com os seus punhos de renda, o senhor de Buffon. "Le style n'est que l'ordre et le mouvement que l'on met dans ses pensées", - recorda Bourget, para logo acrescentar que "Flaubert, filho e irmão de médicos, amaria esse acordo de linguagem entre um mestre na arte de escrever e um mestre na arte de operar". E Bourget não se contém, sem concluir: "Tant il vrai qu'à travers la diversité des objets l'unité de l'intelligence demeure constante attestant ainsi, même à l'occasion des activités les plus spécialisées, semble-t-il, l'unité intime de l'Univers, l'unité de l'énergie sous toutes ses formes, qui fait, rencontre plus remarquable encore, le premier article du Credo: Credo in unum Deum".
* * *
Ora porque, depois de Deus, foram decerto os meus Mortos que me lançaram na alma a semente inextinguível da Esperança, eu não os quero olvidar, à face do presente volume, onde recolho, melhor ou pior forjadas, segundo as necessidades do combate, as minhas primeiras páginas de voluntário da Reacção. Ao confessar-me coram populi voluntário da Reacção, proclamo, dentro daquele justo desvanecimento que até a Religião abençoa como estímulo humano necessário, o mais belo título da minha inteligência de estudioso e da minha sensibilidade de comunicativo. Graças aos que me precederam na sucessão intérmina da existência, não nasci nem para descrer, nem para duvidar. Palpita dentro de mim um intento modesto, mas sólido, de construir, que mesmo quando contempla o espectáculo melancólico de quaisquer ruínas, encontra sempre nelas motivos vitoriosos de afirmação e de confiança. Não me será talvez dado a mim, nem aos que comigo mais de cerca rezam e aguardam, levantar o grande edifício que já avistamos, erguido, com os olhos serenos da convicção para além da orla sangrenta em que tudo parece acabar nesta expectativa trágica de Apocalipse. Mas é com amor, é com enlevada dedicação, sem desânimo, nem arrependimento, que vamos preparando as pedras uma a uma, sem nos importarmos se a casa a refazer-se nos abrigará ainda, ou se mal veremos ressurgir, sobre a face dolorosa da Terra, o desenho perdido dos antigos alicerces.
Escrevo numa tarde doirada de outono, - tarde translúcida de Advento. E precisamente, no azul profundo e acariciador, estampa-se a linha nobre de um aqueduto, como resumindo toda a paisagem que me vai à roda. Pois nesse aqueduto dir-se-ia que se simboliza o meu esforço, - o esforço de quantos padecem a emigração na sua própria pátria para que amanhã, cedo ou tarde, o Portugal-Maior seja possível. Como o aqueduto que arranca, através do tempo, a sua caminhada secular para servir um destino que só aos outros aproveitará, assim nós, - os de agora, ao nascer, nascemos para reatar, por sobre as nossas desilusões e os nossos sacrifícios, os anéis tradicionais criminosamente quebrados no breve instante de uma só geração. E no delírio devastador em que nem a beleza do coração se salva, o nosso triunfo já não é pequeno, se considerarmos que somos os obreiros mandados por Deus ao trabalho anónimo, mas salutar, de não se permitir que morra na consciência da Raça a psique olvidada - pobre Silvaninha do rimance ! - que tirita lá dentro.
"Un principe triomphe, - dizia de uma vez Berryer, - quand on l'applique et qu'il produit le bien ; il triomphe quand on applique le principe contraire et que ce principe produit le mal". Eis o que soberanamente se confirma ao repassar as páginas do livro presente.
Contemporâneas as primeiras do período mais agudo da Guerra, redigiram-se as últimas já no isolamento moral do exilio. Liga-as entre si o traço cronológico de pouco mais de dois anos. Mas que dois anos esses, cheios de drama, de experiências angustiosas, de rugidos de catástrofe?! Todavia, a serenidade com que me persigno, ao comeeço, em nome da Tradição, é a serenidade com que me persigno, ao final, ouvindo expirar, nos relógios de Badajoz, sem lareira, quase às portas de casa, a data terrível de 1919. Por isso, eu cometeria a mais vil das deserções se um momento só me considerasse um vencido!
A minha vitória a nossa vitória, é evidente nos domínios augustos do Espírito. Não é já um prémio alto de Deus ter razão numa babel confusa em que ninguém mais a tem? Levanto as mãos ao Senhor, - eu que sou feito de barro grosseiro e impuro, por não me haver perdido nas estradas do Egipto.
Antes, tranquilamente as passeei, à hora clara do sol, denunciando a mentira execrável dos seus ídolos.
Riram-se os da festa, dançando e afundando-se como aqueles bailarins do conto macabro. Mas numa quermesse de doidos é humaníssimo que aos loucos pareça loucura o falar alguém com acerto ...
* * *
Seja como for, ao olhar para trás, num exame rápido do caminho andado, só encontro conforto e incentivos para avançar cada vez mais. No total desnorteamento em que eu poderia ser um desnorteado também, volto a agradecer às minhas boas sombras tutelares a aancora que a tempo me salvou da onda crescendo, crescendo sempre.
As virtudes rurais da minha estirpe me resguardaram da anarquia mental a que loogicamente me dispunha o sibaritismo literário que aos meus vinte anos, por toda a parte, se respirava e alardeava. Pouco durou esse parentesis, quem sabe se de inquietação criadora? Hoje, creio e espero. E creio e espero, não só pela herança que me vem do meu sangue, mas em plena autonomia do meu pensamento. Não foi debalde que entre os meus houve alguém que se desgarrou dos velhos quadros famíliares para ir correr seduções imprevistas, na alucinação do vento novo que soprava. Tão perto de mim o sinto que talvez do seu pecado derive a paz de que neste momento me sinto singularmente penetrado. Porque sem o senso do diagnóstico», que a sua aventura depositou na minha hereditariedade bucólica, eu que sou por natureza um contemplativo, é provável que me tivesse transviado, como tantos, na atracção tumultuosa da feira dos Mitos!
Elvas, Quinta do Bispo.
16 de Novembro de 1921
[ negritos acrescentados - Prefácio a António Sardinha (1887-1925) - Na Feira dos Mitos - Ideias e Factos (1ª edição, 1926) ]
Eis algumas linhas de prefácio, a título de esclarecimento. Gostaria de condensar-me naquela maneira arrepanhada e enérgica com que Paul Bourget costuma preludiar os seus volumes de «esparsos». O intento do grande mestre da Contra-Revolução intelectual consiste inalteravelmente em nos demonstrar que, através das sugestões múltiplas da vida, nunca deixou de encontrar tema para robustecer a unidade do seu espírito na unidade sóbria dos dois princípios que lho fortificam e iluminam.
Esses princípios, já indicados por Balzac no pórtico de La Comédie Humaine, são o Catolicismo e a Realeza. Filho de uma época nefasta que rompeu, tanto nos factos como nas almas, o elo das verdades tradicionais, aos mesmos princípios me acolhi, também, quando procurei para as angústias do meu pensamento uma decisão definitiva e tranquilizadora. Venho duma longa geração de lavradores, que, pelo exercício da espada e do arado, conseguiram atingir as honras da pequena nobreza provinciana. Subiram, portanto, dentro da regra - ou sulcando de regos geométricos a herdade patrimonial, ou assentando-se, em vereação, graves e singelos, à roda da mesa antiga do Concelho. Sempre que perscruto as minhas raízes ancestrais, não me respondem outras vozes. Apenas um se destacou da série familiar, para correr as cavalhadas sentimentais do Romantismo.
Andou na Guerra Peninsular, foi talvez das lojas maçónicas, e, depois de aprender cirurgia com frades de S. João de Deus, meteu-se, debaixo da repulsão dos parentes, por campanhas duras, à vida duríssima dos hospitais de sangue. Tão perto de mim, nas transmissões mais directas da minha linhagem, creio bem que dele herdaria o estigma inquieto, que me levou ainda a provar o veneno saboroso da Negação. Mas, sem dúvida, a ele pertence o golpe atirado ao coração de uma ideia ou dum acontecimento que, sem fazer da minha forma intelectual um exercício de análise permanente, a caracteriza, no entanto, para a crítica, como trabalhada por um único desejo, - o de compreender e de relacionar.
Ao acordar assim para as batalhas largas do tradicionalismo português, se as forças misteriosas da hereditariedade, na lenta procissão dos meus avós rurais, me abriram as portas amplas da Religião e da Monarquia, ao romântico desordenado, que não se vexou de trocar a banda de seda das Ordenanças concelhias pelo bisturi inglório de cirurgião militar, eu posso e devo agradecer o senso do diagnóstico», que parece latejar nos comentários soltos que passaremos a ler.
“Qu'est ce donc que l'art? qu'est-ce que la beauté dans cette action brutale qu'est une opération?...” - interroga o notável operador francês Dr. Jean-Louis Faure no seu não menos notável opúsculo L'âme du chirurgien. "C'est la sobriété, c'est la précision dans le geste, c'est l'ordre dans le mouvement, c'est la puissance dans la continuité de l'action..." É a sobriedade, é a precisão no gesto, é a ordem no movimento o que a mim me encanta no escritor, que sendo um dissecador de tipos, participa como tal da lição em que o quadro célebre de Rembrandt se ilumina para a posteridade.
Apresentando com carinho o opúsculo do Dr. J.-L. Faure, como filho de cirurgião, Paul Bourget assinala jubilosamente a perfeita identidade que existe entre uma operação cirúrgica definida, porque é a ordem "no movimento", e a definição que do estilo nos legou, com os seus punhos de renda, o senhor de Buffon. "Le style n'est que l'ordre et le mouvement que l'on met dans ses pensées", - recorda Bourget, para logo acrescentar que "Flaubert, filho e irmão de médicos, amaria esse acordo de linguagem entre um mestre na arte de escrever e um mestre na arte de operar". E Bourget não se contém, sem concluir: "Tant il vrai qu'à travers la diversité des objets l'unité de l'intelligence demeure constante attestant ainsi, même à l'occasion des activités les plus spécialisées, semble-t-il, l'unité intime de l'Univers, l'unité de l'énergie sous toutes ses formes, qui fait, rencontre plus remarquable encore, le premier article du Credo: Credo in unum Deum".
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Ora porque, depois de Deus, foram decerto os meus Mortos que me lançaram na alma a semente inextinguível da Esperança, eu não os quero olvidar, à face do presente volume, onde recolho, melhor ou pior forjadas, segundo as necessidades do combate, as minhas primeiras páginas de voluntário da Reacção. Ao confessar-me coram populi voluntário da Reacção, proclamo, dentro daquele justo desvanecimento que até a Religião abençoa como estímulo humano necessário, o mais belo título da minha inteligência de estudioso e da minha sensibilidade de comunicativo. Graças aos que me precederam na sucessão intérmina da existência, não nasci nem para descrer, nem para duvidar. Palpita dentro de mim um intento modesto, mas sólido, de construir, que mesmo quando contempla o espectáculo melancólico de quaisquer ruínas, encontra sempre nelas motivos vitoriosos de afirmação e de confiança. Não me será talvez dado a mim, nem aos que comigo mais de cerca rezam e aguardam, levantar o grande edifício que já avistamos, erguido, com os olhos serenos da convicção para além da orla sangrenta em que tudo parece acabar nesta expectativa trágica de Apocalipse. Mas é com amor, é com enlevada dedicação, sem desânimo, nem arrependimento, que vamos preparando as pedras uma a uma, sem nos importarmos se a casa a refazer-se nos abrigará ainda, ou se mal veremos ressurgir, sobre a face dolorosa da Terra, o desenho perdido dos antigos alicerces.
Escrevo numa tarde doirada de outono, - tarde translúcida de Advento. E precisamente, no azul profundo e acariciador, estampa-se a linha nobre de um aqueduto, como resumindo toda a paisagem que me vai à roda. Pois nesse aqueduto dir-se-ia que se simboliza o meu esforço, - o esforço de quantos padecem a emigração na sua própria pátria para que amanhã, cedo ou tarde, o Portugal-Maior seja possível. Como o aqueduto que arranca, através do tempo, a sua caminhada secular para servir um destino que só aos outros aproveitará, assim nós, - os de agora, ao nascer, nascemos para reatar, por sobre as nossas desilusões e os nossos sacrifícios, os anéis tradicionais criminosamente quebrados no breve instante de uma só geração. E no delírio devastador em que nem a beleza do coração se salva, o nosso triunfo já não é pequeno, se considerarmos que somos os obreiros mandados por Deus ao trabalho anónimo, mas salutar, de não se permitir que morra na consciência da Raça a psique olvidada - pobre Silvaninha do rimance ! - que tirita lá dentro.
"Un principe triomphe, - dizia de uma vez Berryer, - quand on l'applique et qu'il produit le bien ; il triomphe quand on applique le principe contraire et que ce principe produit le mal". Eis o que soberanamente se confirma ao repassar as páginas do livro presente.
Contemporâneas as primeiras do período mais agudo da Guerra, redigiram-se as últimas já no isolamento moral do exilio. Liga-as entre si o traço cronológico de pouco mais de dois anos. Mas que dois anos esses, cheios de drama, de experiências angustiosas, de rugidos de catástrofe?! Todavia, a serenidade com que me persigno, ao comeeço, em nome da Tradição, é a serenidade com que me persigno, ao final, ouvindo expirar, nos relógios de Badajoz, sem lareira, quase às portas de casa, a data terrível de 1919. Por isso, eu cometeria a mais vil das deserções se um momento só me considerasse um vencido!
A minha vitória a nossa vitória, é evidente nos domínios augustos do Espírito. Não é já um prémio alto de Deus ter razão numa babel confusa em que ninguém mais a tem? Levanto as mãos ao Senhor, - eu que sou feito de barro grosseiro e impuro, por não me haver perdido nas estradas do Egipto.
Antes, tranquilamente as passeei, à hora clara do sol, denunciando a mentira execrável dos seus ídolos.
Riram-se os da festa, dançando e afundando-se como aqueles bailarins do conto macabro. Mas numa quermesse de doidos é humaníssimo que aos loucos pareça loucura o falar alguém com acerto ...
* * *
Seja como for, ao olhar para trás, num exame rápido do caminho andado, só encontro conforto e incentivos para avançar cada vez mais. No total desnorteamento em que eu poderia ser um desnorteado também, volto a agradecer às minhas boas sombras tutelares a aancora que a tempo me salvou da onda crescendo, crescendo sempre.
As virtudes rurais da minha estirpe me resguardaram da anarquia mental a que loogicamente me dispunha o sibaritismo literário que aos meus vinte anos, por toda a parte, se respirava e alardeava. Pouco durou esse parentesis, quem sabe se de inquietação criadora? Hoje, creio e espero. E creio e espero, não só pela herança que me vem do meu sangue, mas em plena autonomia do meu pensamento. Não foi debalde que entre os meus houve alguém que se desgarrou dos velhos quadros famíliares para ir correr seduções imprevistas, na alucinação do vento novo que soprava. Tão perto de mim o sinto que talvez do seu pecado derive a paz de que neste momento me sinto singularmente penetrado. Porque sem o senso do diagnóstico», que a sua aventura depositou na minha hereditariedade bucólica, eu que sou por natureza um contemplativo, é provável que me tivesse transviado, como tantos, na atracção tumultuosa da feira dos Mitos!
Elvas, Quinta do Bispo.
16 de Novembro de 1921
[ negritos acrescentados - Prefácio a António Sardinha (1887-1925) - Na Feira dos Mitos - Ideias e Factos (1ª edição, 1926) ]