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«Portugal, tierra gensor!»

António Sardinha

I

Na dispersão ideológica da Espanha moderna, Ramiro de Maeztu é, sem dúvida, um dos vários espíritos que procuram através da selva escura das doutrinas encontrar para o seu pensamento inquieto uma conclusão definitiva e salutar. Domina-o uma ânsia nobilíssima de construir, e assim não nos surpreende que a forte tonalidade orgânica do seu temperamento o traga por vezes a soluções que se não são integralistas, são, pelo menos, pré-integralistas. Conheço de há muito, desde que ele apareceu, um livro de Ramiro de Maeztu, La crisis del humanismo. Pois outras não foram as reflexões que a sua leitura me suscitou, depois de lhe passar a última página. Alguém me manda agora as notas mais directas e mais impressionantes da recente conferência de Ramiro de Maeztu sobre Portugal e o nosso lirismo.

Novamente me encontro com o parentesco mental que já anteriormente me surpreendera nas direcções críticas de Ramiro de Maeztu. Motivo para crescida alegria, não me é lícito ocultá-lo, sobretudo desde que na sua conferência, perante um público pasmado de tão sincera humildade de inteligência, Ramiro de Maeztu não hesitou em confessar que a sua viagem a Portugal o deixara tão profundamente perturbado que se a houvesse feito em mais novo teria mudado por completo o rumo da sua vida espiritual.

Sente-se Ramiro de Maeztu sinceramente tocado da confusa agonia para que a falência do naturalismo filosófico do século XVIII atirou o que nos restava da sociedade tradicional. Fora ainda, tanto em religião como em sociologia, dos conceitos em que nós acabámos por nos repousar, tal como no Inveni portum!, da exclamação contente de Jules Lemaître, Ramiro de Maeztu, ao declarar em crise o "humanismo", proclama sem condições a inutilidade de toda a quimera individualista, desde os pórticos doirados da Renascença ao drama sem dignidade em que o actual mundo burguês vai naufragando aos bocados.

Pedindo, pelo contrário, à teologia católica o significado altíssimo do dogma do "pecado original", inspira-se Ramiro de Maeztu numa concepção pessimista dos homens e dos factos para passar em revisão tudo quanto em ideias feitas se recebera do património moral e político das gerações transactas. E assim o escritor, aceitando de Duguit o conceito objectivo do Estado e do publicista inglês A.R. Orage as reivindicações económicas do gremialismo, assume uma atitude intelectual que o coloca, por paradoxal que isso lhe pareça, nas proximidades mais afectuosas do Integralismo.

Mas não é da obra e das intenções de Ramiro de Maeztu em relação aos grandes problemas da hora presente que eu me quero ocupar. Conhecida a sua interessantíssima figura de pensador, o meu desejo é sublinhar com o maior aplauso as afirmações de Maeztu sobre Portugal e o Lirismo. A ideia central de Maeztu na sua aludida conferência incidiu sobre a divisória psíquica que irmana e separa a um tempo as duas nacionalidades hispânicas – Castela e Portugal.

Pertenceu a Portugal, na repartição dos bens familiares, o espírito lírico, ficando Castela com o espírito dramático. Em antecipado acordo com Maeztu, espero demonstrar, nessa ordem de considerações, que o Lirismo, gerando o Sebastianismo como filosofia da alma portuguesa, encontra como filosofia da alma castelhana, ao outro lado da fronteira, o Quixotismo, nascido do alto sentido patético da existência, que é o segredo em Castela das suas catedrais, dos seus pintores e dos seus heróis. (Vid. A Aliança Peninsular, ed. da Livraria Civilização, do Porto.)

De resto, já a tal respeito o malogrado Moniz Barreto se exprimia da seguinte maneira no seu estudo «A literatura portuguesa contemporânea» (Revista de Portugal, 1889): «A nós, peninsulares, a função que coube na História é o Heroísmo e a Fé... A capacidade de afirmar e querer, de obedecer e dedicar-se, uma tendência singularmente nobre, de transformar o mundo à imagem do nosso ideal, uma generosa impaciência de perfeição, o desdém da beleza plástica e das delicadezas aristocráticas, um pensamento simples como um acto, a paixão concentrada e a seriedade trágica, eis outros tantos traços do génio peninsular. Este génio produz uma singular concepção da vida, que se manifesta por uma religião realista e violenta, por uma política absoluta e insensata, pela preponderância do génio da aventura e ausência de capacidade prática; que põe o amor no casamento, o ideal na acção, a beleza no valor moral; que inspira os maiores prodígios de energia no mundo moderno, e faz que a nossa história seja como o lenço da Verónica, a sangrenta efígie da nossa alma. Importado para a Literatura, esse génio produz um lirismo robusto e monótono, um teatro destituído de análise de caracteres, mas animado pelas ideias da honra e da morte, sátiras de um sarcasmo violento, romances em que a acção absorve a análise e que são a pintura da realidade crua e feia, e a maior das modernas epopeias. 

«Mas para produzi-la foi preciso a intervenção do génio português» – continua Moniz Barreto. «Do corpo das populações ibéricas, dominadas e unificadas pelo génio castelhano, destaca-se, pela influência ocidental de circunstâncias históricas, uma estreita faixa da orla marítima. Esta estreita faixa se constitui em nação independente, e durante cem anos exerce um papel culminante
na história moderna. Em sincronismo necessário com esta explosão de vida activa, desabrocha uma breve mas esplêndida floração literária. Se estudarmos os documentos que a constituem e completarmos esse estudo pelo exame das produções que datam da renascença românica, nada acharemos neles que distinga constitucionalmente o nosso génio do das populações ibéricas constituídas numa nação espanhola... Mas um exame mais atento descobrirá certas qualidades secundárias que, dando uma fisionomia peculiar ao nosso espírito, se reflectem na nossa literatura: uma maior capacidade de compreender e assimilar, uma menor energia de afirmação e crença, uma sensibilidade mais delicada e profunda, um carácter menos rigoroso e mais nobre, mais razão e menos vontade, heróis mais humanos, mulheres mais mulheres, alguma coisa de saudoso e vago, de grave e triste, entranhas mais húmidas e o dom das lágrimas.»

​Estes traços manifestam-se na nossa literatura por um lirismo profundo e sentido, expressão de uma alma amorosa e meiga; por um teatro capaz de pintar caracteres e espelhar a vida; por uma, ainda que tardia, floração de romances em que a análise do coração não é anulada em proveito da acção, e, finalmente, por uma criação épica em que a grandeza heróica do génio peninsular é vazada em moldes de uma nobreza essencialmente nossa. Se esses traços – remata Moniz Barreto – não são bastantes para constituir um génio à parte, são contudo suficientes para dar à nossa literatura um carácter peculiar, e para nos assegurar, num futuro próximo, uma intervenção salutífera na marcha da cultura dos povos peninsulares.» Certamente que há exageros de criticismo no juízo de Moniz Barreto. Mas por demorada que fosse a transcrição, absolvemo-nos gostosamente de a termos aqui incrustado, pela palpitante actualidade que lhe acaba de dispensar a palavra amiga de Ramiro de Maeztu. Claro que hoje, desde o campo da geografia à lição da história, a nacionalidade portuguesa acha-se bem individualizada, tendo contribuído notavelmente para isso a ciência e a erudição espanholas. Suponho, portanto, desnecessário detalhar as corrigendas que, naturalmente, o depoimento de Moniz Barreto me suscitaria.

Destacando, porém, o essencial do que é acidental, concordemos com ele em que a riqueza lírica da alma portuguesa marca-nos dentro das outras famílias hispânicas um lugar muito próprio e bem inconfundível. Ora não foi outro o ponto em que Ramiro de Maeztu insistiu. E compreendendo magnificamente que o génio peninsular é formado por duas metades, Portugal e Castela, o autor de La crisis del humanismo, com o mais belo cunho de sinceridade, não duvidou em reconhecer que, enclaustrada no seu planalto, Castela morrerá de avidez se não se deixar penetrar, como outrora, pelos mananciais do lirismo lusitano, enquanto Portugal, isolado de Castela, se liquefará no seu sonho de sempre, se não se põe em contacto com a tonificadora aspereza castelhana.

Assistimos ainda na sua forma embrionária a um curioso fenómeno na vida da Península. E é ao regresso pelos caminhos da Inteligência àquele admirável paralelismo político e cultural, que tomou expressão prestígiosa no apogeu do século XVI, a ponto de Camões, nos Lusíadas, encarando a Espanha como uma designação geográfica, apresentar aos portugueses: «Uma gente fortíssima de Espanha.»

Havia então, como não existe hoje, uma consciência peninsular. Nós passaremos a ver como Portugal actuou na formação desse estado de espírito e que lugar de superior hegemonia manteve sempre dentro dele. Por outro lado, não nos esqueçamos que, aparte brigas fratricidas, bem depressa terminadas em reconciliação incondicional (D. Duarte, filho de uma cunhada de Henrique III de Castela, casou com uma neta do vencido de Aljubarrota, enquanto Isabel-a-Católica era neta do mestre de Avis, como filha de portuguesa), a ternura de Castela por Portugal foi sempre tão grande e tão funda, que, ao referir-se-lhe, a Crónica rimada del Cid, lhe chama enternecidamente: «¡Portugal, esa tierra gensor!»


​
II

Precisamente quando Portugal se prende a Castela debaixo da monarquia dualista dos Àustrias, é que a nossa influência se manifesta ali pelo que de especialmente afectivo existe na alma lusitana. «Tengo los ojos niños y portuguesa el alma...», diz-nos um personagem de Lope de Vega. E em Calderón de la Barca – no Príncipe constante, a alguns anos do ano libertador de 1640, Brito gritaria com o melhor sabor camoneano: «Que ainda mortos somos portugueses!» Então em Tirso de Molina o lusitanismo constituirá quase o exclusivo tema inspirador da sua opulenta actividade literária. Além da Gallega Mari-Fernández e de El vergonzoso en palacio, lembrarei de Tirso As Quinas de Portugal, em que se dramatiza a lenda do milagre de Ourique já com aquele forte acento místico de predestinação nacional, que tanto havia de actuar depois nas lutas jurídicas e militares do Portugal-Restaurado.

Vinha, de resto, muito de atrás esse sentimento unânime nas coisas de Castela por «Portugal tierra gensor». Não nos olvidemos de que um biógrafo de São Francisco de Borja, falando-nos da angústia em que sepultara Carlos V a morte da imperatriz Isabel sua esposa, se exprime em termos que para nós serão sempre doces de recordar. «Las demostraciones del Emperador en esta desgracia» – observa ele – «fueron iguales a la pérdida, llorando tanto tiempo, y con tanta alma, que se conocía bien que con el trato de la Emperatriz, se le había pegado toda la ternura portuguesa». Por alma e graça das nossas princesas, que o destino adornou com os florões da coroa de Castela, a penetração de Portugal nos costumes e na sensibilidade do país vizinho foi tão grande, que Mme. Roblot-Delondre, na sua recente e bela monografia Portraits d’infantes, assinala a circunstância deveras significativa de termos introduzido nos usos da côrte de Filipe o gosto das modas portuguesas.

Correndo-lhe nas veias mais sangue nosso do que sangue castelhano, Filipe II, tão caluniado pela história sectária, aparece-nos, até, à verdadeira luz da crítica, como um caso interessantíssimo de lusitanismo. Educado pela austera D. Leonor de Mascarenhas, a quem Sá de Miranda chama a nossa "Vittoria Colonna", Filipe glosou, ao que parece, versos do próprio Camões; e de Lisboa, escrevendo para suas filhas, as infantitas Isabel Clara Eugénia e Catarina Micaela, confessava-lhes enternecidamente que «de lo que más soledad he tenido es del cantar de los ruiseñores, que ogaño no los he oído».

Filipe com saudades do cantar dos rouxinóis pela noite funda – eis um símbolo admirável que nos ajuda a compreender como Frei Luís de Sousa não hesitava em afirmar que, porque se tratava de um estrangeiro, «fazendo justiça nos fez mais favor que todos os passados Reis de Portugal»! E muito mais se poderia alegar aqui, se não ficasse já suficientemente demonstrado como pela virtude lírica de Portugal a nossa personalidade se guardou, robusta e intacta, mesmo na hora bacenta em que esteve arriscada a dissolver-se na mole imponente do império dos Áustrias.

Por mercê, até, da língua castelhana, o nosso lirismo, acomodado na Diana de Jorge de Montemor às preferências literárias da época, iria tornar-se depressa europeu, influenciando, através da Astrea, de Honoré d‟Urfé, o solitarismo patético de Jean-Jacques Rousseau.

É interessante, na verdade, considerar como os idílios espúrios da Bondade-Natural, que geraram a demência universal da Revolução, descendem por bastardia da musa ingénua e moça dos nossos Cancioneiros...!

Elevando assim o Lirismo às honras de qualidade madre do nosso génio, nós facilmente verificaríamos como ele corresponde a uma estrutura social, de espírito e instituições comunitárias, bem diversa da índole individualista que Castela impôs como sua às restantes nacionalidades hispânicas. Por esse individualismo fundamental, Castela produz na Idade-Média a gesta heróica que, prosificada mais tarde, veio aumentar a linhagem farta dos dramaturgos do século XVII, com Lope de Vega, Tirso, Calderón, etc. Compreende-se deste modo como no Lirismo se inclui irrefutavelmente a teoria da Pátria portuguesa. Com a sua acurada penetração crítica, Menéndez Pelayo viu-se levado a concluir pela origem galaico-lusitana do Amadis, tanto em sentimentos, como em matéria de inspiração, ele diferia do vento agreste e batalhador que animava as rimas do Cantar de Mío Cid.

Só num aspecto Menéndez Pelayo se enganava. E era em supor o lirismo congénito do Amadis e, consequentemente, a ampla revoada poética em que ele entroncava, como um excesso feminil de sensibilidade, tocando quase as raias de uma deliquescência da alma.

Rectifica-se a apreciação de Menéndez Pelayo, lembrando simplesmente que Camões, um lírico, criou nos Lusíadas a epopeia moderna, e que o Encoberto, como mito, não é mais do que uma assombrosa criação do nosso lirismo. Supunha Menéndez Pelayo erradamente que a impressionabilidade lírica exclui a capacidade de acção. Mas a este respeito observava D. Ramiro de Maeztu, na sua bela conferência, que «a Inglaterra, país de acção, é um país de líricos, enquanto que a Irlanda nunca, ou quase nunca, os produziu».

E porque nos encontramos de novo com o nome de Ramiro de Maeztu, é tempo de lhe agradecermos a nobilíssima justiça com que se ocupou de Portugal! Por labor da solicitude crescente de um pequeno, mas ardoroso, grupo de espanhóis pelas coisas da boa e desventurada terra lusitana, assistimos – insisto – ao refazer lentíssimo daquela consciência hispânica que, deparando em Camões um dos seus mais gloriosos definidores, não importa consigo nem ideais absolutos de conquista, nem fantasias estultas de federação.

Apelativo geográfico, a "Espanha", «com nações diferentes se engrandece» – já comentava Camões. Num verso simples dos Lusíadas se resume pela concisão latina do grande varão de Quinhentos, o verdadeiro pensamento do «hispanismo», acrescido agora da razão eminentemente americanista da política peninsular, a que o próprio Charles Maurras acaba de assinalar o incomensurável alcance. Ajuda-nos nessa imensa obra de restaurar a fisionomia espiritual da velha e perdida comunhão hispânica o concurso voluntário e inesperado de Ramiro de Maeztu. É imperioso que a história da Península deixe de ser, como «o lenço da Verónica, a sangrenta efígie da nossa alma», na imagem dolorosamente incisiva de Moniz Barreto. Decerto assim o entende o autor de La Crisis del humanismo, ao exclamar perante o seu auditório emocionado que «ningún país de los que ha recurrido le deslumbró como Portugal, cuya impresión sólo puede comparar a la que le dejaron las lecturas juveniles acerca del Oriente».

Por isso, Ramiro de Maeztu acrescenta que «en Portugal están los líricos más grandes del mundo actual, y que si esto lo supiesen todos los líricos de los demás países, Portugal sería para ellos su Benarés y su Meca y su Atenas»... Ressurge enfim dos limbos do passado o mais lindo morgadio da nossa Raça! Introdu-lo na universalidade da cultura europeia o depoimento sincero de um escritor que, vencendo preconceitos da sua própria mentalidade, é agora, na patriarcal lareira espanhola, um dos mais apaixonados defensores do casamento de Portugal com Castela. Se desse casamento nasceu outrora a Idade-Moderna, talvez que por ele a civilização se venha ainda a salvar do enigmático destino em que parece desfeita!

(1922)


[ negritos acrescentados ]

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2010 - Maria da Conceição Cabrita - "Aliança Peninsular" [. pdf] 
​​...nós não levantaríamos nem o dedo mínimo, se salvar Portugal fosse salvar o conúbio apertado de plutocratas e arrivistas em que para nós se resumem, à luz da perfeita justiça, as "esquerdas" e as "direitas"!

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