António Sérgio, "Revistas portuguesas - Nação Portuguesa, revista de cultura nacionalista, 2ª série, números 1 a 8", Seara Nova, nº 23, Maio de 1923, pp. 193-196.
Sobre António Sardinha:
Positivo (com altivez, é claro):
"No últimos anos, António Sardinha estudou bastante, munindo-se da dose necessária de informação. (...) O estilo melhorou, outrossim, em leveza e naturalidade. Por tudo isso, pois, cordialmente o felicitamos".
Negativo:
"Pena é que o sectarismo obscureça de tal forma o seu espírito, que o faça roçar bastantes vezes no absurdo e no confuso, sobretudo quando entra na filosofia da história." etc.
António Sérgio aproveitou para rejeitar o otimismo integralista acerca da natureza do povo português, insistindo na temática das diferenças psíquicas das populações para explicar as suas diferentes instituições, a propósito das antigas liberdades na monarquia britânica em contraste com o absolutismo régio e o centralismo da república francesa. O seareiro Sérgio defendia a república; combatia aquela república plutocrática, sim, mas tudo se resolveria através da educação cívica do povo, tarefa para um Estado em que dominassem elites "ilustradas". Para António Sérgio, os diferentes regimes políticos resultavam de diferenças psíquicas, é certo, mas não chegando ao racismo de Aquilino Ribeiro ou à defesa de uma "Política da Raça" (da Eugenia), como em Raul Proença. Eis, em suma, dois ponto-chave da sua perspectiva:
Positivo (com altivez, é claro):
"No últimos anos, António Sardinha estudou bastante, munindo-se da dose necessária de informação. (...) O estilo melhorou, outrossim, em leveza e naturalidade. Por tudo isso, pois, cordialmente o felicitamos".
Negativo:
"Pena é que o sectarismo obscureça de tal forma o seu espírito, que o faça roçar bastantes vezes no absurdo e no confuso, sobretudo quando entra na filosofia da história." etc.
António Sérgio aproveitou para rejeitar o otimismo integralista acerca da natureza do povo português, insistindo na temática das diferenças psíquicas das populações para explicar as suas diferentes instituições, a propósito das antigas liberdades na monarquia britânica em contraste com o absolutismo régio e o centralismo da república francesa. O seareiro Sérgio defendia a república; combatia aquela república plutocrática, sim, mas tudo se resolveria através da educação cívica do povo, tarefa para um Estado em que dominassem elites "ilustradas". Para António Sérgio, os diferentes regimes políticos resultavam de diferenças psíquicas, é certo, mas não chegando ao racismo de Aquilino Ribeiro ou à defesa de uma "Política da Raça" (da Eugenia), como em Raul Proença. Eis, em suma, dois ponto-chave da sua perspectiva:
- Para os espíritos desapaixonados, a diferença na evolução política e administrativa dos dois países [França e Inglaterra] resulta sobretudo das diferenças psíquicas das respectivas populações (...) o problema da descentralização é muitíssimo menos legislativo e político do que psicológico, educativo, e que a culpa, quando o Estado centraliza, é sempre em grandíssima parte dos munícipes. Ninguém centraliza uma nação que tenha espírito de autonomia."
- Se há nos munícipes subserviência, é que são subservientes os munícipes, - uns para sofrerem a tirania, e outros para colaborarem nela. (...) ... o remédio é sobretudo psicológico; e já o apontámos há muito, num livrito a que chamámos Educação Cívica.
Para os espíritos desapaixonados, a diferença na evolução política e administrativa dos dois países [França e Inglaterra] resulta sobretudo das diferenças psíquicas das respectivas populações (...)
o problema da descentralização é muitíssimo menos legislativo e político do que psicológico, educativo, e que a culpa, quando o Estado centraliza, é sempre em grandíssima parte dos munícipes. Ninguém centraliza uma nação que tenha espírito de autonomia.
Os integralistas, se quisessem governar, teriam contra si os republicanos, os monárquicos constitucionais, e o próprio rei. [os integralistas já tinham feito união com os legitimistas e esta boutade é apenas de bom efeito retórico; para os integralistas, o herdeiro era D. Duarte Nuno e Não D. Manuel II]