Carta de Plínio Salgado a Manoel Pinto, em 4 de Julho de 1930
Em 4 de Julho de 1930, o governo de Benito Mussolini estava no auge do seu prestígio nacional e internacional.
Em 1928, Mussolini publicara em Nova Iorque uma Autobiografia, preparada com o auxílio do ex-embaixador do EUA em Roma.
No ano seguinte, em 11 de Fevereiro, fora assinado o Tratado de Latrão e, em 24 de Março, Mussolini obtivera triunfo no plebiscito à lista única de deputados designada pelo Grande Conselho do Fascismo; em Junho, o Tratado de Latrão, e os pactos associados, foram ratificados pelos 400 deputados do Partido Nacional Fascista, reconhecendo a Cidade do Vaticano como um Estado independente sob a soberania da Santa Sé, atribuindo-lhe inclusive uma compensação financeira pela perda dos Estados Pontifícios.
Em Julho de 1930, no apogeu do poder e prestígio de Benito Mussolini, Plínio Salgado está em Itália e escreve a Manoel Pinto exprimindo reservas: "tenho estudado muito o fascismo: não é exactamente esse o regime que precisamos aí, mas é coisa semelhante."
Porque é que, para Plínio, o fascismo não era exactamente aquilo que o Brasil precisava? No entanto, que coisa semelhante dali se podia aproveitar?
Na carta que aqui se transcreve, Plínio escreve que concorda com Mussolini num ponto: "antes da organização de um partido, é necessário o movimento de ideias", mas acrescentando que a sua orientação "não teve nenhuma influência fascista". Plínio não enaltece - não refere sequer! - o regime de partido único triunfante no plebiscito, considerando todavia "precioso" o Ministério das Corporações. Plínio aprecia o corporativismo.
No ano seguinte, o totalitário Mussolini, através do decreto de 29 de Maio, desferiu ataque aos círculos católicos de que resultou a condenação do Fascismo pelo papa Pio XI: a carta encíclica Non abbiamo bisogno foi publicada em 29 de Junho de 1931.
Eram antigas as reservas de Plínio a respeito de Mussolini e do Fascismo. O seu livro Literatura e Política (1927) é incontornável a esse respeito. As reservas que se encontram em Psicologia da Revolução, A Quarta Humanidade, O que é o Integralismo, Madrugada do Espírito, Direitos e deveres do Homem, Espírito da burguesia, O ritmo da História, estão em embrião em Literatura e Política:
Aparecem duas tisanas para as doenças da Europa: o comunismo e o fascismo. Ambos, materialistas, decretam a falência da democracia: - ou triunfa o imperialismo econômico baseado no “nacionalismo”, no “fascismo”, na “ditadura militar”, ou vence o imperialismo político da Terceira Internacional.
Será esse o dilema para os jovens povos da América? Que rumo devem seguir os países novos, como o Brasil? Se pretendemos empreender a defesa da democracia, em face das prementes realidades econômicas dos povos, devemos colocar o problema sob o ponto de vista retardatário do liberalismo dos nossos partidos oposicionistas?
(Literatura e Política, Obras Completas. Volume 19, 1ª edição, São Paulo, Editora das Américas, 1956, p. 20, pp. 64-65).
A ideia de 1927 é retomada em 1931, escrevendo Plínio no Manifesto da Legião Revolucionária de São Paulo: “não devemos transplantar para o Brasil nem comunismo, nem fascismo, nem outros sistemas exóticos”.
O Estado Fascista foi edificado de 1925 a 1929, ficando em 1932 a doutrina totalitária do Fascismo definida com o contributo de Mussolini:
..."para o fascista, tudo está no estado, e nada humano ou espiritual existe, muito menos tem valor, fora do estado. Nesse sentido, o fascismo é totalitário, e o estado fascista, síntese e unidade de todo valor, interpreta, desenvolve e fortalece toda a vida do povo. [...] Não há volta a dar. A doutrina fascista não elegeu seu profeta De Maistre. [...] Um partido que governa totalitariamente uma nação, é um facto novo na história. Não são possíveis referências e comparações. O fascismo dos escombros das doutrinas liberais, socialistas e democráticas, extrai aqueles elementos que ainda têm valor de vida. [...] A Pedra Angular da Doutrina fascista é a concepção do Estado, da sua essência, das suas tarefas, das suas finalidades. Para o fascismo, o Estado é um absoluto (...) Indivíduos e grupos são «pensáveis», pois estão no Estado."
Em 1935, escreve Plínio em Em Despertemos a Nação!: “o problema brasileiro é muito mais difícil que os da Rússia, da Itália e da Alemanha” (...) “os modelos de Lenine, de Mussolini e de Hitler, suas estratégias, seus processos não valem nada para o caso do Brasil”.
Em Outubro de 1935, a invasão da Abissínia confirmava que a Itália fascista estava a conduzir uma política internacional na via imperial do Eixo Roma-Berlim (1936).
J. M. Q.
Em 1928, Mussolini publicara em Nova Iorque uma Autobiografia, preparada com o auxílio do ex-embaixador do EUA em Roma.
No ano seguinte, em 11 de Fevereiro, fora assinado o Tratado de Latrão e, em 24 de Março, Mussolini obtivera triunfo no plebiscito à lista única de deputados designada pelo Grande Conselho do Fascismo; em Junho, o Tratado de Latrão, e os pactos associados, foram ratificados pelos 400 deputados do Partido Nacional Fascista, reconhecendo a Cidade do Vaticano como um Estado independente sob a soberania da Santa Sé, atribuindo-lhe inclusive uma compensação financeira pela perda dos Estados Pontifícios.
Em Julho de 1930, no apogeu do poder e prestígio de Benito Mussolini, Plínio Salgado está em Itália e escreve a Manoel Pinto exprimindo reservas: "tenho estudado muito o fascismo: não é exactamente esse o regime que precisamos aí, mas é coisa semelhante."
Porque é que, para Plínio, o fascismo não era exactamente aquilo que o Brasil precisava? No entanto, que coisa semelhante dali se podia aproveitar?
Na carta que aqui se transcreve, Plínio escreve que concorda com Mussolini num ponto: "antes da organização de um partido, é necessário o movimento de ideias", mas acrescentando que a sua orientação "não teve nenhuma influência fascista". Plínio não enaltece - não refere sequer! - o regime de partido único triunfante no plebiscito, considerando todavia "precioso" o Ministério das Corporações. Plínio aprecia o corporativismo.
No ano seguinte, o totalitário Mussolini, através do decreto de 29 de Maio, desferiu ataque aos círculos católicos de que resultou a condenação do Fascismo pelo papa Pio XI: a carta encíclica Non abbiamo bisogno foi publicada em 29 de Junho de 1931.
Eram antigas as reservas de Plínio a respeito de Mussolini e do Fascismo. O seu livro Literatura e Política (1927) é incontornável a esse respeito. As reservas que se encontram em Psicologia da Revolução, A Quarta Humanidade, O que é o Integralismo, Madrugada do Espírito, Direitos e deveres do Homem, Espírito da burguesia, O ritmo da História, estão em embrião em Literatura e Política:
Aparecem duas tisanas para as doenças da Europa: o comunismo e o fascismo. Ambos, materialistas, decretam a falência da democracia: - ou triunfa o imperialismo econômico baseado no “nacionalismo”, no “fascismo”, na “ditadura militar”, ou vence o imperialismo político da Terceira Internacional.
Será esse o dilema para os jovens povos da América? Que rumo devem seguir os países novos, como o Brasil? Se pretendemos empreender a defesa da democracia, em face das prementes realidades econômicas dos povos, devemos colocar o problema sob o ponto de vista retardatário do liberalismo dos nossos partidos oposicionistas?
(Literatura e Política, Obras Completas. Volume 19, 1ª edição, São Paulo, Editora das Américas, 1956, p. 20, pp. 64-65).
A ideia de 1927 é retomada em 1931, escrevendo Plínio no Manifesto da Legião Revolucionária de São Paulo: “não devemos transplantar para o Brasil nem comunismo, nem fascismo, nem outros sistemas exóticos”.
O Estado Fascista foi edificado de 1925 a 1929, ficando em 1932 a doutrina totalitária do Fascismo definida com o contributo de Mussolini:
..."para o fascista, tudo está no estado, e nada humano ou espiritual existe, muito menos tem valor, fora do estado. Nesse sentido, o fascismo é totalitário, e o estado fascista, síntese e unidade de todo valor, interpreta, desenvolve e fortalece toda a vida do povo. [...] Não há volta a dar. A doutrina fascista não elegeu seu profeta De Maistre. [...] Um partido que governa totalitariamente uma nação, é um facto novo na história. Não são possíveis referências e comparações. O fascismo dos escombros das doutrinas liberais, socialistas e democráticas, extrai aqueles elementos que ainda têm valor de vida. [...] A Pedra Angular da Doutrina fascista é a concepção do Estado, da sua essência, das suas tarefas, das suas finalidades. Para o fascismo, o Estado é um absoluto (...) Indivíduos e grupos são «pensáveis», pois estão no Estado."
Em 1935, escreve Plínio em Em Despertemos a Nação!: “o problema brasileiro é muito mais difícil que os da Rússia, da Itália e da Alemanha” (...) “os modelos de Lenine, de Mussolini e de Hitler, suas estratégias, seus processos não valem nada para o caso do Brasil”.
Em Outubro de 1935, a invasão da Abissínia confirmava que a Itália fascista estava a conduzir uma política internacional na via imperial do Eixo Roma-Berlim (1936).
J. M. Q.
Carta de Plínio Salgado a Manoel Pinto, datada de Milão, em 4 de Julho de 1930.
Estou hoje convencido de que o Brasil não póde continuar a viver na comedia democratica. Ahi, eu já era um descrente em relação ao suffragio. A eleição que juntos fizemos (1), inspirou-me uma profunda repulsa pelo regimen. O artigo que, logo depois, escrevi no "Correio", contem os cavallos de Troya de meu pensamento revolucionario. De ha tempos que me impressiona o enfraquecimento do poder central; as unanimidades estaduaes; a politica economico-financeira de cada Estado, consultando interesses de grupos; a falta de unidade no apparelhamento da instrucção publica, da hygiene, da justiça; a ausencia de um apparelhamento de funcção technico-commercial que seria precioso para a nossa expansão no Exterior; a situação deprimente dos nossos parlamentares, lacaios do poder ou demagogos liberaes-democraticos, verdadeiros somnambulos que não atinam com a causa primeira dos males da Nação; o feiticismo das formulas constitucionaes, burladas frequentemente, mas respeitadas como Budhas, o que occasiona a descrença do Povo; a nossa defesa nacional, sem efficiencia nenhuma, um exercito fabrica de revoluções, as lutas em cada successão presidencial, desorganizando a vida do paiz e gastando rios de dinheiro com os jornalistas venaes e os politicos que tresandam a podridão, a imprensa vergonhosa que temos; a advocacia administrativa, cancro nacional, e a protecção politica, lepra deformadora.
Numa situação como essa, os dois perigos, que os governos não veem; não creem: - o espírito de regionalismo que se accentua dia a dia e que nos leva a caminho do separatismo, e a questão social, que nos arrastará, de um momento para outro, ao bolchevismo. Os que teem a noção dessas cousas são chamados ahi loucos, sonhadores e poetas. Os homens de juizo são os inconscientes, de espirito burocratico, os administradores de fachada e os homens de negocios... E o que ha de peor no Brasil é o materialismo grosseiro em que vivemos, a falta de coragem, a incapacidade para o sacrificio, a ausencia absoluta de espirito nacional. O Imperio legou á Republica um paiz unido, homogeneo, vibrando pelo mesmo coração. A Republica, com mais vinte ou trinta annos compeltará sua obra de dissociação... É necessartio agirmos com tempo de salvarmos o Brasil. Tenho estudado muito o fascismo: não é exactamente esse o regimen que precisamos ahi, mas é cousa semelhante. O fascismo, aqui, veiu no momento preciso, deslocando o centro de gravidade da politica, que passou da metaphysica juridica, para as instituições das realidades imperativas. O Estado Fascista, sendo uma concepção mais ampla do que os limites traçados ao conceito do Estado nos regimens de indole liberal-democratico, veiu interferir em varias actividades, modificando lineamentos anteriores do direito constitucional, do direito administrativo, e influindo mesmo na esphera civil, commercial e criminal, porque o Fascismo não é propriamente uma dictadura (como está sendo o governo da Russia, emquanto não chega á pratica pura do Estado Marxista), e um regimen (2). Penso que o Ministerio das Corporações é a machina mais preciosa. O trabalho é perfeitamente organizado. O capital é admiravelmente controlado. O parlamento é constituido pela representação de classes. Esta ultima cousa seria preciosa num paiz novo como o Brasil por dois motivos: teriamos precisão TECHNICA nas leis, e amorteceriamos o espirito regional nos parlamentos estaduaes. Ha outras cousas interessantissimas aqui. Volto para o Brasil disposto a organizar as forças intellectuaes esparsas, coordenal-as, dando-lhes uma direcção iniciando um apostolado. Contando eu a Mussolini o que tenho feito, elle achou admiravel o meu processo, dada a situação differente do nosso paiz. Também como eu, elle pensa que antes da organização de um partido, é necessario o movimento de idéas. Aliás, a minha orientação não teve nenhuma influencia fascista. O encontro com Mussolini foi apenas o momento historico em que tomei uma decisão. É a fascinação de Roma. Em Roma tudo nos convida á luta. A nossa personalidade cresce agressivamente, entre os vestigios dos povos que passaram a vida lutando. Uma manhã, no alto do Janiculo, junto á arvore de Torquato Tasso, com o panorama de Roma a meus pés - o Colyseu e o Vaticano, o Forum Romano e as Thermas de Caracalla, o Aventino e o Polatino, e os palacios seculares que sobem e descem pelas collinas, eu senti uma saudade immensa do Brasil. E sentindo este amor da Patria, pensei em todas as marchas da cidade Eterna e reflecti sobre a necessidade que temos de dar ao povo brasileiro um ideal, que o conduza a uma finalidade historica. Essa finalidade, capaz de levantar o povo é o Nacionalismo, impondo ordem e disciplina no interior, impondom a nossa hegemonia na America do Sul, principalmente no Prata. Voltarei para combater esse combate cheio de enthusiasmo.
- Nós precisamos mesmo reformar esse Brasil!
- Recebi uma carta de Ribeiro Couto, longa e com as mesmas idéas politicas minhas. Hoje, no Brasil, ha bem um milheiro e pouco de moços pensando assim. Portanto, porque não fazemos a nossa entrada na Historia?
(a) PLINIO (3).
Notas do Blog "Integralismo e História" de Sérgio Vasconcellos:
1 - Refere-se às Eleições de 1928, em que Plínio Salgado foi Eleito Deputado Estadual, pelo Partido Republicano Paulista.
2 - Lembramos que Plínio Salgado descreve o Fascismo que conheceu em 1930, e que se modificaria e muito nos anos subsequentes.
3 - Foi conservada a ortografia da época.
Transcrito integralmente das páginas 18, 19, 20 e 21 do livro Plínio Salgado, 1ª ed, São Paulo, Panorama, 1936.
Estou hoje convencido de que o Brasil não póde continuar a viver na comedia democratica. Ahi, eu já era um descrente em relação ao suffragio. A eleição que juntos fizemos (1), inspirou-me uma profunda repulsa pelo regimen. O artigo que, logo depois, escrevi no "Correio", contem os cavallos de Troya de meu pensamento revolucionario. De ha tempos que me impressiona o enfraquecimento do poder central; as unanimidades estaduaes; a politica economico-financeira de cada Estado, consultando interesses de grupos; a falta de unidade no apparelhamento da instrucção publica, da hygiene, da justiça; a ausencia de um apparelhamento de funcção technico-commercial que seria precioso para a nossa expansão no Exterior; a situação deprimente dos nossos parlamentares, lacaios do poder ou demagogos liberaes-democraticos, verdadeiros somnambulos que não atinam com a causa primeira dos males da Nação; o feiticismo das formulas constitucionaes, burladas frequentemente, mas respeitadas como Budhas, o que occasiona a descrença do Povo; a nossa defesa nacional, sem efficiencia nenhuma, um exercito fabrica de revoluções, as lutas em cada successão presidencial, desorganizando a vida do paiz e gastando rios de dinheiro com os jornalistas venaes e os politicos que tresandam a podridão, a imprensa vergonhosa que temos; a advocacia administrativa, cancro nacional, e a protecção politica, lepra deformadora.
Numa situação como essa, os dois perigos, que os governos não veem; não creem: - o espírito de regionalismo que se accentua dia a dia e que nos leva a caminho do separatismo, e a questão social, que nos arrastará, de um momento para outro, ao bolchevismo. Os que teem a noção dessas cousas são chamados ahi loucos, sonhadores e poetas. Os homens de juizo são os inconscientes, de espirito burocratico, os administradores de fachada e os homens de negocios... E o que ha de peor no Brasil é o materialismo grosseiro em que vivemos, a falta de coragem, a incapacidade para o sacrificio, a ausencia absoluta de espirito nacional. O Imperio legou á Republica um paiz unido, homogeneo, vibrando pelo mesmo coração. A Republica, com mais vinte ou trinta annos compeltará sua obra de dissociação... É necessartio agirmos com tempo de salvarmos o Brasil. Tenho estudado muito o fascismo: não é exactamente esse o regimen que precisamos ahi, mas é cousa semelhante. O fascismo, aqui, veiu no momento preciso, deslocando o centro de gravidade da politica, que passou da metaphysica juridica, para as instituições das realidades imperativas. O Estado Fascista, sendo uma concepção mais ampla do que os limites traçados ao conceito do Estado nos regimens de indole liberal-democratico, veiu interferir em varias actividades, modificando lineamentos anteriores do direito constitucional, do direito administrativo, e influindo mesmo na esphera civil, commercial e criminal, porque o Fascismo não é propriamente uma dictadura (como está sendo o governo da Russia, emquanto não chega á pratica pura do Estado Marxista), e um regimen (2). Penso que o Ministerio das Corporações é a machina mais preciosa. O trabalho é perfeitamente organizado. O capital é admiravelmente controlado. O parlamento é constituido pela representação de classes. Esta ultima cousa seria preciosa num paiz novo como o Brasil por dois motivos: teriamos precisão TECHNICA nas leis, e amorteceriamos o espirito regional nos parlamentos estaduaes. Ha outras cousas interessantissimas aqui. Volto para o Brasil disposto a organizar as forças intellectuaes esparsas, coordenal-as, dando-lhes uma direcção iniciando um apostolado. Contando eu a Mussolini o que tenho feito, elle achou admiravel o meu processo, dada a situação differente do nosso paiz. Também como eu, elle pensa que antes da organização de um partido, é necessario o movimento de idéas. Aliás, a minha orientação não teve nenhuma influencia fascista. O encontro com Mussolini foi apenas o momento historico em que tomei uma decisão. É a fascinação de Roma. Em Roma tudo nos convida á luta. A nossa personalidade cresce agressivamente, entre os vestigios dos povos que passaram a vida lutando. Uma manhã, no alto do Janiculo, junto á arvore de Torquato Tasso, com o panorama de Roma a meus pés - o Colyseu e o Vaticano, o Forum Romano e as Thermas de Caracalla, o Aventino e o Polatino, e os palacios seculares que sobem e descem pelas collinas, eu senti uma saudade immensa do Brasil. E sentindo este amor da Patria, pensei em todas as marchas da cidade Eterna e reflecti sobre a necessidade que temos de dar ao povo brasileiro um ideal, que o conduza a uma finalidade historica. Essa finalidade, capaz de levantar o povo é o Nacionalismo, impondo ordem e disciplina no interior, impondom a nossa hegemonia na America do Sul, principalmente no Prata. Voltarei para combater esse combate cheio de enthusiasmo.
- Nós precisamos mesmo reformar esse Brasil!
- Recebi uma carta de Ribeiro Couto, longa e com as mesmas idéas politicas minhas. Hoje, no Brasil, ha bem um milheiro e pouco de moços pensando assim. Portanto, porque não fazemos a nossa entrada na Historia?
(a) PLINIO (3).
Notas do Blog "Integralismo e História" de Sérgio Vasconcellos:
1 - Refere-se às Eleições de 1928, em que Plínio Salgado foi Eleito Deputado Estadual, pelo Partido Republicano Paulista.
2 - Lembramos que Plínio Salgado descreve o Fascismo que conheceu em 1930, e que se modificaria e muito nos anos subsequentes.
3 - Foi conservada a ortografia da época.
Transcrito integralmente das páginas 18, 19, 20 e 21 do livro Plínio Salgado, 1ª ed, São Paulo, Panorama, 1936.
Reproduzido a partir de https://integralismoehistoria.blogspot.com/2014/09/carta-de-plinio-salgado-manoel-pinto.html [20.03.2025]