Carlos Proença in Política - Recensão ao livro Do valor e sentido da democracia, de Cabral de Moncada (Ano II, nº 19, 5 de Março de 1931, pp. 14-15 ; nº 20, 31 de Março de 1931, pp. 12-19)
Seja-me lícito aproveitar o ensejo para mais uma vez acentuar a diferença que separa a fórmula nacionalista do Integralismo Lusitano doutros nacionalismos contemporâneos, cujos aspectos anti-cristãos mereceram a condenação formal da Igreja. Esses nacionalismos partem de uma fórmula transpersonalista, sim, mas de base exclusivamente social. Segundo eles são os valores especificamente sociais, do grupo, e da sua expressão política - o Estado, que subordinam todos os outros, elevando-se à categoria de fins exclusivos. Por isso, neles, o Estado, é tudo e o indivíduo nada, fora do Estado, que totalmente absorve aquele, como na "Cidade Antiga". Consequentemente todas as manifestações da actividade espiritual ou material do homem não podem conhecer outra lei que a do interesse e engrandecimento do Estado.