1934-04-03 - Resposta do Chefe à mensagem enviada pelos N.S. de Coimbra
NACIONAL-SINDICALISMO
Resposta do Chefe à mensagem enviada pelos N. S. de Coimbra
Camarada Secretário Distrital
Camaradas de Coimbra:
Camaradas de Coimbra:
A mensagem que por intermédio do Camarada António Quitério me foi enviada por este secretariado Distrital e pelos camaradas de Coimbra constitui um documento do maior interesse moral e político a que sou profundamente sensível.
Neste hora, com efeito, em que uma onda de utilitarismo sem freio parece tudo subverter, destruindo os direitos do espírito e nivelando rasteiramente os caracteres o protesto vivo e desassombrado que, por vossa boca, se ergue na capital cultural da Nação, traz em si um significado tão profundo que se estende e irradia além dos horizontes do movimento N. S., interessando toda a consciência nacionalista do País.
Orgulha-nos a todos, Camaradas, o sentimento expontâneo de revolta que anima as vossas palavras justiceiras contra aqueles que vêem acima dos interesses sagrados da Revolução, pobres razões ditadas por um estreito pragmatismo oportunista e contra-revolucionário.
Graças a vós, Coimbra falou mais uma vez, como tantas outras, na história das ideias para marcar com clareza uma atitude, onde a alma se reveste das suas mais latas virtudes - a lealdade e a independência.
Merece a voz de Coimbra ser escutada pelo País inteiro, indicando-lhe como indica, determinada e firme, o caminho único do ressurgimento, a estrada larga da justiça - a Revolução Nacional dos Trabalhadores.
Camaradas:
A Revolução tem uma só face. A sua expressão, austera e grave, não se amolda aos gostos mendicantes, às vénias servis, aos sorrisos hipócritas de tantos a quem a alma de escravos aconselha fazer da Revolução uma simples tabuleta de vaidades e equilíbrios políticos. Muito menos ela pode aceitar qualquer complacência para com uma sociedade egoísta e decrépita, que, mesmo na agonia, ainda ameaça, numa intolerância obcecada, tudo destruir e perder...
Na verdade, para a Revolução sem disfarce nada resta a salvar da ética burguesa, feita de ficções já desmascaradas; nem tão pouco interessa a salvaguarda da sua "ordem" social, que é toda abstração, convencionalismo, retórica.
Na flama revolucionária perpassa um sopro divino de reparação e equidade que aniquilará essa sociedade putrefacta, onde a lei social é o triunfo apenas do lucro e da acumulação de riquezas improfícuas; essa sociedade onde a hierarquia dos valores se mede pelo servilismo das consciências; essa sociedade torva e mesquinha, que trás em si o germe de todas as decadências e vive sob o signo de todas as injustiças.
(...)
Camaradas:
Em horas de provação e sacrifício é que o espírito melhor se exalta e o coração mais se purifica na fé e no ideal da revolta.
Extirpemos tudo quanto em nós restar do espirito burguês - o egoísmo, a inveja, a desconfiança, o ódio.
Salvemos para sempre as liberdades essenciais dos portugueses.
Preparemos e façamos, até final, a Revolução Nacional dos Trabalhadores.
Lisboa - Casa Sindical - 3 de Abril de 1934
ROLÃO PRETO
[negritos acrescentados]
[Fonte : Ephemera - Arquivo de José Pacheco Pereira]
Neste hora, com efeito, em que uma onda de utilitarismo sem freio parece tudo subverter, destruindo os direitos do espírito e nivelando rasteiramente os caracteres o protesto vivo e desassombrado que, por vossa boca, se ergue na capital cultural da Nação, traz em si um significado tão profundo que se estende e irradia além dos horizontes do movimento N. S., interessando toda a consciência nacionalista do País.
Orgulha-nos a todos, Camaradas, o sentimento expontâneo de revolta que anima as vossas palavras justiceiras contra aqueles que vêem acima dos interesses sagrados da Revolução, pobres razões ditadas por um estreito pragmatismo oportunista e contra-revolucionário.
Graças a vós, Coimbra falou mais uma vez, como tantas outras, na história das ideias para marcar com clareza uma atitude, onde a alma se reveste das suas mais latas virtudes - a lealdade e a independência.
Merece a voz de Coimbra ser escutada pelo País inteiro, indicando-lhe como indica, determinada e firme, o caminho único do ressurgimento, a estrada larga da justiça - a Revolução Nacional dos Trabalhadores.
Camaradas:
A Revolução tem uma só face. A sua expressão, austera e grave, não se amolda aos gostos mendicantes, às vénias servis, aos sorrisos hipócritas de tantos a quem a alma de escravos aconselha fazer da Revolução uma simples tabuleta de vaidades e equilíbrios políticos. Muito menos ela pode aceitar qualquer complacência para com uma sociedade egoísta e decrépita, que, mesmo na agonia, ainda ameaça, numa intolerância obcecada, tudo destruir e perder...
Na verdade, para a Revolução sem disfarce nada resta a salvar da ética burguesa, feita de ficções já desmascaradas; nem tão pouco interessa a salvaguarda da sua "ordem" social, que é toda abstração, convencionalismo, retórica.
Na flama revolucionária perpassa um sopro divino de reparação e equidade que aniquilará essa sociedade putrefacta, onde a lei social é o triunfo apenas do lucro e da acumulação de riquezas improfícuas; essa sociedade onde a hierarquia dos valores se mede pelo servilismo das consciências; essa sociedade torva e mesquinha, que trás em si o germe de todas as decadências e vive sob o signo de todas as injustiças.
(...)
Camaradas:
Em horas de provação e sacrifício é que o espírito melhor se exalta e o coração mais se purifica na fé e no ideal da revolta.
Extirpemos tudo quanto em nós restar do espirito burguês - o egoísmo, a inveja, a desconfiança, o ódio.
Salvemos para sempre as liberdades essenciais dos portugueses.
Preparemos e façamos, até final, a Revolução Nacional dos Trabalhadores.
Lisboa - Casa Sindical - 3 de Abril de 1934
ROLÃO PRETO
[negritos acrescentados]
[Fonte : Ephemera - Arquivo de José Pacheco Pereira]
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