O Fascismo - Arigos ressuscitados de uma antiga polémica, Separata da Revista Gil Vicente, vol. XV, Guimarães, 1939.
Dezassete anos depois
Ao reeditar, dezassete anos depois, os artigos que publicou no jornal A Época, Rolão Preto veio colher os louros por ter acertado na previsão do triunfo de Mussolini em Itália antes da "Marcha sobre Roma", mas aproveitando também para lembrar e caracterizar algo de essencial para compreender a natureza do regime que entretanto triunfara em Portugal:
"Ainda faltavam a Mussolini a "Marcha sobre Roma", a dominação completa da Itália, a dissolução de todos os partidos, incluindo o Católico, a reconciliação com o Vaticano, a conquista da Etiópia, as vitórias das suas milícias em Espanha, o eixo Roma-Berlim...
Sim, quanto não tardaria a hora, nesse remoto ano de 22, em que Mussolini, alongando a vista para além do "Mar Nostrum", poderia divisar, sobre a ocidental praia lusitana, democratas-cristãos e ateus perseguidores, ateus e cristãos bem irmanados, erguendo o braço direito (oh! com que timidez ainda...), erguendo enfim o braço direito, romanicamente."
Rolão Preto dava assim conta da vitoriosa aliança entre católicos e maçons no estabelecimento do Estado Novo de Oliveira Salazar - aliança entre ex-membros do Centro Católico e da Seara Nova. Tinham sido esses "ateus e cristãos bem irmanados", que o tinham conduzido à prisão e depois ao desterro em Espanha, nas vésperas das eleições de 1934.
Em 1932, Rolão Preto adoptara os métodos milicianos de organização e propaganda do fascismo, mas condenara o estatismo totalitário, e a politique d'abord - a instrumentalização da política religiosa para fins políticos -, tanto de Mussolini como de Salazar. Rolão Preto seguiu afinal um caminho inverso ao de Salazar, terminando derrotado. A via de Rolão Preto, personalista e comunitária, era manifestamente politica e doutrinariamente incompatível com a "democracia-cristã maçonizada" do Estado Novo, na definição de Pequito Rebelo em carta a Manuel Braga da Cruz.
"Ainda faltavam a Mussolini a "Marcha sobre Roma", a dominação completa da Itália, a dissolução de todos os partidos, incluindo o Católico, a reconciliação com o Vaticano, a conquista da Etiópia, as vitórias das suas milícias em Espanha, o eixo Roma-Berlim...
Sim, quanto não tardaria a hora, nesse remoto ano de 22, em que Mussolini, alongando a vista para além do "Mar Nostrum", poderia divisar, sobre a ocidental praia lusitana, democratas-cristãos e ateus perseguidores, ateus e cristãos bem irmanados, erguendo o braço direito (oh! com que timidez ainda...), erguendo enfim o braço direito, romanicamente."
Rolão Preto dava assim conta da vitoriosa aliança entre católicos e maçons no estabelecimento do Estado Novo de Oliveira Salazar - aliança entre ex-membros do Centro Católico e da Seara Nova. Tinham sido esses "ateus e cristãos bem irmanados", que o tinham conduzido à prisão e depois ao desterro em Espanha, nas vésperas das eleições de 1934.
Em 1932, Rolão Preto adoptara os métodos milicianos de organização e propaganda do fascismo, mas condenara o estatismo totalitário, e a politique d'abord - a instrumentalização da política religiosa para fins políticos -, tanto de Mussolini como de Salazar. Rolão Preto seguiu afinal um caminho inverso ao de Salazar, terminando derrotado. A via de Rolão Preto, personalista e comunitária, era manifestamente politica e doutrinariamente incompatível com a "democracia-cristã maçonizada" do Estado Novo, na definição de Pequito Rebelo em carta a Manuel Braga da Cruz.
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