Instituto António Sardinha, Lisboa, 1 de Dezembro de 1961.
Os signatários - católicos, portugueses e monárquicos - julgam sinceramente prestar algum serviço, dispondo-se a apresentar aos seus compatriotas, ainda que adversários políticos ou mesmo indiferentes (e quem poderá continuar a se-lo, na hora que passa?), princípios e caminhos de salvação nacional.
Para chegar à conclusão que os fortalece e os une, nem todos seguiram o mesmo itinerário e até continuam, com a Graça de Deus, a ter opiniões diferentes em muitas questões de pormenor.
Crêem firmemente na restauração espiritual, moral e política da Nação, pela Monarquia, porque sabem, como disse Hipólito Raposo, que a república, a verdadeira república, se se mantém fiel ao seu princípio gerador, degrada-se na anarquia demagógica e, se se corrige, envereda pelo totalitarismo aniquilador da pessoa humana.
Oriundos de gerações diferentes, alguns dos signatários recordam a primeira república, laica e libertária, que deixou feridas, ainda a sangrar, na alma da Pátria.
Herdeiro e simultaneamente renegador da primeira república, o Estado Novo quer realizar a aliança do sim e do não e balouça-se, perigosamente, entre um corporatismo estatista e as urnas democráticas. ambos por igual incapazes de promover a genuína Representação Nacional.
Nunca, como neste momento crucial da vida da Nação, quando os nossos soldados se batem e morrem para que a Pátria sobreviva na sua unidade de grandeza e tradição, foi tão necessária a concórdia entre os portugueses, pela restauração da dignidade cívica, pela reconquista das liberdades legítimas e necessárias, pelo combate sem tréguas à prepotência e ao arbítrio, pela eliminação de monopólios e oligarquias, pela distribuição da justiça que a todos é devida na legítima hierarquização dos valores espirituais e humanos.
Dando o justo valor ao que de necessário ou útil outros, e muito bem, já tenham realizado, entendem os signatários que é de decisiva urgência a formação de um movimento intelectual, que tenha como objectivo aquilo a que Afonso Lopes Vieira chamou, lapidarmente: o reaportuguesamento de Portugal.
Com a consciência da limitação de meios que o condicionalismo nacional impõe, pensaram que o centro de uma acção espiritual, como aquela que desejam ver lançada, se poderia concretizar na criação de um Instituto, que, por unanimidade, colocam sob o patrocínio de António Sardinha.
Não menos que a divulgação de verdades esquecidas, importa corrigir as deturpações de verdades falsificadas. Mais do que a fidelidade a fórmulas ou até a soluções, cumpre ser fiel a um estilo de pensar e de amar o País real, como fez, no seu tempo, o ardente doutrinador de AO PRINCÍPIO ERA O VERBO.
Assim, o «INSTITUTO ANTÓNIO SARDINHA› procurará, através de publicações, conferências, estudos, reuniões culturais e por todos os meios de convívio, actuar na vida portuguesa e participar no debate político nacional.
Os signatários aceitam com humildade todas as sugestões que lhes queiram dirigir e, com orgulho, proclamam a sua fé inabalável na vitória da verdade política portuguesa, católica e monárquica.
Lisboa, 1.° de Dezembro de 1961
Para chegar à conclusão que os fortalece e os une, nem todos seguiram o mesmo itinerário e até continuam, com a Graça de Deus, a ter opiniões diferentes em muitas questões de pormenor.
Crêem firmemente na restauração espiritual, moral e política da Nação, pela Monarquia, porque sabem, como disse Hipólito Raposo, que a república, a verdadeira república, se se mantém fiel ao seu princípio gerador, degrada-se na anarquia demagógica e, se se corrige, envereda pelo totalitarismo aniquilador da pessoa humana.
Oriundos de gerações diferentes, alguns dos signatários recordam a primeira república, laica e libertária, que deixou feridas, ainda a sangrar, na alma da Pátria.
Herdeiro e simultaneamente renegador da primeira república, o Estado Novo quer realizar a aliança do sim e do não e balouça-se, perigosamente, entre um corporatismo estatista e as urnas democráticas. ambos por igual incapazes de promover a genuína Representação Nacional.
Nunca, como neste momento crucial da vida da Nação, quando os nossos soldados se batem e morrem para que a Pátria sobreviva na sua unidade de grandeza e tradição, foi tão necessária a concórdia entre os portugueses, pela restauração da dignidade cívica, pela reconquista das liberdades legítimas e necessárias, pelo combate sem tréguas à prepotência e ao arbítrio, pela eliminação de monopólios e oligarquias, pela distribuição da justiça que a todos é devida na legítima hierarquização dos valores espirituais e humanos.
Dando o justo valor ao que de necessário ou útil outros, e muito bem, já tenham realizado, entendem os signatários que é de decisiva urgência a formação de um movimento intelectual, que tenha como objectivo aquilo a que Afonso Lopes Vieira chamou, lapidarmente: o reaportuguesamento de Portugal.
Com a consciência da limitação de meios que o condicionalismo nacional impõe, pensaram que o centro de uma acção espiritual, como aquela que desejam ver lançada, se poderia concretizar na criação de um Instituto, que, por unanimidade, colocam sob o patrocínio de António Sardinha.
Não menos que a divulgação de verdades esquecidas, importa corrigir as deturpações de verdades falsificadas. Mais do que a fidelidade a fórmulas ou até a soluções, cumpre ser fiel a um estilo de pensar e de amar o País real, como fez, no seu tempo, o ardente doutrinador de AO PRINCÍPIO ERA O VERBO.
Assim, o «INSTITUTO ANTÓNIO SARDINHA› procurará, através de publicações, conferências, estudos, reuniões culturais e por todos os meios de convívio, actuar na vida portuguesa e participar no debate político nacional.
Os signatários aceitam com humildade todas as sugestões que lhes queiram dirigir e, com orgulho, proclamam a sua fé inabalável na vitória da verdade política portuguesa, católica e monárquica.
Lisboa, 1.° de Dezembro de 1961
- Manuel de Bettencourt e Galvão
- Fernando Amado
- André de Melo e Castro Ribeiro
- José Rebelo Vaz Pinto
- António Seabra
- Adriano Rebelo Vaz Pinto
- Fernando Sarmento Pimentel Neves
- Gastão Caraça da Cunha Ferreira Fernão Pacheco de Castro
- Luiz Vaz de Sampayo e Mello
- Henrique Barrilaro Ruas
- Fernando Pessoa de Calheiros Velloso Gaspar de Campos
- José Fernando Rivera Martins de Carvalho
- José Hipólito Rebelo Raposo
- José João Gorjão Henriques de Mello Lapa
INSTITUTO "ANTÓNIO SARDINHA"
(Em Organização)
(Em Organização)
Prezado Amigo:
Comemora-se este ano o 50° aniversário da fundação do Integralismo Lusitano.
O Instituto "António Sardinha" comemorará este ano, também, o primeiro meio século do movimento integralista en Portugal.
Resta saber o que, de facto, se comemora.
Após 20 anos de lutas, a Junta Central do Integralismo Lusitano cessou as suas actividades políticas em 1933, tendo a Causa Monárquica recolhido, a benefício de inventário, não poucos troféus políticos integralistas.
Daí em diante, e até nossos dias, os integralistas só individualmente se manifestaram, e os maiores e melhores fizeram-no sem tibieza e sem equívoco.
Passados trinta anos, é talvez cedo ainda para pedir aos tíbios e aos equívocos as responsabilidades todas; mas é tempo já de assinalar que as houve, e há - e bem pesadas são.
Assim, pode-se em todo o caso pensar que se trata de rememorar um movimento político, nado e já morto, que lutou o bom combate contra os infiéis de então, e que se retirou a tempo, coberto de glórias, depois de vencida de vez a Anti-Nação.
Verificamos, os do Instituto "António Sardinha", que não poucos pseudo-monárquicos, servidores gulosos da pseudo-Nação, vislumbram assim umas pseudo-comemorações do Integralismo Lusitano.
Queremos esperar que se enganem de todo em todo, e que nenhuma cerimónia se leve a cabo que - pelo estilo ou pelas presenças - se assemelhe mais a uma missa de aniversário que a uma festa de anos.
A cessação das actividades políticas da Junta Central do Integralismo Lusitano podia parar - e de facto parou - o andamento de uma máquina política; não podia matar - e de facto não matou - as ideias nos espíritos e a Esperança nos corações.
Dez anos depois, e logo após a prisão e exílio de Hipólito Raposo [1940], as Edições Gama mostravam ao País - já então alheado e ausente - o que o Integralismo tinha dito e se não encontrava nos compêndios oficiais.
A essa voz, as vozes novas tratando problemas novos - a de Fernando Amado foi de todas estas a mais articulada - acordou a consciência de muitos de nós para a dignidade da Política.
Mais um lustro - e Pequito Rebelo, no "Meu Testemunho", veio lembrar-nos que, se na Monarquia cabem todos os portugueses, o Integralismo tem de combater hoje a Pseudo-Nação de ordem como tinha combatido, trinta e cinco anos antes, a Anti-Nação da anarquia.
O eco desta confirmação pública do que pensávamos foi a Cidade Nova, onde durante dez anos alguma coisa pudemos publicar.
Dez anos mais tarde, o Instituto "António Sardinha", menos cultural e mais político, menos condicionado e mais flexível, incarnou a nossa fé de que o Integralismo continua vivo e continua puro.
Ora a melhor forma de comemorar um movimento político é demonstrar que se encontra vivo e puro - ou seja, capaz de se definir com clareza, capaz de encarar com inteligência as circunstâncias novas, capaz de combater, de cara descoberta, os inimigos declarados, capaz de colaborar, lucidamente, com aliados sinceros, capaz de cortar, de vez, com colaborações comprometedoras.
A nossa comemoração do Integralismo Lusitano será um êxito, se formos capazes de tudo isto. Se não, mais nos valera não termos Instituto "António Sardinha".
A nossa comemoração será, portanto, fiel.
Fiel às pessoas - e oramos pelos nossos mortos: Xavier Cordeiro, António Sardinha, Afonso Lucas, Hipólito Raposo, Vasco de Carvalho e Alberto de Monsaraz.
Fiel às pessoas - e saudamos comovidamente os vivos: Pequito Rebelo, Luís de Almeida Braga e Rolão Preto.
Fiel à legítima Autoridade - e saudamos respeitosamente El-Rei, que tão grandes e dignos servidores teve e tem, na grande liberdade dos filhos de Deus com que um verdadeiro monárquico sabe servir, com disciplina legitima.
Comemoração fiel, por último, às Ideias do Integralismo Lusitano.
Nem singular, nem coletivamente tiveram os primeiros integralistas o dom da infalibilidade. As suas formulações de verdades políticas portuguesas são, de certo, um monumento político da História Pátria - não são o Símbolo dos Apóstolos.
Estaremos, portanto, perante as ideias do Integralismo Lusitano na atitude respeitosa e crítica que este tinha para com as opiniões dos pensadores miguelistas - seus Mestres, que não seus ídolos.
Mas importa aqui lembrar sobretudo que todo o pensamento humano nasce em determinada circunstância - histórica, geográfica, cultural. E não há sector do pensamento que deva ser mais fiel à circunstância que o pensamento político, atento, como deve estar, aos problemas concretos do convívio dos homens em cada Cidade, em cada Época.
Ora a circunstância política portuguesa alterou-se radicalmente entre a época do nascimento do Integralismo Lusitano e estes nossos nevoentos dias.
Então o movimento nasceu cono reivindicação do princípio monárquico - poder pessoal superior às ideologias - numa circunstância de todo em todo vincada pela aparente legitimidade do princípio parlamentar republicano, recém triunfante e muito vivo nos espíritos, ainda não advertidos do pendor anárquico de uma constituição facciosa.
Hoje em dia, passada já, há muito, a fase inicial de um novo regime com "um título de legitimidade por assim dizer de emergência", não há na governação portuguesa princípio legitimante de natureza política. A legitimidade é meramente jurídica e, como tal, apoiada mais no aparelho coercivo, do que na solidez e profundidade dos alicerces que o regime deveria ter criado - e não soube criar - nas almas dos portugueses.
Só o velho princípio parlamentar republicano - usado aqui como táctica, além como miragem - parece evocar ainda algo em nossos dias.
E pensar que do edifício político tradicional - redescoberto pelos integralistas e ruído por falta de legitimidade monárquica - há traves mestras que hoje servem apenas para trancar portas...
É, portanto, singularmente difícil a tarefa de definir princípios integralistas em circunstância tão diversa da original - já que não se trata de atualizar, nem de sequer redefinir, mas de, como integralistas, definir de novo e combater de novo.
Importa que tudo se faça mais atentos às realidades de Portugal e dos portugueses que às ideias alheias - já que pretendemos definir ideias e não espalhar ideologias.
Nos liberi sumus, Rex noster liber est, et manus nostrae nos Liberaverunt.
Só connosco podemos contar para nos libertarmos e libertarmos o nosso Rei.
Lisboa, 16 de Março de 1964
Instituto "António Sardinha",
A Comissão do IAS,
Organizadora das Comemorações do Cinquentenário do Integralismo Lusitano
Ass.
Manuel de Bettencourt e Galvão,
Fernão Pacheco de Castro,
Rivera Martins de Carvalho.
A Comissão do IAS,
Organizadora das Comemorações do Cinquentenário do Integralismo Lusitano
Ass.
Manuel de Bettencourt e Galvão,
Fernão Pacheco de Castro,
Rivera Martins de Carvalho.