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O SEbastianismo segundo António Sardinha

José Manuel Quintas

“…a miragem constante da Ilha-Afortunada onde o Encoberto aguarda que se cumpram, para a sua volta, o ano e dia das Profecias.”

​ -
António Sardinha

O Sebastianismo segundo António Sardinha: Filosofia, Identidade Nacional e Dualismo Peninsular
António Sardinha apresenta o Sebastianismo como núcleo da filosofia da Esperança portuguesa e o mito sebástico como estruturante da identidade nacional, com raízes profundas no lirismo e na espiritualidade do povo. Aqui se apresenta uma síntese das ideias de António Sardinha sobre o Sebastianismo, recorrendo exclusivamente aos conteúdos dos textos indicados nas referências [seguir as ligações para leitura integral]. O objetivo é o de clarificar, de forma concisa, a sua visão acerca da função social, filosófica e histórica do Sebastianismo, bem como do papel que desempenha na identidade nacional portuguesa e no dualismo peninsular.
  1. O Sebastianismo como Virtude Nacional. António Sardinha interpreta o Sebastianismo não como uma fraqueza do temperamento português, mas sim como uma virtude. Para Sardinha, a crença no retorno de D. Sebastião expressa um desejo profundo de redenção coletiva, sendo resultado da confiança da nacionalidade portuguesa no seu destino histórico. O mito sebástico, longe de ser um sintoma de estagnação ou decadência, representa a fé indomável de um povo capaz de renascer das adversidades. Ao longo do tempo, o Sebastianismo foi mobilizado em momentos cruciais, como durante o domínio filipino e a Restauração de 1640, consolidando-se como fundamento da legitimidade e sobrevivência nacional. O movimento sebastianista mantém um grande valor psicológico e social, funcionando como força propulsora de resistência e renovação nacional.
  2. Filosofia da Esperança. Sardinha defende que o Sebastianismo encerra uma filosofia completa, que designa como filosofia da Esperança. Recusa a origem judaica do Sebastianismo, salientando que, embora inspirado por um sentimento bíblico, tem raízes cristãs e portuguesas. O mito sebástico liga-se à mística cristã e às tradições locais, constituindo uma manifestação da autonomia portuguesa. Sardinha recupera as reflexões de Menéndez Pelayo, que associa o mito do Encoberto ao ciclo das lendas célticas e à matéria bretã, identificando-o como uma expressão do lirismo português. “Artur é irmão de Sebastião e ambos descendentes do mito atlântico de Saturno.” O Sebastianismo excede a figura de D. Sebastião, tornando-se um símbolo das aspirações comunitárias do povo português. Ensina a acreditar no futuro do país e a trabalhar para concretizá-lo, reconstruindo as condições vitais da existência coletiva. É por via do Sebastianismo que a nacionalidade portuguesa, ainda que adormecida, se mantém viva.
  3. Função dos Mitos na História Nacional. Inspirando-se em autores como Georges Sorel e Vilfredo Pareto, Sardinha defende que os mitos não são utopias ou ficções, mas expressões de uma vontade coletiva energicamente assumida. Os mitos funcionam como motores das aspirações nacionais e como incentivo moral, permitindo às nações superar decadências e renovar a confiança no seu destino. O valor do mito reside na sua força social, capaz de unir e fortalecer o povo em momentos críticos. O mito de Ourique, mobilizado desde a resistência à dominação espanhola até à restauração da independência, exemplifica a capacidade de mobilização coletiva. Durante o período filipino, o espírito de Ourique foi reafirmado no Sebastianismo como fonte de esperança e coragem.
  4. Identidade Nacional e Reabilitação dos Mitos. Sardinha atribui a decadência portuguesa e a crise da nacionalidade a uma crise da Inteligência. Para ele, não haverá renascimento literário sem a restauração do sentimento de nacionalidade, nem haverá nacionalidade sem a restauração da sua cultura. Defende que o regresso à fé nas tradições e mitos nacionais é condição indispensável para restaurar a pátria e a consciência coletiva. O Sebastianismo, longe de ser um resíduo de superstição, é apresentado como expressão suprema da vitalidade e resistência de Portugal, síntese de sua história, esperança e missão coletiva.
  5. Tradição, Nacionalismo e Crise da Inteligência. Sardinha associa a renovação nacional à restauração da tradição, entendida não como regresso estático ao passado, mas como uma linha contínua e harmónica que encadeia gerações, acontecimentos e ideias. A tradição garante a continuidade dos valores que constituem a pátria, sendo definida como "permanência no desenvolvimento". O progresso depende da transmissão recebida, que só é possível pela tradição. A organização social portuguesa — estruturada na família, município e corporação — reflete esse tradicionalismo, orientando o nacionalismo. Sardinha valoriza o regionalismo não como expressão artística restrita, mas como elemento de exaltação da energia lírica nacional, conciliando-o com uma visão universalista, que defende a preservação da personalidade nacional sem isolamento face às influências externas.
  6. Dualismo Peninsular: Sebastianismo e Quixotismo. Sardinha estabelece um paralelo entre o Sebastianismo português e o Quixotismo castelhano, defendendo que cada um representa uma filosofia inata da respetiva alma nacional. O Sebastianismo condensa a esperança e o lirismo da alma portuguesa, enquanto o Quixotismo expressa o sentido trágico e heroico da alma castelhana. O elemento psíquico, mais determinante do que o físico, é apresentado como definidor das nacionalidades ibéricas. A especificidade do ethos português é identificada no lirismo e na vocação marítima, enquanto o ethos castelhano é marcado pela vocação terrestre e pela literatura épica. Essa dualidade garante a unidade ultranacionalista da Península, sem suprimir as individualidades próprias de cada povo.
  7. O Encoberto enquanto Mito Nacional. Desde o pré-sebastianismo das obscuras cristandades moçárabes, passando pelo milagre de Ourique e culminando no Sebastianismo, Sardinha sustenta que o mito do Encoberto se confunde com a religião da esperança, tornando-se fonte de energia positiva para a alma portuguesa. Ao condensar aspirações coletivas, o mito do Encoberto transforma-se em teoria da nacionalidade e disciplina do ressurgimento, capaz de unir passado e futuro numa continuidade fecunda. Sardinha rejeita a estigmatização do Sebastianismo e propõe o retorno à fé nas tradições e mitos nacionais como condição indispensável para restaurar a pátria e sua consciência coletiva. “A Monarquia do Encoberto é, estruturalmente, a energia de milagre que ainda hoje aguenta de pé a pátria desventurosa.”

​Sintra, 5 de Outubro de 2025

J. M. Q. 



Referências:

  • 1917-1919 - António Sardinha - O 'milagre' de Ourique
  • 1920-01 - António Sardinha - Pratiquemos um acto de inteligência! (Carta a Álvaro Maia)
  • 1922 - António Sardinha - 1640
  • 1922 - António Sardinha - "Portugal, tierra gensor!"
  • 1924-09 - António Sardinha - O Século XVII
  • 1924 - António Sardinha - A Aliança Peninsular
  • 1937 (ed.) - António Sardinha - Processo de um Rei

​Referências ao Sebastianismo e ao Mito do Encoberto em António Sardinha
António Sardinha, no ensaio "Sebastianismo e Quixotismo" publicado em A Aliança Peninsular (1924), apresenta o Sebastianismo como uma verdadeira Filosofia da Esperança, profundamente enraizada na alma portuguesa. Aqui estão algumas citações e ideias-chave que sustentam essa visão:

Sebastianismo como Filosofia Inata da Alma Portuguesa - "Dentro deste contexto sociocultural, o Sebastianismo surge como condensação da filosofia portuguesa: a Esperança, nutrida pela experiência bucólica e pacífica de uma raça sedentária." - Sardinha vê o Sebastianismo como expressão do lirismo e da ternura portuguesa, surgido de uma vivência rural e sentimental, em contraste com o estoicismo castelhano.

O Mito do Encoberto como Símbolo da Esperança - "O mito do Encoberto, como um alerta permanente de esperança, só do Lirismo brotou e só pelo Lirismo se mantém ainda agora." Aqui, Sardinha liga o mito sebástico à tradição lírica portuguesa, destacando-o como uma forma de resistência espiritual e de sonho coletivo.

Sebastianismo vs. Quixotismo: Éticas Divergentes - "No Sebastianismo se condensa, pelo exposto, a filosofia inata da alma portuguesa, como a da alma espanhola se consubstancia na essência dolorida do Quixotismo, toda imbuída de um extraordinário e comovedor patético." - Sardinha contrapõe o Sebastianismo à figura de D. Quixote, associando o primeiro à esperança lírica e o segundo à bravura estoica, revelando duas formas distintas de encarar a existência.

A Esperança como Elemento Psíquico Nacional - "Há que importar-nos, realmente, com o Sebastianismo, para que melhor se entenda e sinta o que é Portugal nos recursos assombrosos do seu espírito de resistência e de sonho." - Esta frase resume a ideia de que o Sebastianismo não é apenas um mito político ou religioso, mas sim uma expressão profunda da identidade nacional portuguesa, centrada na esperança e na espera messiânica.

Sebastianismo como “religião da Esperança” - António Sardinha descreve o Sebastianismo como uma forma de fé nacional, uma “religião da Esperança” que alimenta o ideal português de redenção e grandeza futura: “O que no Sebastianismo crepitasse de vesânia ou estultícia, como o regresso de D. Sebastião, forma tangível da ‘religião da Esperança’ para o vulgar das gentes...”

D. Sebastião como o “Rei Encoberto”: O mito sebástico é definido como a identificação de Portugal com o rei perdido, mas imortal, D. Sebastião: “Portugal identifica-se ao rei perdido, mas imortal. D. João IV, retomando o lugar de D. Sebastião, dá realidade ao mito e volve-o em acto permanente e vivo.”

Sebastianismo vs. Messianismo - António Sardinha distingue o Sebastianismo do messianismo judaico, considerando o primeiro como uma expressão nacional e cristã: “...o ‘sebastianismo’ individualiza-o e nacionaliza-o entre nós. De ‘mito’ poético torna-se depressa em como que ‘teoria da nacionalidade’.”

Influência do Bandarra e das Trovas - O mito do Encoberto é associado às profecias de Bandarra, sapateiro de Trancoso, cujas trovas alimentaram o imaginário popular: “Um, além da adaptação de profecias estranhas, deriva das trovas de Bandarra; o outro fundamentava-se na sua transcrição...”

Comparação com o Rei Artur e o mito de Saturno - Sardinha aproxima o mito do Encoberto ao do Rei Artur e ao mito ocidental de Saturno, afastando-o das raízes judaicas:
“Artur é irmão de Sebastião e ambos descendentes do mito atlântico de Saturno.”

A Ilha Afortunada e o regresso do Encoberto - O Encoberto aguarda o cumprimento das profecias numa ilha mítica, a Ilha Afortunada, reforçando o carácter mítico e messiânico do mito.
“...a miragem constante da Ilha-Afortunada onde o Encoberto aguarda que se cumpram, para a sua volta, o ano e dia das Profecias.”

Sebastianismo como força social - O Sebastianismo como uma força de resistência e de identidade nacional, especialmente durante o domínio filipino: “A Monarquia do Encoberto é, estruturalmente, a energia de milagre que ainda hoje aguenta de pé a pátria desventurosa.”

Sebastianismo como filosofia da Grei - Sardinha eleva o Sebastianismo a uma filosofia da grei portuguesa, comparando-o ao Quixotismo castelhano: “O Sebastianismo é por isso a filosofia da nossa Raça, como o Quixotismo... é a filosofia da raça castelhana.”

​ O 'milagre' de Ourique
​

"Arrastado pelo ridículo e pela sátira, o Sebastianismo, graças ainda à intervenção da crítica psicológica na história, apresenta-se para nós como uma virtude – e nunca como um defeito – do temperamento nacional."

Pratiquemos um acto de inteligência!
​

"Para mim – para meu nacionalismo refletido e sistemático – a Nacionalidade não morreu. Dorme apenas, guardada, na integridade da sua alma de maravilha pelas virtudes místicas do Sebastianismo, de que há a extrair uma filosofia completa – a filosofia da Esperança."
...
"Pois o Sebastianismo, na sua parte positiva, como interpretação psicológica da nossa história, ensina-nos a crer no grande amanhã de Portugal e, demonstra-nos como o poderemos tornar uma realidade imediata, desde que restituamos o nosso país às condições invioláveis da sua existência colectiva – ao que, cientificamente, designaremos por «meio-vital» da Nacionalidade." 

"1640"

"Nada de hebraico existe no 
Sebastianismo, senão o sentimento bíblico que naturalmente o inspira e que é de boa derivação cristã.
 
"A Restauração só por si demonstra-nos quanto a crença sebástica, aliando, por uma filosofia experimental de alta transcendência, o Sonho à Acção, constitui, depois da nossa estrutura católica, o fundamento mais sólido do génio da Grei." (Idem)
 
"Tocar em semelhante tema é, sem receio de contestação, tocar no valor do Sebastianismo, como fonte de energia, mas de energia positiva, na dinâmica da alma nacional." (Idem)
 
"Não é de maneira alguma depressiva essa influência – ao contrário do que imagina o criticismo de certos racionalistas encartados A prova, temo-la na Restauração e no século que no-la enquadrou. Repito: século severo, mas grande século! Não nos é lícito, por isso, encarar o Sebastianismo, que inflama a íntima fé nacionalista da côrte de D. João IV, como um sintoma de mentalidade caída e estagnada." (Idem)
 
"Desde que nos recordemos que em manifestos de responsabilidade, como a Lusitania liberata, de António de Sousa de Macedo, rutilam os clarões da estranha auréola sebástica, decerto que se apossa logo de nós uma outra compreensão do assunto." (Idem)
 
"A Restauração, conquanto no dizer de Garrett viesse melancólica e ascética, marca indubitavelmente uma ‘restauração’ da alma portuguesa. Nada melhor o prova do que o sentido orgânico de que o Sebastianismo se reveste nesse raro momento de condensação nacionalista, desde as camadas mais humildes do povo aos seus cumes doirados, em palácio." (Idem)
 
"A Restauração só por si demonstra-nos quanto a crença sebástica, aliando, por uma filosofia experimental de alta transcendência, o Sonho à Acção, constitui, depois da nossa estrutura católica, o fundamento mais sólido do génio da Grei." (Idem)
 
"Para lá, e muito para lá de Artur, está o Saturno das lendas Proto-históricas do Ocidente, de que Martins Sarmento se ocupa com largueza em Os Argonautas. Aí a origem longínqua do Sebastianismo, que a mística do Cristianismo depuraria, conferindo-lhe mais coesão e ideal. Sinal assim da enraizada autoctonia do Lusitano, encontra a sua tipificação histórica em D. Sebastião. E se nos recordarmos agora da significação social dos Mitos, como Georges Sorel a concebe na sua conhecida teoria, abrangeremos por completo o alcance e a influência do Sebastianismo ao longo da nossa história." (Idem)

Século XVII
 
"Se o temperamento dogmático e seco do castelhano, como nascido e medrado nas solidões pensativas da Meseta, o empurra para manifestações exclusivamente individuais e individualistas, como o D. Quijote, as gentes da ribeira atlântica, dispondo de uma outra sociabilidade e senhoras de uma feição lírica inconfundível, encontrariam no relevo de uma criação anónima o herói que lhes personificasse as aspirações, a um tempo comunitárias e imperialistas. A condição especial do Luso dentro da família peninsular, objecto de longos debates, fixa-se tipicamente no caso do Sebastianismo. Claro que «Sebastianismo» significa e importa um conjunto de sentimentos e de forças morais que excede a figura restrita de D. Sebastião, o qual foi o seu condensador."

https://www.estudosportugueses.com/20251005jmqsebastianismo.html
2025-10-05_-_josé_manuel_quintas_-_o_sebastianismo_segundo_antónio_sardinha_-_estudos_portugueses.pdf
​​...nós não levantaríamos nem o dedo mínimo, se salvar Portugal fosse salvar o conúbio apertado de plutocratas e arrivistas em que para nós se resumem, à luz da perfeita justiça, as "esquerdas" e as "direitas"!

​​- António Sardinha (1887-1925) - 
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