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Jornada de uma ideia

António Sardinha
As ideias, como os indivíduos, têm também sua genealogia. Não se formam de um jacto, e até que adquiram o amadurecimento completo, são tenteadas e adivinhadas dolorosamente por aqueles que já lhes pressentiam de longe o prestígio dominador. O Integralismo Lusitano não é assim uma atitude intelectual, decidida numa atmosfera recatada de gabinete. Nós viemos no momento em que as verdades que proclamamos encontraram a sua oportunidade histórica. Essas verdades não as achámos nós, refugiados cismadoramente na torre do Conceito Puro. Essas verdades são ditames positivos, deduzidos com rigor da observação rigorosa dos factos, e já antes de nós possuíam os seus definidores.

A Política é uma ciência. E porque é uma ciência, não se pratica ao sabormde predilecções caprichosas, sem se servir de um método que é, por sua condição, eminentemente experimental. Não é aplicando à realidade social a rigidez algébrica das nossas abstracções que se serve melhor a fortuna dos povos e os interesses de uma pátria. Taine escrevia com razão que, se um dia precisasse de se resolver por uma opinião política, não o faria sem primeiro estudar a história da França. O mesmo escritor entendia que um país não se pode declarar sobre a forma de governo que mais lhe convém. A sua forma de governo, a sua constituição propriamente dita, está de antemão traçada na marcha da sua história. O problema consiste, desta maneira, não em votar uma Constituição mais ou menos liberal, mais ou menos conservadora, mas em verificar se, em relação ao passado, essa Constituição existe.

É ainda Taine que continua: «A natureza e a história escolheram por nós antecipadamente. É a nós que nos cabe acomodarmo-nos a elas, porque nunca elas se acomodarão a nós. A forma social e política, na qual um povo pode entrar e permanecer, não fica dependente do seu arbítrio, mas é determinada pelo seu carácter e pelos seus antecedentes.» Assim, as instituições por que uma pátria se deve reger, não são o produto isolado de uma vontade isolada. Mais que o resultado consciente de uma vontade, representam a criação lenta e secular do génio colectivo de uma raça.

Tais são as bases fundamentais da doutrina integralista. Diz-se integralista a nossa doutrina, porque a questão portuguesa se lhe apresenta em conjunto, debaixo de todos os seus aspectos. Não é exclusivamente o aspecto político que nos preocupa. Preocupam-nos com igual interesse o aspecto moral, o aspecto económico, o aspecto literário. Portugal é uma terra desnacionalizada nos costumes, desnacionalizada nas aspirações, que são nenhumas, desnacionalizada nos bandos que a conquistaram e a dominam como coisa de pretos. É preciso restaurar Portugal para Portugal. Por isso, o regresso da Monarquia não tem que valer unicamente como uma restauração – mas, sobretudo, como uma instauração.

Somos tradicionalistas. Ser tradicionalista não é devolver-nos ao Passado – morto, inerte, nos seus moldes cristalizados. É aceitar do Passado o impulso dinâmico, a sua força vivificadora. Para nós tudo o que é repousa naquilo que foi. A Tradição não é assim um ponto imóvel na distância. É a continuidade no desenvolvimento – é aquela ideia directriz que já Claude Bernard apontava como presidindo à vida dos seres. Não acatar as regras inalienáveis da nossa conformação histórica, o mesmo é que pretender substituir estultamente a nossa hereditariedade individual por qualquer outra que seja mais do nosso gosto ou simpatia!

Os princípios que defendemos, antes de serem princípios foram conclusões. Nós não significamos aqui mais do que um voto unânime da nacionalidade pelo apelo sagrado dos seus Mortos. A nossa política não é uma política de profissionais mas uma política de profissões. Assentamos numa concepção orgânica da sociedade, com a diferenciação e a competência por critérios reguladores. Se nos insurgimos contra a Democracia, é porque a Democracia é a negação de todo o estímulo e de toda a disciplina. Somos antiliberais. Mas somos antiliberais, porque, municipalistas, em relação ao localismo, e sindicalistas, em relação aos problemas do trabalho, é pelas liberdades, de sentido restrito e concreto, que dedicadamente nos inscrevemos.

Não surgimos, pois, de improviso, desbaratando os ídolos com a intrepidez da nossa convicção. Para trás, ao longo das caminhadas ásperas de Portugal, bastantes espíritos nos anunciaram, numa ânsia dolorida de perscrutarem as incertezas do futuro. Já não falo dos que se mantiveram fiéis aos dogmas de todos os séculos, contra a verdade passageira de um século. Já não falo no Marquês de Penalva, em José Acúrsio das Neves, em José Agostinho de Macedo. Falo em Almeida Garrett, amargamente desiludido da ficção por que batalhara. Falo em Alexandre Herculano, indicando às gentes vindouras o Município como o único alicerce a oferecer com segurança para uma sólida reorganização da nacionalidade.

Também Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão nos precederam com as suas campanhas destemidas em pleno carnaval constitucionalista. Ramalho ainda pôde deitar-nos a sua bênção carinhosa de avô, antes de os olhos se lhe cerrarem para sempre. Os tempos andaram, clarificando em doutrina o que neles não conseguira ser mais do que uma adivinhação. E Oliveira Martins, que na última fase da sua existência de político e de escritor tão perto de nós se achegou, Oliveira Martins, ao fechar as páginas finais da sua desgraçada História de Portugal, assim se
pronunciava:

«Continua ainda a decomposição nacional, apenas interrompida de um modo aparente pelas ideias revolucionárias e pela restauração das forças económicas, fomentadas pelo utilitarismo universal? Ou presenciamos um fenómeno de obscura reconstituição, e sob a nossa indecisa fisionomia nacional, sob a nossa mudez patriótica, sob a desesperança que por toda a parte ri ou geme, crepitará latente e ignota a chama de um pensamento indefinido ainda?»

Nós somos esse pensamento que a hora amarga da crise acabou por definir. Temos as raízes mergulhadas no coração da Raça! Se há motivos para crer neste desventurado país, não estarão longe da aspiração que dia a dia vamos formulando e que dia a dia toma corpo e alma diante de nós. Venham a nós as criaturas de Boa-Vontade! Mas venham a nós com o gosto da obediência e com a resignação heróica do sacrifício. Só assim o nosso esforço será fecundo – só assim nós responderemos com palavras fortes de esperança à interrogação angustiosa de Oliveira Martins!

​[ negritos acrescentados ] 

1926 - António Sardinha - Na Feira dos Mitos - Ideias e Factos
​​...nós não levantaríamos nem o dedo mínimo, se salvar Portugal fosse salvar o conúbio apertado de plutocratas e arrivistas em que para nós se resumem, à luz da perfeita justiça, as "esquerdas" e as "direitas"!

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- António Sardinha (1887-1925) - 
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