Rodrigues Cavalheiro, 1902-1984.
António Rodrigues Cavalheiro (Lisboa, 26. 01. 1902 - 1984). Dissidente do Integralismo Lusitano.
Historiador, professor, político e olissipógrafo. Licenciado em Ciências Históricas e Geográficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi professor no Liceu Camões e no Liceu Gil Vicente, ambos em Lisboa, e também na Escola Naval, onde leccionou História Marítima.
Amigo e discípulo de António Sardinha, ingressou em 1919 no Integralismo Lusitano, vindo a integrar a sua Junta Escolar de Lisboa e a secretariar a revista Nação Portuguesa. Em 1927, desvinculou-se das orientações da Junta Central do Integralismo Lusitano, com José Maria Ribeiro da Silva, Pedro Teotónio Pereira, Manuel Múrias, Marcelo Caetano, Pedro de Moura e Sá.
Em 1928, licenciou-se em Ciências Histórico-Geográficas apresentando uma tese dentro da linha das erratas historiográficas inauguradas por António Sardinha e pelos autores do Integralismo Lusitano. O general Gomes Freire, até então apresentado como um herói, é ali revelado como um herói fictício. Sob o título “Gomes Freire, mau português e mau soldado”, Cavalheiro retoma a tese enunciada por António Sardinha em 1917, desenvolvendo o estudo que entretanto publicara na revista Nação Portuguesa, em 1922 (“À margem dum processo (A questão de Gomes Freire)”, Nação Portuguesa, II série, n.º 5, 1922, pp. 61-72; 222-229), esclarecendo os serviços que aquele militar prestou a interesses estrangeiros.
Em 1930, frequentou a Sorbonne especializando-se em metodologia histórica. Embora se tenha desvinculado do Integralismo em 1927, ainda colaborou com os mestres integralistas na publicação das obras póstumas de António Sardinha. Foi um notável historiador, com grande erudição e rigor na análise e crítica das fontes, vindo a especializar-se no período da Restauração de 1640 e no reinado de D. Carlos I. Nos anos de 1940, tal como João Ameal, reaproximou-se definitivamente da Salazarquia e dos dissidentes do Integralismo Lusitano que tentaram apropriar-se do legado intelectual de António Sardinha. Foi deputado à Assembleia Nacional, em 1942, e procurador à Câmara Corporativa, em 1961.
Em 1975, Rolão Preto, em entrevista a João Medina, ao referir-se aos seus mestres portugueses, identificou a geração de 70, Oliveira Martins e Ramalho Ortigão: [... ] "E Ramalho, que interessou tanto Rodrigues Cavalheiro - a propósito, Rodrigues Cavalheiro era um integralista, veio um tempo para o nosso movimento e depois desapareceu numa coisa qualquer salazarista..." [acerca da importância do legado da geração de 70, ler O Integralismo Lusitano e a herança dos "Vencidos da Vida"]
O espólio documental de Rodrigues Cavalheiro ficou depositado na Universidade Católica Portuguesa, Biblioteca Universitária João Paulo II, em Lisboa.
Bibliografia
1922 - "À margem dum processo - a questão Gomes Freire", Nação Portuguesa, 2 (2), Agosto de 1922, pp. 61-72.
1922 - "À margem dum processo - a questão Gomes Freire", Nação Portuguesa, 2 (5), Novembro de 1922, pp. 222-229.
1926 - "Uma página de memórias", Gil Vicente, 2ª série, nos. 1 e 2, 1926, pp. 9-10.
1931 - Introdução a Os motins de Campo de Ourique em 1803: documentos inéditos, Lisboa, Ed. José Fernandes Junior, Separata da Nação Portuguesa, vol. VII, tomo 1.
1933 - "Pombal visto por Sardinha", Ocidente, nº 6, Outubro de 1933, pp. 450-453.
1938 - Temas de História, com prefácio de Edgar Prestage, Porto, Civilização.
1939 - "O monumento a Sardinha", Ocidente, nº 6, Outubro de 1939, pp. 303-4.
1939 - com João Ameal, Erratas à História de Portugal - De D. João V a D. Miguel, Porto, Tavares Martins.
1940 - "António Sardinha e o «Restaurador»", Ocidente, nº 25, Maio de 1940, pp. 335-337.
1940 - "António Sardinha", Ocidente, nº 29, Setembro de 1940.
1940 - "Cruz, Arado e Espada", Ocidente, nº 54, Outubro de 1942, pp. 212-219.
1941 - "O Historiador Rodrigues Cavalheiro revela uma carta inédita de António Sardinha sobre um problema da Restauração" in Diário da Manhã, 1 de Dezembro de 1941.
1942 - 1640, Richelieu e o Duque de Bragança, Lisboa, Clássica Editora.
1944 - A Europa e o Domínio Filipino em Portugal (colaboração com Luís Vieira de Castro).
1945 - com Eduardo Dias, Memórias do forasteiro aquém e além-mar: Portugal, África e Ìndia nos séculos XX-XVI, Lisboa, Clássica Editora.
1948 - prefácio a Cartas de Sua Magestade a Rainha Senhora D. Amélia a D. Manuel de Bastos Pina, Bispo-Conde de Coimbra, Lisboa, Clássica Editora.
1949 - "O complexo e sugestivo século XVII"; "Um grande livro de portuguesismo", Atlântico, Lisboa e Rio de Janeiro, 3ª série, 1, 1949, pp. 54-56; 56-58.
1950 - "Autoridade e Progresso", Atlântico, Lisboa e Rio de Janeiro, 3ª série, 3, 1950, pp. 87-89.
1956 - No Centenário de João Franco.
1957 - prefácio a Cartas de Mouzinho de Albuquerque ao Conde De Arnoso, Lisboa, Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário de Mouzinho de Albuquerque.
1957 - D. Carlos I e o Brasil.
1958 - Três Grandes Sombras.
1959 - António Sardinha - Antologia, Lisboa, Panorama.
1959 - Ramalho Ortigão - Antologia, Lisboa, Panorama.
1960 - Homens e Ideias, Lisboa, Liv. Samcarlos.
1960 - Política e História, Lisboa, Liv. Samcarlos.
1961 - Afonso Lopes Vieira, sel. e prefácio, Lisboa, Panorama.
1962 - A evolução espiritual de Ramalho, Lisboa, Liv. Clássica.
1963 - Luis de Magalhães e o Parlamento de 1895.
1963 - João Franco e os Intelectuais do seu Tempo, 1963.
1964 - O rei D. Carlos perante a Arte e perante a História.
1965 - O regicídio de 1908 e a "rigorosa e implacável lógica" das suas consequências.
1967 - D. Manuel II e João Franco, separata da revista Sulco, 1967 (2ª ed., Lisboa, Biblioteca do Pensamento Político, 1970).
1967 - D. Manuel II e João Franco: correspondência inédita, Lisboa, separata da revista Sulco, 2ª série, 8-9.
1968 - Um inédito de António Sardinha sobre a Monarquia do Norte, Separata do nº 15-16 da revista Sulco (2ª série), Lisboa, 1968.
1970 - D. Manuel II e João Franco: correspondência inédita, Lisboa, Of. São José, 1970 (2ª ed.).
1971 - Introdução a Ramalho Ortigão, Farpas Escolhidas, Lisboa, Verbo.
1973 - "O Integralismo e as Letras", Gil Vicente, 2ª série, nos. 5 e 6, 1973.
Refs
Historiador, professor, político e olissipógrafo. Licenciado em Ciências Históricas e Geográficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi professor no Liceu Camões e no Liceu Gil Vicente, ambos em Lisboa, e também na Escola Naval, onde leccionou História Marítima.
Amigo e discípulo de António Sardinha, ingressou em 1919 no Integralismo Lusitano, vindo a integrar a sua Junta Escolar de Lisboa e a secretariar a revista Nação Portuguesa. Em 1927, desvinculou-se das orientações da Junta Central do Integralismo Lusitano, com José Maria Ribeiro da Silva, Pedro Teotónio Pereira, Manuel Múrias, Marcelo Caetano, Pedro de Moura e Sá.
Em 1928, licenciou-se em Ciências Histórico-Geográficas apresentando uma tese dentro da linha das erratas historiográficas inauguradas por António Sardinha e pelos autores do Integralismo Lusitano. O general Gomes Freire, até então apresentado como um herói, é ali revelado como um herói fictício. Sob o título “Gomes Freire, mau português e mau soldado”, Cavalheiro retoma a tese enunciada por António Sardinha em 1917, desenvolvendo o estudo que entretanto publicara na revista Nação Portuguesa, em 1922 (“À margem dum processo (A questão de Gomes Freire)”, Nação Portuguesa, II série, n.º 5, 1922, pp. 61-72; 222-229), esclarecendo os serviços que aquele militar prestou a interesses estrangeiros.
Em 1930, frequentou a Sorbonne especializando-se em metodologia histórica. Embora se tenha desvinculado do Integralismo em 1927, ainda colaborou com os mestres integralistas na publicação das obras póstumas de António Sardinha. Foi um notável historiador, com grande erudição e rigor na análise e crítica das fontes, vindo a especializar-se no período da Restauração de 1640 e no reinado de D. Carlos I. Nos anos de 1940, tal como João Ameal, reaproximou-se definitivamente da Salazarquia e dos dissidentes do Integralismo Lusitano que tentaram apropriar-se do legado intelectual de António Sardinha. Foi deputado à Assembleia Nacional, em 1942, e procurador à Câmara Corporativa, em 1961.
Em 1975, Rolão Preto, em entrevista a João Medina, ao referir-se aos seus mestres portugueses, identificou a geração de 70, Oliveira Martins e Ramalho Ortigão: [... ] "E Ramalho, que interessou tanto Rodrigues Cavalheiro - a propósito, Rodrigues Cavalheiro era um integralista, veio um tempo para o nosso movimento e depois desapareceu numa coisa qualquer salazarista..." [acerca da importância do legado da geração de 70, ler O Integralismo Lusitano e a herança dos "Vencidos da Vida"]
O espólio documental de Rodrigues Cavalheiro ficou depositado na Universidade Católica Portuguesa, Biblioteca Universitária João Paulo II, em Lisboa.
Bibliografia
1922 - "À margem dum processo - a questão Gomes Freire", Nação Portuguesa, 2 (2), Agosto de 1922, pp. 61-72.
1922 - "À margem dum processo - a questão Gomes Freire", Nação Portuguesa, 2 (5), Novembro de 1922, pp. 222-229.
1926 - "Uma página de memórias", Gil Vicente, 2ª série, nos. 1 e 2, 1926, pp. 9-10.
1931 - Introdução a Os motins de Campo de Ourique em 1803: documentos inéditos, Lisboa, Ed. José Fernandes Junior, Separata da Nação Portuguesa, vol. VII, tomo 1.
1933 - "Pombal visto por Sardinha", Ocidente, nº 6, Outubro de 1933, pp. 450-453.
1938 - Temas de História, com prefácio de Edgar Prestage, Porto, Civilização.
1939 - "O monumento a Sardinha", Ocidente, nº 6, Outubro de 1939, pp. 303-4.
1939 - com João Ameal, Erratas à História de Portugal - De D. João V a D. Miguel, Porto, Tavares Martins.
1940 - "António Sardinha e o «Restaurador»", Ocidente, nº 25, Maio de 1940, pp. 335-337.
1940 - "António Sardinha", Ocidente, nº 29, Setembro de 1940.
1940 - "Cruz, Arado e Espada", Ocidente, nº 54, Outubro de 1942, pp. 212-219.
1941 - "O Historiador Rodrigues Cavalheiro revela uma carta inédita de António Sardinha sobre um problema da Restauração" in Diário da Manhã, 1 de Dezembro de 1941.
1942 - 1640, Richelieu e o Duque de Bragança, Lisboa, Clássica Editora.
1944 - A Europa e o Domínio Filipino em Portugal (colaboração com Luís Vieira de Castro).
1945 - com Eduardo Dias, Memórias do forasteiro aquém e além-mar: Portugal, África e Ìndia nos séculos XX-XVI, Lisboa, Clássica Editora.
1948 - prefácio a Cartas de Sua Magestade a Rainha Senhora D. Amélia a D. Manuel de Bastos Pina, Bispo-Conde de Coimbra, Lisboa, Clássica Editora.
1949 - "O complexo e sugestivo século XVII"; "Um grande livro de portuguesismo", Atlântico, Lisboa e Rio de Janeiro, 3ª série, 1, 1949, pp. 54-56; 56-58.
1950 - "Autoridade e Progresso", Atlântico, Lisboa e Rio de Janeiro, 3ª série, 3, 1950, pp. 87-89.
1956 - No Centenário de João Franco.
1957 - prefácio a Cartas de Mouzinho de Albuquerque ao Conde De Arnoso, Lisboa, Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário de Mouzinho de Albuquerque.
1957 - D. Carlos I e o Brasil.
1958 - Três Grandes Sombras.
1959 - António Sardinha - Antologia, Lisboa, Panorama.
1959 - Ramalho Ortigão - Antologia, Lisboa, Panorama.
1960 - Homens e Ideias, Lisboa, Liv. Samcarlos.
1960 - Política e História, Lisboa, Liv. Samcarlos.
1961 - Afonso Lopes Vieira, sel. e prefácio, Lisboa, Panorama.
1962 - A evolução espiritual de Ramalho, Lisboa, Liv. Clássica.
1963 - Luis de Magalhães e o Parlamento de 1895.
1963 - João Franco e os Intelectuais do seu Tempo, 1963.
1964 - O rei D. Carlos perante a Arte e perante a História.
1965 - O regicídio de 1908 e a "rigorosa e implacável lógica" das suas consequências.
1967 - D. Manuel II e João Franco, separata da revista Sulco, 1967 (2ª ed., Lisboa, Biblioteca do Pensamento Político, 1970).
1967 - D. Manuel II e João Franco: correspondência inédita, Lisboa, separata da revista Sulco, 2ª série, 8-9.
1968 - Um inédito de António Sardinha sobre a Monarquia do Norte, Separata do nº 15-16 da revista Sulco (2ª série), Lisboa, 1968.
1970 - D. Manuel II e João Franco: correspondência inédita, Lisboa, Of. São José, 1970 (2ª ed.).
1971 - Introdução a Ramalho Ortigão, Farpas Escolhidas, Lisboa, Verbo.
1973 - "O Integralismo e as Letras", Gil Vicente, 2ª série, nos. 5 e 6, 1973.
Refs
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