Nação Portuguesa, revista publicada em Lisboa, entre 1914 e 1938, em seis séries e cinco volumes, dirigida, entre outros, por Alberto Monsaraz e António Sardinha.
A revista Nação Portuguesa apenas se inclui no corpus do Integralismo Lusitano de 1914 a 1926, sob a direcção de Alberto de Monsaraz e António Sardinha, tendo sido depois continuada por dissidentes, em desacordo político e desvinculados, da Junta Central do Integralismo Lusitano.
S. 1, n.º 1 (8 Abr. 1914)-a. 1, n.º 12 (Nov. 1916)
S. 2, n.º 1 (Jul. 1922)-s. 2, n.º 12 (1923)
S. 3, n.º 1 (1924)-s. 3, n.º 12 (1926)
S. 4, t. 1, fasc. 2 (1926)-s. 4, t. 2, n.º 12 (1927)
S. 5, t. 1, n.º 1 (Jul. 1928)-s. 5, t. 2, fasc. 12 (Jun. 1929)
S. 6, t. 1, fasc. 1 (1929)-s. 6. t. 2, fasc. 11/12 (1931)
Vol. 7, fasc. 1 (1931) - vol. 7, fasc. 11/12 (1933)
Vol. 8, fasc. 1 (1933) - vol. 8, fasc. 6 (1934)
Vol. 9, fasc. 1 (1934) - vol. 9, fasc. 5/6 (1935)
Vol. 10, fasc. 1 (1936) - vol. 10, fasc. 6 (1937)
Vol. 11, fasc. 1 (1937) - vol. 11, fasc. 6 (1938)
A expressão “Integralismo Lusitano” tinha sido cunhada por Luís de Almeida Braga na revista Alma Portuguesa (1913), editada na Bélgica por jovens exilados realistas, propondo-se designar um programa de regeneração cívica e religiosa de Portugal, a realizar nos planos da “filosofia, da literatura e arte, da sociologia, educação e instrução”. Ao surgir a Nação Portuguesa - Revista de Filosofia Politica, em Abril de 1914, sob a direcção de Alberto Monsaraz, o Integralismo Lusitano sente-se pronto a projectar-se também no domínio das ideias políticas.
Entre 1914 e 1926, a revista Nação Portuguesa foi o principal órgão difusor do ideário do Integralismo Lusitano. Em 1927, Manuel Múrias, Marcelo Caetano, Pedro Teotónio Pereira, entre outros, desvincularam-se da obediência à Junta Central do Integralismo Lusitano.
A capa da revista apresenta, no canto superior esquerdo, a imagem do pelicano em seu ninho, dilacerando a carne do peito para alimentar os filhos, acompanhada da divisa "Pola:lei: e pola:grei” – a empresa e a divisa do rei D. João II.
O diagnóstico integralista do problema político português, explicitou-se desde a “Anunciação”: a Tradição politica portuguesa foi quebrada pela Carta Constitucional na década de 30 do século XIX, sendo a República “uma continuação agravada, nos princípios e nos factos”. Alberto de Monsaraz publica uma carta sob o título “Um português tão desiludido do 4 como do 5 de Outubro”. O índice de soluções políticas que propõem surge em “O que nós queremos - Monarquia orgânica, tradicionalista, anti-parlamentar – programa integralista”. Em síntese, defendem o poder pessoal do rei como Chefe de Estado (tendência concentradora, com intenção nacional) e a República em auto-administração (tendência descentralizadora), pelo exercício das liberdades nos seus vários domínios de actividade: Família, Paroquia, Município, Província, Economia (Empresas e Corporações, etc.), Ensino, Arte, Religião. A fechar a revista, sob a rubrica “publicações aconselhadas”, apresenta-se um extenso rol de autores e obras para que se chama a atenção dos leitores, contemplando, entre outros, cronistas medievais e autores que se destacaram no domínio dos estudos municipalistas, como Gama Barros, Alexandre Herculano, José Félix Henriques Nogueira. Este extenso rol é reproduzido nos números seguintes da revista.
Na 1ª série, em doze números, de Abril de 1914 a Novembro de 1916, além de Adriano Xavier Cordeiro, Hipólito Raposo, Luís de Almeida Braga, António Sardinha e Pequito Rebelo, publicaram também artigos algumas personalidades exteriores ao ideário integralista, como Aires de Ornelas, Francisco de Souza Veloso, Cabral de Moncada, Alfredo Pimenta, entre outros.
A 2ª Série, iniciada em Julho de 1922 sob a direcção de António Sardinha, passou a subintitular-se "Revista de Cultura Nacionalista". Era propriedade da Sociedade Integralista Editora, Lda e foram publicados doze números, terminando no ano seguinte, em que se dedicou um número à nação brasileira.
A 3ª Série, entre 1924 e 1926, incluiu doze números, sob a direcção de António Sardinha até à sua morte, em Janeiro de 1925. No artigo de abertura da 3ª série, "Adiante, por sôbre os cadáveres!", António Sardinha inclui o problema português numa crise de ordem política e social europeia, que teve na sua origem o desenvolvimento do individualismo e do intelectualismo. Nesse parapeito do abismo onde se encontrava suspensa a Europa, só se apresentam, para o autor, duas soluções: ou rolar num caos primitivo e confuso, ou apelar para a restauração do governo por uma elite que encetaria uma "cruzada da salvação nacional" baseada na restauração da "ordem christã", pela qual "o homem, de quantidade errática e centrífuga, se transforme em parcela aditiva, em fecundo elemento activo." A partir do terceiro número, a revista passou a apresentar a seguinte epígrafe de António Sardinha: "O nosso fim é salientar a urgência de condicionar toda a acção reconstrutora por um labor constante de rectificação mental". Após a morte de António Sardinha, em 10 de Janeiro de 1925, a direcção da revista passou para Manuel Múrias que, nos fascículos 7 a 10, entra em polémica com António Sérgio a respeito do Seiscentismo em Portugal.
A 4ª série foi publicada em 1926 e 1927, em dois tomos. Neste período, iniciou-se um progressivo afastamento de Manuel Múrias do ideário e da orientação integralista. Em 1927, como se referiu, tanto ele como Marcelo Caetano, Pedro Teotónio Pereira, entre outros, desvincularam-se da obediência à Junta Central do Integralismo Lusitano.
A 5ª série, de Junho de 1928 a Junho de 1929, foi secretariada por Marcelo Caetano, sendo de destacar as polémicas de Cabral de Moncada com Vitorino Nemésio, acerca do ideário da revolução de 1640, e com António Sérgio, sobre o conceito de política; Henrique Galvão perspectivou o “Império Português” e Mussolini fez o elogio da Ditadura. A revista Nação Portuguesa, fora da orientação da Junta Central do Integralismo Lusitano, estava já no caminho que vem a culminar com a sua adesão à “Salazarquia” do Estado Novo (expressão de Hipólito Raposo (1885-1953), secretário da Junta Central do Integralismo Lusitano). Em 1929, Marcelo Caetano e Teotónio Pereira extinguem o “Instituto António Sardinha”. Os membros da Junta Central criaram depois, em substituição da Nação Portuguesa, a revista Integralismo Lusitano – Estudos Portugueses (1932-1933).
A 6ª série, entre 1929 e 1931, inclui doze números. Depois dessa data, mudou a terminologia, passando as séries a designar-se por volumes: o vol. 7, publicou-se entre 1932 e 1933, em doze números; o vol. 8, em 1933, em seis fascículos; o vol. 9, em 1934, seis fascículos; o vol. 10, em 1936 e 1937, seis fascículos; por fim, o vol. 11, com seis fascículos, em 1937 e 1938.
Ao longo de mais de vinte anos de publicação, a revista Nação Portuguesa recebeu colaboração literária, doutrinária, filosófica e política de numerosos autores, como A. Botelho da Costa Veiga, Afonso Lopes Vieira, Afonso Lucas, Augusto da Costa, Bettencourt Rodrigues, Cabral Moncada, Caetano Beirão, Carlos Malheiro Dias, Castelo Branco Chaves, Feliciano Ramos, Fernando Amado, Fernando Campos, Fernando Pires de Lima, Ferreira Deusdado, Francisco Rolão Preto, Henrique Galvão, João Ameal, José Osório de Oliveira, Lúcio de Azevedo, Martinho Nobre de Melo, Mussolini, Rodrigo de Sá Nogueira, Silva Rego.
José Manuel Quintas
Março de 2011, escrito para o Dicionário da I República e Republicanismo
A revista Nação Portuguesa apenas se inclui no corpus do Integralismo Lusitano de 1914 a 1926, sob a direcção de Alberto de Monsaraz e António Sardinha, tendo sido depois continuada por dissidentes, em desacordo político e desvinculados, da Junta Central do Integralismo Lusitano.
S. 1, n.º 1 (8 Abr. 1914)-a. 1, n.º 12 (Nov. 1916)
S. 2, n.º 1 (Jul. 1922)-s. 2, n.º 12 (1923)
S. 3, n.º 1 (1924)-s. 3, n.º 12 (1926)
S. 4, t. 1, fasc. 2 (1926)-s. 4, t. 2, n.º 12 (1927)
S. 5, t. 1, n.º 1 (Jul. 1928)-s. 5, t. 2, fasc. 12 (Jun. 1929)
S. 6, t. 1, fasc. 1 (1929)-s. 6. t. 2, fasc. 11/12 (1931)
Vol. 7, fasc. 1 (1931) - vol. 7, fasc. 11/12 (1933)
Vol. 8, fasc. 1 (1933) - vol. 8, fasc. 6 (1934)
Vol. 9, fasc. 1 (1934) - vol. 9, fasc. 5/6 (1935)
Vol. 10, fasc. 1 (1936) - vol. 10, fasc. 6 (1937)
Vol. 11, fasc. 1 (1937) - vol. 11, fasc. 6 (1938)
A expressão “Integralismo Lusitano” tinha sido cunhada por Luís de Almeida Braga na revista Alma Portuguesa (1913), editada na Bélgica por jovens exilados realistas, propondo-se designar um programa de regeneração cívica e religiosa de Portugal, a realizar nos planos da “filosofia, da literatura e arte, da sociologia, educação e instrução”. Ao surgir a Nação Portuguesa - Revista de Filosofia Politica, em Abril de 1914, sob a direcção de Alberto Monsaraz, o Integralismo Lusitano sente-se pronto a projectar-se também no domínio das ideias políticas.
Entre 1914 e 1926, a revista Nação Portuguesa foi o principal órgão difusor do ideário do Integralismo Lusitano. Em 1927, Manuel Múrias, Marcelo Caetano, Pedro Teotónio Pereira, entre outros, desvincularam-se da obediência à Junta Central do Integralismo Lusitano.
A capa da revista apresenta, no canto superior esquerdo, a imagem do pelicano em seu ninho, dilacerando a carne do peito para alimentar os filhos, acompanhada da divisa "Pola:lei: e pola:grei” – a empresa e a divisa do rei D. João II.
O diagnóstico integralista do problema político português, explicitou-se desde a “Anunciação”: a Tradição politica portuguesa foi quebrada pela Carta Constitucional na década de 30 do século XIX, sendo a República “uma continuação agravada, nos princípios e nos factos”. Alberto de Monsaraz publica uma carta sob o título “Um português tão desiludido do 4 como do 5 de Outubro”. O índice de soluções políticas que propõem surge em “O que nós queremos - Monarquia orgânica, tradicionalista, anti-parlamentar – programa integralista”. Em síntese, defendem o poder pessoal do rei como Chefe de Estado (tendência concentradora, com intenção nacional) e a República em auto-administração (tendência descentralizadora), pelo exercício das liberdades nos seus vários domínios de actividade: Família, Paroquia, Município, Província, Economia (Empresas e Corporações, etc.), Ensino, Arte, Religião. A fechar a revista, sob a rubrica “publicações aconselhadas”, apresenta-se um extenso rol de autores e obras para que se chama a atenção dos leitores, contemplando, entre outros, cronistas medievais e autores que se destacaram no domínio dos estudos municipalistas, como Gama Barros, Alexandre Herculano, José Félix Henriques Nogueira. Este extenso rol é reproduzido nos números seguintes da revista.
Na 1ª série, em doze números, de Abril de 1914 a Novembro de 1916, além de Adriano Xavier Cordeiro, Hipólito Raposo, Luís de Almeida Braga, António Sardinha e Pequito Rebelo, publicaram também artigos algumas personalidades exteriores ao ideário integralista, como Aires de Ornelas, Francisco de Souza Veloso, Cabral de Moncada, Alfredo Pimenta, entre outros.
A 2ª Série, iniciada em Julho de 1922 sob a direcção de António Sardinha, passou a subintitular-se "Revista de Cultura Nacionalista". Era propriedade da Sociedade Integralista Editora, Lda e foram publicados doze números, terminando no ano seguinte, em que se dedicou um número à nação brasileira.
A 3ª Série, entre 1924 e 1926, incluiu doze números, sob a direcção de António Sardinha até à sua morte, em Janeiro de 1925. No artigo de abertura da 3ª série, "Adiante, por sôbre os cadáveres!", António Sardinha inclui o problema português numa crise de ordem política e social europeia, que teve na sua origem o desenvolvimento do individualismo e do intelectualismo. Nesse parapeito do abismo onde se encontrava suspensa a Europa, só se apresentam, para o autor, duas soluções: ou rolar num caos primitivo e confuso, ou apelar para a restauração do governo por uma elite que encetaria uma "cruzada da salvação nacional" baseada na restauração da "ordem christã", pela qual "o homem, de quantidade errática e centrífuga, se transforme em parcela aditiva, em fecundo elemento activo." A partir do terceiro número, a revista passou a apresentar a seguinte epígrafe de António Sardinha: "O nosso fim é salientar a urgência de condicionar toda a acção reconstrutora por um labor constante de rectificação mental". Após a morte de António Sardinha, em 10 de Janeiro de 1925, a direcção da revista passou para Manuel Múrias que, nos fascículos 7 a 10, entra em polémica com António Sérgio a respeito do Seiscentismo em Portugal.
A 4ª série foi publicada em 1926 e 1927, em dois tomos. Neste período, iniciou-se um progressivo afastamento de Manuel Múrias do ideário e da orientação integralista. Em 1927, como se referiu, tanto ele como Marcelo Caetano, Pedro Teotónio Pereira, entre outros, desvincularam-se da obediência à Junta Central do Integralismo Lusitano.
A 5ª série, de Junho de 1928 a Junho de 1929, foi secretariada por Marcelo Caetano, sendo de destacar as polémicas de Cabral de Moncada com Vitorino Nemésio, acerca do ideário da revolução de 1640, e com António Sérgio, sobre o conceito de política; Henrique Galvão perspectivou o “Império Português” e Mussolini fez o elogio da Ditadura. A revista Nação Portuguesa, fora da orientação da Junta Central do Integralismo Lusitano, estava já no caminho que vem a culminar com a sua adesão à “Salazarquia” do Estado Novo (expressão de Hipólito Raposo (1885-1953), secretário da Junta Central do Integralismo Lusitano). Em 1929, Marcelo Caetano e Teotónio Pereira extinguem o “Instituto António Sardinha”. Os membros da Junta Central criaram depois, em substituição da Nação Portuguesa, a revista Integralismo Lusitano – Estudos Portugueses (1932-1933).
A 6ª série, entre 1929 e 1931, inclui doze números. Depois dessa data, mudou a terminologia, passando as séries a designar-se por volumes: o vol. 7, publicou-se entre 1932 e 1933, em doze números; o vol. 8, em 1933, em seis fascículos; o vol. 9, em 1934, seis fascículos; o vol. 10, em 1936 e 1937, seis fascículos; por fim, o vol. 11, com seis fascículos, em 1937 e 1938.
Ao longo de mais de vinte anos de publicação, a revista Nação Portuguesa recebeu colaboração literária, doutrinária, filosófica e política de numerosos autores, como A. Botelho da Costa Veiga, Afonso Lopes Vieira, Afonso Lucas, Augusto da Costa, Bettencourt Rodrigues, Cabral Moncada, Caetano Beirão, Carlos Malheiro Dias, Castelo Branco Chaves, Feliciano Ramos, Fernando Amado, Fernando Campos, Fernando Pires de Lima, Ferreira Deusdado, Francisco Rolão Preto, Henrique Galvão, João Ameal, José Osório de Oliveira, Lúcio de Azevedo, Martinho Nobre de Melo, Mussolini, Rodrigo de Sá Nogueira, Silva Rego.
José Manuel Quintas
Março de 2011, escrito para o Dicionário da I República e Republicanismo