Teófilo, Mestre da Contra-Revolução
António Sardinha
ESTÁ sabido o negativismo rácico de Oliveira Martins , - a sua tão querida teoria do Acaso prevalecendo como um signo inexorável na determinação das nossas qualidades históricas, na destrinça da nossa evidência nacional. Em repulsa incontida e comum ardor iluminado de profeta opõe-lhe Teófilo Braga uma apologética cerradíssima do entranhado substractum aborigene, servindo-se para isso dos materiais produzidos pelas inculcas da antropologia mais por valiosas reconstituições arqueológicas. De facto, o nosso costado ligúrico, é com a máxima individuação que se corporiza nas indagações ungidas do eminente professor que, concrecionando certas diferenças etnogénicas, certos resíduos consuetudinários, se excede a uma paciente colectânea de episódios avulsos para os vivificar adentro duma visão unitária da nossa curva ascensional, donde sai bem vingada a tão combatida maioridade do génio lusitanista, a opulenta aptidão original que depressa o vasou nos moldes próprios de um povo livre.
António Sardinha, 1887-1925 - in Nação Portuguesa, nº 1, 8 de Abril de 1914 (Glossário dos Tempos, Edições Gama, 1942, pp. 123 ss)
Ver também de António Sardinha, "O velho Teófilo"
António Sardinha, 1887-1925 - in Nação Portuguesa, nº 1, 8 de Abril de 1914 (Glossário dos Tempos, Edições Gama, 1942, pp. 123 ss)
Ver também de António Sardinha, "O velho Teófilo"