Mário António Caldas de Melo Saraiva (Guimarães, 12.5.1910- Vilar, Cadaval, 28.5.1998) foi uma personalidade plurifacetada - médico, desportista (tiro), pintor, etc. - vindo a notabilizar-se através de estudos nos domínios sebástico e pessoano, e de uma obra política e doutrinária onde verdadeiramente se iniciou o Neo-Integralismo.
Mário Saraiva - filho do Major José Augusto Saraiva, um dos oficiais do Exército compulsivamente afastado de serviço por ter proclamado a «Monarquia do Norte» (1919) - foi destacado membro da terceira geração do Integralismo Lusitano.
Estudante em Coimbra, fundou o jornal académico Paracelso, filiando-se, em 1932, no Movimento Nacional-Sindicalista liderado pelos integralistas Alberto de Monsaraz e Francisco Rolão Preto. Depois daquele movimento ter sido infiltrado, desmantelado e, por fim, proibido por Salazar, Mário Saraiva continuou a sua intervenção pública nos inícios dos anos 40, ao lado de Mário Cardia que, no Jornal do Médico, fez, pela primeira vez em Portugal, a defesa de um Serviço Nacional de Saúde.
A estreia de Mário Saraiva como doutrinador monárquico deu-se em 1944 ao publicar Claro Dilema – Monarquia ou República? . De pronto saudado pelos Mestres integralistas Hipólito Raposo e Alberto de Monsaraz, será no final da década de 50 que se revelará como um dos máximos expoentes entre as novas gerações daquela escola de pensamento, ao lado de, entre outros, Afonso Botelho, Rivera Martins de Carvalho, António Jacinto Ferreira, Henrique Barrilaro Ruas.
Sem nunca deixar de exercer a profissão médica – pertenceu ao quadro de médicos civis da Força Aérea Portuguesa – Mário Saraiva participou activamente na campanha restauracionista de 1951, em torno do jornal O Debate (Lisboa, 1951-1974), vindo a ter destacado desempenho na defesa do ideário integralista lusitano em polémica com alguns monárquicos apoiantes do salazarismo (A Voz, 1954-55).
Foi no início dos anos 60 que Mário Saraiva começou a desbravar os caminhos do Neo-Integralismo. Retirando do mestrado integralista a lição de que a Monarquia da Carta fora deposta em 1910 porque se tinha transformado num corpo estranho à Nação, dominada pelos políticos das oligarquias partidárias, Mário Saraiva pugnava por uma reinstauração do Trono a ser realizada no quadro de uma República restaurada, isto é, devolvida às matrizes municipalistas e orgânicas da tradição democrática portuguesa. Entendendo a República (Res publica) como vivência de direitos cívicos, de liberdade da Grei nos negócios da sua governação, de autonomia político-administrativa do País, Mário Saraiva considerou que para esta ter um carácter verdadeiramente nacional, se exige uma suprema magistratura também nacional - independente na origem, como requisito da imparcialidade e da justiça, e representativa da totalidade da Grei e da sua continuidade histórica. Apenas no Rei, personificação da Pátria, via Mário Saraiva o Chefe em condições de exercer com independência e isenção a Suprema Magistratura da República, nos domínios Judicial, Diplomático e Militar. Adversário de todas as formas cesaristas de poder, fossem presidencialistas, parlamentares, referendárias ou mistas, para Mário Saraiva a Restauração de Portugal ter-se-ia de fazer através de uma Nova Democracia.
A Comissão Doutrinária da Causa Monárquica acolheu as suas teses, em 1970, ao adoptar oficialmente a obra Razões Reais. Nesse ano, Mário Saraiva ocupava já um lugar de destaque como organizador de actividades em que velhos e novos integralistas se achavam envolvidos. Em Julho de 1969, fora um dos fundadores do movimento da Renovação Portuguesa, ao lado de Henrique Ruas, Rolão Preto e Sá Perry-Vidal, encontrando-se então na primeira linha da reactivação do movimento editorial monárquico integralista através da “Biblioteca do Pensamento Político”, onde Luís de Almeida Braga publicou aquela que ficaria como a sua última obra – Espada ao Sol (1969).
Em 1978, recebeu de D. Duarte Pio João de Bragança a missão de constituir e secretariar o seu Conselho Privado, cargo que manteve até à sua morte.
Nos seus últimos anos de intervenção pública, Mário Saraiva veio a revelar-se um prolixo escritor na defesa do ideário monárquico. Apresentando à consideração pública as vantagens da suprema magistratura régia, denunciou o actual preceito constitucional que impõe o modelo presidentista à Suprema Magistratura da República, e reivindicou o fim do monopólio da representação política por intermédio dos partidos político-ideológicos, tanto nos municípios, como na câmara legislativa. A par dos seus estudos histórico-literários, fosse nas páginas da Consciência Nacional (que dirigiu), ou em jornais como O Dia, Correio da Manhã, Consciência Nacional, ou ainda em livros, veio a produzir vasta bibliografia monárquica, parte dela traduzida em francês, espanhol e mesmo em cirílico. A Sociedade Histórica da Independência atribuiu o prémio “Livro 1997” à sua obra Apontamentos – História, Literatura, Política.
Bibliografia
[J. M. Q.]
Antologia
Bibliografia passiva
Mário Saraiva - filho do Major José Augusto Saraiva, um dos oficiais do Exército compulsivamente afastado de serviço por ter proclamado a «Monarquia do Norte» (1919) - foi destacado membro da terceira geração do Integralismo Lusitano.
Estudante em Coimbra, fundou o jornal académico Paracelso, filiando-se, em 1932, no Movimento Nacional-Sindicalista liderado pelos integralistas Alberto de Monsaraz e Francisco Rolão Preto. Depois daquele movimento ter sido infiltrado, desmantelado e, por fim, proibido por Salazar, Mário Saraiva continuou a sua intervenção pública nos inícios dos anos 40, ao lado de Mário Cardia que, no Jornal do Médico, fez, pela primeira vez em Portugal, a defesa de um Serviço Nacional de Saúde.
A estreia de Mário Saraiva como doutrinador monárquico deu-se em 1944 ao publicar Claro Dilema – Monarquia ou República? . De pronto saudado pelos Mestres integralistas Hipólito Raposo e Alberto de Monsaraz, será no final da década de 50 que se revelará como um dos máximos expoentes entre as novas gerações daquela escola de pensamento, ao lado de, entre outros, Afonso Botelho, Rivera Martins de Carvalho, António Jacinto Ferreira, Henrique Barrilaro Ruas.
Sem nunca deixar de exercer a profissão médica – pertenceu ao quadro de médicos civis da Força Aérea Portuguesa – Mário Saraiva participou activamente na campanha restauracionista de 1951, em torno do jornal O Debate (Lisboa, 1951-1974), vindo a ter destacado desempenho na defesa do ideário integralista lusitano em polémica com alguns monárquicos apoiantes do salazarismo (A Voz, 1954-55).
Foi no início dos anos 60 que Mário Saraiva começou a desbravar os caminhos do Neo-Integralismo. Retirando do mestrado integralista a lição de que a Monarquia da Carta fora deposta em 1910 porque se tinha transformado num corpo estranho à Nação, dominada pelos políticos das oligarquias partidárias, Mário Saraiva pugnava por uma reinstauração do Trono a ser realizada no quadro de uma República restaurada, isto é, devolvida às matrizes municipalistas e orgânicas da tradição democrática portuguesa. Entendendo a República (Res publica) como vivência de direitos cívicos, de liberdade da Grei nos negócios da sua governação, de autonomia político-administrativa do País, Mário Saraiva considerou que para esta ter um carácter verdadeiramente nacional, se exige uma suprema magistratura também nacional - independente na origem, como requisito da imparcialidade e da justiça, e representativa da totalidade da Grei e da sua continuidade histórica. Apenas no Rei, personificação da Pátria, via Mário Saraiva o Chefe em condições de exercer com independência e isenção a Suprema Magistratura da República, nos domínios Judicial, Diplomático e Militar. Adversário de todas as formas cesaristas de poder, fossem presidencialistas, parlamentares, referendárias ou mistas, para Mário Saraiva a Restauração de Portugal ter-se-ia de fazer através de uma Nova Democracia.
A Comissão Doutrinária da Causa Monárquica acolheu as suas teses, em 1970, ao adoptar oficialmente a obra Razões Reais. Nesse ano, Mário Saraiva ocupava já um lugar de destaque como organizador de actividades em que velhos e novos integralistas se achavam envolvidos. Em Julho de 1969, fora um dos fundadores do movimento da Renovação Portuguesa, ao lado de Henrique Ruas, Rolão Preto e Sá Perry-Vidal, encontrando-se então na primeira linha da reactivação do movimento editorial monárquico integralista através da “Biblioteca do Pensamento Político”, onde Luís de Almeida Braga publicou aquela que ficaria como a sua última obra – Espada ao Sol (1969).
Em 1978, recebeu de D. Duarte Pio João de Bragança a missão de constituir e secretariar o seu Conselho Privado, cargo que manteve até à sua morte.
Nos seus últimos anos de intervenção pública, Mário Saraiva veio a revelar-se um prolixo escritor na defesa do ideário monárquico. Apresentando à consideração pública as vantagens da suprema magistratura régia, denunciou o actual preceito constitucional que impõe o modelo presidentista à Suprema Magistratura da República, e reivindicou o fim do monopólio da representação política por intermédio dos partidos político-ideológicos, tanto nos municípios, como na câmara legislativa. A par dos seus estudos histórico-literários, fosse nas páginas da Consciência Nacional (que dirigiu), ou em jornais como O Dia, Correio da Manhã, Consciência Nacional, ou ainda em livros, veio a produzir vasta bibliografia monárquica, parte dela traduzida em francês, espanhol e mesmo em cirílico. A Sociedade Histórica da Independência atribuiu o prémio “Livro 1997” à sua obra Apontamentos – História, Literatura, Política.
Bibliografia
- 1944 - Claro Dilema.
- 1949 - Os Pilares da Democracia.
- 1961 - Coordenadas do Poder Real.
- 1970 - Razões Reais.
- 1971 - A Verdade e a Mentira
- 1976 - Às Portas da Cidade - Crítica e Doutrina
- 1983 - Outra Democracia - Uma Alternativa Nacional
- 1986 - Homenagem a Plínio Salgado, In Memoriam.
- 1990 - O Caso Clínico de Fernando Pessoa.
- 1992 - Em Tempo de Mudança.
- 1992 - Pessoa, Ele Próprio - Novos Estudos Nosológicos e Patográficos.
- 1994 - Dom Sebastião na História e na Lenda.
- 1995 - Frontalidade - Ideias, Figuras e Factos.
- 1997 - Apontamentos - História, Literatura, Política.
- 1998 - Impressões e Memória.
- 2000 - Ideário.
[J. M. Q.]
Antologia
- 1970 - Uma questão falseada
- 1970 - Qual o programa monárquico?
- 1972 - António Sardinha - Aliança Peninsular - nota prévia à 3ª edição (Julho de 1972).
- 1987 - O Pensamento político de Ramalho Ortigão
- 1995 - No Centenário de Rolão Preto
- 1995 - O Integralismo Lusitano e a sua Actualidade
- 1996 - Mário Saraiva - Franco Nogueira, a meu ver
Bibliografia passiva
- 1998 - José Manuel Quintas - Um mestre da Esperança
- 2001 - Gonçalo Sampaio e Mello, "Exemplo de Coerência", Gil Vicente, 4ª série, nº 2, Janeiro-Dezembro de 2001, pp. 19-27. ( Exemplo de Coerência - pdf )
- 2003 - José Manuel Quintas - "Razões Reais" - Palavras de apresentação da 3ª edição da obra «Razões Reais» de Mário Saraiva, em 2 de Abril de 2003, no Salão Nobre do Palácio da Independência, Lisboa.
- 2017 - Nuno Pombo, Mário Saraiva - O percurso de um doutrinador, Lisboa, Biblioteca Nacional de Portugal. (O percurso de um doutrinador - pdf)

Biblioteca Nacional - Mostra - Mário Saraiva: o percurso de um doutrinador, 6 Nov.-30 Dez. 2017 |