A Política Social da Monarquia Orgânica
Francisco Rolão Preto, "A Política Social da Monarquia Orgânica (Apontamentos da conferência realizada no Palácio Murça a convite da A.R.P.)", Acção Realista, II (25-26), nº 10 e 11, 15 de Novembro de 1925, pp. 233-240. - ( publicação original em pdf )
Francisco Rolão Preto
(apontamentos)
1 - «Politique d'abord»
O problema social é uma função do problema político. O sindicalismo revolucionário internacionalista adoptava essa perspectiva. Porque é que o sindicalismo português não se haveria de colocar em posição idêntica?
À ditadura do proletariado opunha Rolão Preto "a ditadura do interesse nacional - a Monarquia". O princípio monárquico, tradição política que criou e desenvolveu a Nação, deveria ser o princípio orientador...
Politique d'abord! - Política em primeiro lugar.
II — A Monarquia constitucional é uma etapa da anarquia
Estávamos face ao perigo da anarquia. No ano passado (1924) as jornadas das Juntas de Freguesia ao Parlamento; a greve revolucionária durante o governo do coronel António Maria Batista; recentemente, a marcha a Belém. O Estado deixara de ser social para ser simplesmente político.O Estado estava divorciado da Nação.
III - Do tradicionalismo económico ao individualismo
"Uma vez destruídas as sábias e cristianíssimas organizações corporativas, criadas e alimentadas pelo empirismo construtor da Idade Média, à qual prestam homenagem Luis Blanc, Shandller, Frantz Funck Brentano, etc., socialistas e anarquistas sociais, desfez-se mortalmente o único elo que tornava possível a aliança entre os diversos elementos da Produção nacional, entre nós como em toda a Europa. (...) Surgiu "uma burguesia sem deveres, uma nobreza sem direitos e uma classe operária sem direitos nem deveres". (p. 234)
IV —Existe em Portugal uma questão social?
Acerca da existência de um problema social em Portugal, Rolão Preto começa por recordar o seu artigo "Serenamente", publicado em A Monarquia, no início de 1918, em que espondia pela negativa. Nessa altura, as greves dos caminhos de Ferro punham em cheque Machado Santos e o presidente Sidónio Pais, mas a repartição da riqueza e a ausência de grandes unidades industriais davam à questão social um aspecto meramente sentimental.
Em 1925, sete anos depois do Sidonismo, porém, a questão social está colocada e por culpa da República: vingou o regime dos financeiros sem escrúpulos; fizeram-se fortunas à sombra dos governos; surgiram inúmeras clientelas de novos ricos com a protecção dos "carimbos mágicos dos ministérios".
Um pano de fundo de corrupção, os graves acontecimentos no ministério de Maria Batista, a desvalorização da moeda.A revolução política trouxe a revolução social. O marxismo parece ter a solução, isto é, ser ele "o verdadeiro herdeiro desta república de burocratas sem escrúpulos."
V - De Marxismo à derrocada
O que é o marxismo? Politicamente, é uma burla; socialmente, uma farsa sangrenta.
A democracia social reclamada pelo Marxismo é a democracia política aplicada ao trabalho. Será a ruína. Aplique-se a democracia nas unidades de produção e o resultado saltará à vista: caos, luta civil, miséria. Na Hungria de Bela Kun, "mas sobretudo na Russia, pela duração da experiência, os resultados são mais concludentes e pavorosos".
O comunismo, instaurado na Hungria com Bela Kun, fez baixar a Produção nacional a 55% do que era antes da Guerra; mas sobretudo na Russia, pela duração da experiência, os resultados são mais concludentes e pavorosos.
Segundo o dr. Nanssen, membro da comissão americana, que visitou a Russia, o número de mortos pela fome atinge, em 3 anos de martírio bolchevista, a cifra horrível de 9 milhões. Na Russia, segundo os cálculos mais optimistas, a Produção nacional baixou a 25 % da dantes da Guerra. Também hoje a classe operaria russa pode-se dizer, como o afirmou Spinasse, em polémica com o chefe comunista Cachin, «que é a mais miserável da Europa» e que «o operariado russo é a grande vitima do bolchevismo». (p. 237)
A democracia social fez falência, como todas as ilusões nascidas da fantasia dos homens. A correspondencia de Marx com Engels prova-nos de sobra o que era o marxismo no jôgo das ambições pessoais do seu fundador. Duma carta de Marx respigo estas linhas: "As coisas marcham, escrevia ele, em 1867. E na próxima revolução, teremos este poderoso instrumento nas nossas mãos".
A especulação dos méneurs da politica operária vai-nos lançando doidamente na ruína económica e social. O que faz a republica em defesa da sociedade e do património nacional que herdou do passado? Oh! muito pouco! A não ser no plano inclinado de todas as capitulações e fraquezas máximas... Parente e discípula do constitucionalismo, segue-lhe nisto, como em tudo, nas suas pisadas. E assim a política social da republica cabe dentro dentro desta formula: ignorância e medo. Tal qual a tripulação desvairada dum barco perdido sobre o mar e que na ansia de não naufragar, vai alijando todo o lastro, as coisas máximas e as somenos, assim o regime que «felizmente» nos rege, vai entretendo a vida com ilusões e expedientes de momento.
Pode isto assim continuar? Evidentemente que não. Bem estaria se a derrocada atingisse só a republica. Ai de nós! A catastrofe será nacional!
VI — A Monarquía Social
Urge acudir à nação em perigo. Como? Implantando a Monarquia Social. Desde já com as armas na mão? Não. A revolta é uma consequencia; virá no momento oportuno. O que
se apresenta necessário em primeiro lugar é fazê-la no espirito, espalhando as boas ideias" (p. 237)
(apontamentos)
1 - «Politique d'abord»
O problema social é uma função do problema político. O sindicalismo revolucionário internacionalista adoptava essa perspectiva. Porque é que o sindicalismo português não se haveria de colocar em posição idêntica?
À ditadura do proletariado opunha Rolão Preto "a ditadura do interesse nacional - a Monarquia". O princípio monárquico, tradição política que criou e desenvolveu a Nação, deveria ser o princípio orientador...
Politique d'abord! - Política em primeiro lugar.
II — A Monarquia constitucional é uma etapa da anarquia
Estávamos face ao perigo da anarquia. No ano passado (1924) as jornadas das Juntas de Freguesia ao Parlamento; a greve revolucionária durante o governo do coronel António Maria Batista; recentemente, a marcha a Belém. O Estado deixara de ser social para ser simplesmente político.O Estado estava divorciado da Nação.
III - Do tradicionalismo económico ao individualismo
"Uma vez destruídas as sábias e cristianíssimas organizações corporativas, criadas e alimentadas pelo empirismo construtor da Idade Média, à qual prestam homenagem Luis Blanc, Shandller, Frantz Funck Brentano, etc., socialistas e anarquistas sociais, desfez-se mortalmente o único elo que tornava possível a aliança entre os diversos elementos da Produção nacional, entre nós como em toda a Europa. (...) Surgiu "uma burguesia sem deveres, uma nobreza sem direitos e uma classe operária sem direitos nem deveres". (p. 234)
IV —Existe em Portugal uma questão social?
Acerca da existência de um problema social em Portugal, Rolão Preto começa por recordar o seu artigo "Serenamente", publicado em A Monarquia, no início de 1918, em que espondia pela negativa. Nessa altura, as greves dos caminhos de Ferro punham em cheque Machado Santos e o presidente Sidónio Pais, mas a repartição da riqueza e a ausência de grandes unidades industriais davam à questão social um aspecto meramente sentimental.
Em 1925, sete anos depois do Sidonismo, porém, a questão social está colocada e por culpa da República: vingou o regime dos financeiros sem escrúpulos; fizeram-se fortunas à sombra dos governos; surgiram inúmeras clientelas de novos ricos com a protecção dos "carimbos mágicos dos ministérios".
Um pano de fundo de corrupção, os graves acontecimentos no ministério de Maria Batista, a desvalorização da moeda.A revolução política trouxe a revolução social. O marxismo parece ter a solução, isto é, ser ele "o verdadeiro herdeiro desta república de burocratas sem escrúpulos."
V - De Marxismo à derrocada
O que é o marxismo? Politicamente, é uma burla; socialmente, uma farsa sangrenta.
A democracia social reclamada pelo Marxismo é a democracia política aplicada ao trabalho. Será a ruína. Aplique-se a democracia nas unidades de produção e o resultado saltará à vista: caos, luta civil, miséria. Na Hungria de Bela Kun, "mas sobretudo na Russia, pela duração da experiência, os resultados são mais concludentes e pavorosos".
O comunismo, instaurado na Hungria com Bela Kun, fez baixar a Produção nacional a 55% do que era antes da Guerra; mas sobretudo na Russia, pela duração da experiência, os resultados são mais concludentes e pavorosos.
Segundo o dr. Nanssen, membro da comissão americana, que visitou a Russia, o número de mortos pela fome atinge, em 3 anos de martírio bolchevista, a cifra horrível de 9 milhões. Na Russia, segundo os cálculos mais optimistas, a Produção nacional baixou a 25 % da dantes da Guerra. Também hoje a classe operaria russa pode-se dizer, como o afirmou Spinasse, em polémica com o chefe comunista Cachin, «que é a mais miserável da Europa» e que «o operariado russo é a grande vitima do bolchevismo». (p. 237)
A democracia social fez falência, como todas as ilusões nascidas da fantasia dos homens. A correspondencia de Marx com Engels prova-nos de sobra o que era o marxismo no jôgo das ambições pessoais do seu fundador. Duma carta de Marx respigo estas linhas: "As coisas marcham, escrevia ele, em 1867. E na próxima revolução, teremos este poderoso instrumento nas nossas mãos".
A especulação dos méneurs da politica operária vai-nos lançando doidamente na ruína económica e social. O que faz a republica em defesa da sociedade e do património nacional que herdou do passado? Oh! muito pouco! A não ser no plano inclinado de todas as capitulações e fraquezas máximas... Parente e discípula do constitucionalismo, segue-lhe nisto, como em tudo, nas suas pisadas. E assim a política social da republica cabe dentro dentro desta formula: ignorância e medo. Tal qual a tripulação desvairada dum barco perdido sobre o mar e que na ansia de não naufragar, vai alijando todo o lastro, as coisas máximas e as somenos, assim o regime que «felizmente» nos rege, vai entretendo a vida com ilusões e expedientes de momento.
Pode isto assim continuar? Evidentemente que não. Bem estaria se a derrocada atingisse só a republica. Ai de nós! A catastrofe será nacional!
VI — A Monarquía Social
Urge acudir à nação em perigo. Como? Implantando a Monarquia Social. Desde já com as armas na mão? Não. A revolta é uma consequencia; virá no momento oportuno. O que
se apresenta necessário em primeiro lugar é fazê-la no espirito, espalhando as boas ideias" (p. 237)