No banquete do Luso
Hipólito Raposo
"O discurso de Hipólito Raposo no banquete do Luso", Política, Lisboa, nº 17, 31 de Dezembro de 1930, pp. 1-3.
"Esta bandeira que sempre foi e será uma afirmação de juventude almas, jamais conheceu as doçuras moles e saborosas da transigência, não se dobrou a Reis, nem a Príncipes, e menos sabe ainda render-se ou vender-se às tentações oportunistas a que se acomodam a ignávia e a traição dos trânsfugas que alguma vez, por engano, estiveram a nosso lado"
(Naquela data, aludindo à cobardia e à "traição dos trânsfugas", os integralistas presentes tinham em mente as recentes desvinculações de, entre outros, Marcelo Caetano e Pedro Teotónio Pereira para integrar o que se viria a definir como a Salazarquia. Segue-se uma exortação aos novos)
(Naquela data, aludindo à cobardia e à "traição dos trânsfugas", os integralistas presentes tinham em mente as recentes desvinculações de, entre outros, Marcelo Caetano e Pedro Teotónio Pereira para integrar o que se viria a definir como a Salazarquia. Segue-se uma exortação aos novos)
Amigos:
Aqui vos trazemos, erguida à flor das almas, aquela bandeira que a nossa mocidade desfraldou um dia, como protesto e sinal de esperança nos céus turvos de Portugal.
De tão longa jornada, chega ela aos vossos braços húmida de lágrimas de dor e de saudade, tinta do sangue já derramado em sua Glória.
Por cadeias, hospitais e exílios, no extenso martirológio que a tem dignificado e sagrado, ela foi a lâmpada mística a que sempre se acendeu a aurora no meio da tribulação.
Em tantos passos de crise e sanguinário desatino, só pela esperança que dela irradiava, era ainda possível à Nação preservar o alento de uma vida espiritual, quási transcendente.
Esta bandeira que sempre foi e será uma afirmação de juventude de almas, jamais conheceu as doçuras moles e saborosas da transigência, não se dobrou a Reis, nem a Príncipes, e menos sabe ainda render-se ou vender-se às tentações oportunistas a que se acomodam a ignávia e a traição dos trânsfugas que alguma vez, por engano, estiveram a nosso lado.
À sua sombra se juntam hoje aqueles Portugueses que não perderam o direito, nem prescindem do dever de acusar.
Assim, amigos, bem vedes como era e tem sido imperioso o dever da guarda de honra deste pendão, ao impedir em sucessivos assaltos que as navalhas de certos fadistas, mais ou menos doutorados, gravassem na sua heráldica impoluta a tatuagem de uma injúria.
Ao longo do caminho foram ficando, desmantelada caravana de Maltrapilhos da dignidade política - uns, a uivar de longe, como chacais desdentados, outros a lançar aos pés dos mais novos que vem chegando, a viscosidade repulsiva das lesmas.
Para melhor continuardes a amar e honrar a nossa insígnia guiadora, no combate e na esperança, aqui vos damos um conselho e vos dirigimos uma exortação:
- Renunciai à glória ambiciosa de ser estadistas aos vinte anos, num País que durante um século de agonia foi sendo dilacerado pelas garras e colmilhos dos seus salvadores.
Escolhei no vasto índice das nossas aspirações, aqueles problemas nacionais que mais seduzam as vossas predileções.
Lede, estudai e meditai sempre, para que em cada dia vos liberteis da vanglória de tudo conhecer e saber, guardando-vos de juízos frívolos, da precipitação e do erro.
Procurai merecer, em tudo e por tudo, um grande título que não se adquire na feira das vaidades do nosso tempo, o título de nobreza, não desacreditada ainda, de bons estudantes da alma ou do corpo de Portugal.
Procedei como se o triunfo da nossa aspiração, só do vosso esforço individual dependesse, e na vossa vida de voluntários desta cruzada, tomai por mandamento exceder nos méritos, na capacidade e no espírito de sacrifício, os vossos companheiros mais velhos, para os substituirdes com vantagem na hora própria.
Mas, ao ouvi-los e segui-los, se quereis respeitar a verdade e não ultrajar a justiça, renunciai a tentar excedê-los na fé, na dedicação, no desejo de vitória para o ideal de que o destino os armou cavaleiros e que até ao último alento será a maior razão da sua vida.
Confiai naqueles que até hoje conduziram esta coluna de idealistas que no juizo grave do bom-senso passaram de ridículos a ingénuos e de ingénuos a perigosos.
O triunfo da inteligência já o ganhamos: a Providência prolongou-nos a vida até ao momento em que o Poder Público, em regímen republicano, proclamou as bases da salvação nacional, a inspiração de princípios, por cujo apostolado e defesa muitos de nós pegaram em armas e foram encarcerados.
Aqui vos trazemos, erguida à flor das almas, aquela bandeira que a nossa mocidade desfraldou um dia, como protesto e sinal de esperança nos céus turvos de Portugal.
De tão longa jornada, chega ela aos vossos braços húmida de lágrimas de dor e de saudade, tinta do sangue já derramado em sua Glória.
Por cadeias, hospitais e exílios, no extenso martirológio que a tem dignificado e sagrado, ela foi a lâmpada mística a que sempre se acendeu a aurora no meio da tribulação.
Em tantos passos de crise e sanguinário desatino, só pela esperança que dela irradiava, era ainda possível à Nação preservar o alento de uma vida espiritual, quási transcendente.
Esta bandeira que sempre foi e será uma afirmação de juventude de almas, jamais conheceu as doçuras moles e saborosas da transigência, não se dobrou a Reis, nem a Príncipes, e menos sabe ainda render-se ou vender-se às tentações oportunistas a que se acomodam a ignávia e a traição dos trânsfugas que alguma vez, por engano, estiveram a nosso lado.
À sua sombra se juntam hoje aqueles Portugueses que não perderam o direito, nem prescindem do dever de acusar.
Assim, amigos, bem vedes como era e tem sido imperioso o dever da guarda de honra deste pendão, ao impedir em sucessivos assaltos que as navalhas de certos fadistas, mais ou menos doutorados, gravassem na sua heráldica impoluta a tatuagem de uma injúria.
Ao longo do caminho foram ficando, desmantelada caravana de Maltrapilhos da dignidade política - uns, a uivar de longe, como chacais desdentados, outros a lançar aos pés dos mais novos que vem chegando, a viscosidade repulsiva das lesmas.
Para melhor continuardes a amar e honrar a nossa insígnia guiadora, no combate e na esperança, aqui vos damos um conselho e vos dirigimos uma exortação:
- Renunciai à glória ambiciosa de ser estadistas aos vinte anos, num País que durante um século de agonia foi sendo dilacerado pelas garras e colmilhos dos seus salvadores.
Escolhei no vasto índice das nossas aspirações, aqueles problemas nacionais que mais seduzam as vossas predileções.
Lede, estudai e meditai sempre, para que em cada dia vos liberteis da vanglória de tudo conhecer e saber, guardando-vos de juízos frívolos, da precipitação e do erro.
Procurai merecer, em tudo e por tudo, um grande título que não se adquire na feira das vaidades do nosso tempo, o título de nobreza, não desacreditada ainda, de bons estudantes da alma ou do corpo de Portugal.
Procedei como se o triunfo da nossa aspiração, só do vosso esforço individual dependesse, e na vossa vida de voluntários desta cruzada, tomai por mandamento exceder nos méritos, na capacidade e no espírito de sacrifício, os vossos companheiros mais velhos, para os substituirdes com vantagem na hora própria.
Mas, ao ouvi-los e segui-los, se quereis respeitar a verdade e não ultrajar a justiça, renunciai a tentar excedê-los na fé, na dedicação, no desejo de vitória para o ideal de que o destino os armou cavaleiros e que até ao último alento será a maior razão da sua vida.
Confiai naqueles que até hoje conduziram esta coluna de idealistas que no juizo grave do bom-senso passaram de ridículos a ingénuos e de ingénuos a perigosos.
O triunfo da inteligência já o ganhamos: a Providência prolongou-nos a vida até ao momento em que o Poder Público, em regímen republicano, proclamou as bases da salvação nacional, a inspiração de princípios, por cujo apostolado e defesa muitos de nós pegaram em armas e foram encarcerados.
*
Em 30 de Julho deste ano, o governo da Ditadura Nacional, enunciou com alto e claro desassombro, os princípios do Estado Novo.
Dizendo-lhes para onde caminhava, a Ditadura Militar, com autoridade podia chamar a si todos os Portugueses de boa-vontade, conjurando-os a que formassem lealmente a união nacional, para a salvação pública.
A este apelo acudiu a tempo o Integralismo Lusitano, decidindo-se a servir as intenções do Governo, em ordem ao bem comum.
Não nos compete nesta reunião apreciar a conduta do Poder: só requere-lo a que cumpra por inteiro o dever em que voluntariamente se constituiu, como nós temos cumprido o nosso, auxiliando-o.
Não lhe pedimos o que ele não nos pode dar, nem de nós espere mais do que lhe prometemos e concedemos, dentro dos termos de uma aliança patriótica que, de parte a parte, nunca pode ser confusão ou abdicação de independência política.
No fim, com o triunfo dos bons propósitos realizados ou com o malogro de esperanças a que se atêm hoje os melhores Portugueses, a responsabilidade será sempre a mesma, permanecera intacta em nos a honra do dever cumprido.
Na alegria da vitoria ou nas agruras da catástrofe, a História reservará o seu juízo para os que têm agora o encargo e a responsabilidade do poder.
Nós, servidores da Nação, em período de grave doença social e política, com zelo afastamos a dissidência e lealmente procuramos a concórdia entre os Portugueses, num desígnio de alto sentido nacional.
E para este fim, em tudo quanto pudermos e até onde devermos, não faltará a nossa cooperação, nem serão os nossos votos os menos fervorosos neste acto de fé na restauração da nossa Pátria.
[A absoluta falta de espaço obriga-nos a reservar para o próximo número o relato circunstanciado dessa bela jornada do Integralismo Lusitano que foi o banquete de homenagem à Junta Central, promovido pelas Juntas Escolares de Lisboa, Coimbra e Porto. Pela sua flagrante oportunidade e pelas notáveis afirmações políticas nele contidas publicamos hoje no devido lugar o notável discurso de Hipólito Raposo.
N. R.]
Dizendo-lhes para onde caminhava, a Ditadura Militar, com autoridade podia chamar a si todos os Portugueses de boa-vontade, conjurando-os a que formassem lealmente a união nacional, para a salvação pública.
A este apelo acudiu a tempo o Integralismo Lusitano, decidindo-se a servir as intenções do Governo, em ordem ao bem comum.
Não nos compete nesta reunião apreciar a conduta do Poder: só requere-lo a que cumpra por inteiro o dever em que voluntariamente se constituiu, como nós temos cumprido o nosso, auxiliando-o.
Não lhe pedimos o que ele não nos pode dar, nem de nós espere mais do que lhe prometemos e concedemos, dentro dos termos de uma aliança patriótica que, de parte a parte, nunca pode ser confusão ou abdicação de independência política.
No fim, com o triunfo dos bons propósitos realizados ou com o malogro de esperanças a que se atêm hoje os melhores Portugueses, a responsabilidade será sempre a mesma, permanecera intacta em nos a honra do dever cumprido.
Na alegria da vitoria ou nas agruras da catástrofe, a História reservará o seu juízo para os que têm agora o encargo e a responsabilidade do poder.
Nós, servidores da Nação, em período de grave doença social e política, com zelo afastamos a dissidência e lealmente procuramos a concórdia entre os Portugueses, num desígnio de alto sentido nacional.
E para este fim, em tudo quanto pudermos e até onde devermos, não faltará a nossa cooperação, nem serão os nossos votos os menos fervorosos neste acto de fé na restauração da nossa Pátria.
[A absoluta falta de espaço obriga-nos a reservar para o próximo número o relato circunstanciado dessa bela jornada do Integralismo Lusitano que foi o banquete de homenagem à Junta Central, promovido pelas Juntas Escolares de Lisboa, Coimbra e Porto. Pela sua flagrante oportunidade e pelas notáveis afirmações políticas nele contidas publicamos hoje no devido lugar o notável discurso de Hipólito Raposo.
N. R.]
Relacionado