1959 - Entrevista a Francisco Rolão Preto: "A Política, para mim, é um dever!"
Entrevista a Francisco Rolão Preto, político, jornalista, escritor e um dos fundadores do Integralismo Lusitano e líder do Movimento Nacional-Sindicalista, em 13 de Janeiro de 1959.
Início da entrevista: 05:40
Francisco Rolão Preto nasceu no Gavião, Alentejo. O seu pai era juiz, beirão, e quando ele nasceu a família estaria "desterrada" no Alentejo. Na juventude, antes de partir para o exílio na Bélgica, viveu de terra em terra, de comarca em comarca. O seu primeiro exílio foi em 1911, saindo de Coimbra para a Galiza. O primeiro facto marcante da sua vida foi a implantação da República e foi no exílio que ele encontrou um novo sentido na sua vida, através da leitura de Maurras e de Sorel. Na Bélgica estudou Filosofia e Ciências, em França (Toulouse) estudou Direito. Os alemães entraram em Lovaina e ele mudou-se da Bélgica para França. Ao voltar a Portugal foi oficial miliciano. Eis algumas passagens com maior significado político desta entrevista:
Como é que se tornou um chefe?
..."eleito pelas circunstâncias, na batalha que se travou no país, eu tinha que tomar uma atitude de acção. Como todos nós, os que tomámos. Por circunstâncias talvez fortuitas, tive que tomar a posição que tomava a responsabilidade maior"
- Quais eram as suas leituras de adolescente?
- "... nessa altura, na adolescência, era (Charles) Maurras, era (Georges) Sorel, e todos esses, a meu ver frustrados que acreditavam demasiado no valor puro da inteligência e do raciocínio na Política, sem pensar que havia também o coração".
Quem é que o relacionou com Maurras, com as obra de Maurras?
(...)
"Nós e os homens da Action française, naturalmente éramos camaradas. Então frequentei muitas vezes a Action française, Maurras, Daudet, Bainville."
(...)
Porque é que a política o entusiasma tanto?
A política, para mim, é um dever.
(...)
Como explica a evolução do seu pensamento?
O meu pensamento nunca foi em função de si próprio, quero dizer, eu nunca pensei na necessidade da monarquia pela própria monarquia, em si própria, mas sim porque acreditei que a monarquia era a solução para os problemas nacionais que eu procurava resolver. Quando vi que os problemas postos no plano da direita se tinham frustrado, se tinham perdido, se não tinha encontrado a solução necessária, eu procurei o sentido onde ele estivesse. O sentido das soluções que eu preconizava. E encontrei isto: é que se, no plano da esquerda, havia e há grandes erros, há neles um sentido humano que os eterniza e é esse sentido humano que eu busco neste momento em todas as instituições.
(...)
...como aprecia a já tão distante actuação dos camisas azuis e do seu chefe?
Os camisas azuis eram, de certo modo, a realização de uma técnica e de uma tática política que nesse momento era europeia. Assim como na revolução francesa se combatia com uma técnica especial que eram os clubes, os clubes de revolucionários, no nosso tempo (naquele tempo) a Europa reagia criando forças de choque, forças militarizadas. Se no tempo da revolução francesa se podia bater um governo criando as massas, organizando as massas, e atirando para a rua as massas contra a defesa do Estado, nós viemos a reconhecer, depois da primeira guerra, que era preciso, para bater o governo , ter uma técnica de combate, e essa técnica de combate obrigava-nos a uma organização, de forma que todas as forças partidárias se organizavam militarmente. Os próprios comunistas, mais, a própria FAI espanhola (Federación Anarquista Ibérica), marchava, uniformizada, alinhada, em passo militar.
Parece-lhe que esse sistema ficou ultrapassado?
Ultrapasadíssimo. Hoje não tem sentido. Não porque não seja uma técnica de combate, mas porque de facto ficou hipotecada a um pensamento político que é a frustração da liberdade.
(...)
Como ocupa o seu tempo?
Escrevendo, lendo e trabalhando no campo.
(...)
...a árvore eterniza-me, a árvore continua, a árvore tem uma mensagem, e não só no plano económico, também no plano do espírito.
... o mal do mundo é que se afastou demasiado da poesia e do pensamento criador.
Início da entrevista: 05:40
- Nome do Programa: Perfil dum Artista
- Nome da série: Perfil dum Artista
- Locais: Lisboa, Gavião, Coimbra, Galiza, Bélgica, Toulouse, Louvaina, Paris
- Personalidades: Francisco Rolão Preto, Henrique Paiva Couceiro, Alberto Moravia, Georges Sorel, António de Oliveira Salazar, Charles-Marie-Photius Maurras, David Neto, Fontes Pereira de Melo, José Estevão Coelho Magalhães
- Temas: História, Justiça, Política, Sociedade, Trabalho
- Menções de responsabilidade:Francisco Igrejas Caeiro, entrevista e realização; Irene Velez, locução.
- Tipo de conteúdo:Programa
- Som:Stereo
Francisco Rolão Preto nasceu no Gavião, Alentejo. O seu pai era juiz, beirão, e quando ele nasceu a família estaria "desterrada" no Alentejo. Na juventude, antes de partir para o exílio na Bélgica, viveu de terra em terra, de comarca em comarca. O seu primeiro exílio foi em 1911, saindo de Coimbra para a Galiza. O primeiro facto marcante da sua vida foi a implantação da República e foi no exílio que ele encontrou um novo sentido na sua vida, através da leitura de Maurras e de Sorel. Na Bélgica estudou Filosofia e Ciências, em França (Toulouse) estudou Direito. Os alemães entraram em Lovaina e ele mudou-se da Bélgica para França. Ao voltar a Portugal foi oficial miliciano. Eis algumas passagens com maior significado político desta entrevista:
Como é que se tornou um chefe?
..."eleito pelas circunstâncias, na batalha que se travou no país, eu tinha que tomar uma atitude de acção. Como todos nós, os que tomámos. Por circunstâncias talvez fortuitas, tive que tomar a posição que tomava a responsabilidade maior"
- Quais eram as suas leituras de adolescente?
- "... nessa altura, na adolescência, era (Charles) Maurras, era (Georges) Sorel, e todos esses, a meu ver frustrados que acreditavam demasiado no valor puro da inteligência e do raciocínio na Política, sem pensar que havia também o coração".
Quem é que o relacionou com Maurras, com as obra de Maurras?
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"Nós e os homens da Action française, naturalmente éramos camaradas. Então frequentei muitas vezes a Action française, Maurras, Daudet, Bainville."
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Porque é que a política o entusiasma tanto?
A política, para mim, é um dever.
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Como explica a evolução do seu pensamento?
O meu pensamento nunca foi em função de si próprio, quero dizer, eu nunca pensei na necessidade da monarquia pela própria monarquia, em si própria, mas sim porque acreditei que a monarquia era a solução para os problemas nacionais que eu procurava resolver. Quando vi que os problemas postos no plano da direita se tinham frustrado, se tinham perdido, se não tinha encontrado a solução necessária, eu procurei o sentido onde ele estivesse. O sentido das soluções que eu preconizava. E encontrei isto: é que se, no plano da esquerda, havia e há grandes erros, há neles um sentido humano que os eterniza e é esse sentido humano que eu busco neste momento em todas as instituições.
(...)
...como aprecia a já tão distante actuação dos camisas azuis e do seu chefe?
Os camisas azuis eram, de certo modo, a realização de uma técnica e de uma tática política que nesse momento era europeia. Assim como na revolução francesa se combatia com uma técnica especial que eram os clubes, os clubes de revolucionários, no nosso tempo (naquele tempo) a Europa reagia criando forças de choque, forças militarizadas. Se no tempo da revolução francesa se podia bater um governo criando as massas, organizando as massas, e atirando para a rua as massas contra a defesa do Estado, nós viemos a reconhecer, depois da primeira guerra, que era preciso, para bater o governo , ter uma técnica de combate, e essa técnica de combate obrigava-nos a uma organização, de forma que todas as forças partidárias se organizavam militarmente. Os próprios comunistas, mais, a própria FAI espanhola (Federación Anarquista Ibérica), marchava, uniformizada, alinhada, em passo militar.
Parece-lhe que esse sistema ficou ultrapassado?
Ultrapasadíssimo. Hoje não tem sentido. Não porque não seja uma técnica de combate, mas porque de facto ficou hipotecada a um pensamento político que é a frustração da liberdade.
(...)
Como ocupa o seu tempo?
Escrevendo, lendo e trabalhando no campo.
(...)
...a árvore eterniza-me, a árvore continua, a árvore tem uma mensagem, e não só no plano económico, também no plano do espírito.
... o mal do mundo é que se afastou demasiado da poesia e do pensamento criador.