Alma Portugueza. Orgão do “Integralismo Lusitano” (Revista de Philosophia, Litteratura e Arte, Sociologia, Educação, Instrucção e Actualidades), n.º 1, Louvain, Maio de 1913; n.º 2, Louvain, Setembro de 1913. Dirigida por Domingos de Gusmão Araújo e tendo como secretário de redacção Francisco Rolão Preto, ambos exilados políticos, a revista contou com a colaboração de Paiva Couceiro, Ayres de Ornellas, Alberto Pinheiro Torres, Alberto de Monsaraz, Alexandre Correia et alii. Luís de Almeida Braga assinou no seu primeiro número o poema «Ritmos do Outôno sobre as fôlhas» (pp. 26-27) e no segundo o texto «Integralismo lusitano», no qual se capitula o pensamento literário da revista (pp. 53-57). Sobre a importância da Alma Portugueza para a eclosão do movimento integralista, ver: Luís de Almeida Braga,"Caridade de Pátria", in Política, ano I, n.º 10, 10 de Janeiro de 1930, pp. 6-9 e Sob o Pendão Real cit., pp. 424-433; Mário Saraiva, «Génese do Integralismo», in Apontamentos – História, Literatura, Política, Lisboa, 1996, pp. 61-63; José Manuel Quintas, Filhos de Ramires - As origens do Integralismo Lusitano, pp. 91-112, 126-127. - Gonçalo Sampaio e Mello
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Posto que longe da nossa Pátria, que cada vez mais amamos, não é menor nem menos imperioso o nosso dever de concorrer, na medida das nossas forças, para resolver a grave crise que ela atravessa: a mais grave da sua história. Amargura nosso coração de patriotas a indiscutível decadência que, em Portugal há anos se vem acentuando em todas as manifestações da atividade tanto pública quanto particular. É preciso que a maravilhosa terra de Nun´Alvarez resurja; que volte a ocupar o lugar a que tem direito; que viva livre, próspera, honrada e feliz sob a benção de Deus.
(Alma Portuguesa, 1913, p. 1
(Alma Portuguesa, 1913, p. 1
Salientaremos como causas mais importantes da tremenda crise: a desorganização da nossa sociedade, a falta de espírito nacional, a indisciplina intelectual e moral e a ausência de correntes de opinião, indispensáveis para tornar fecunda e seguramente progressiva a vida da nação. Havendo ainda, embora adormecida uma ‘alma portuguesa’, consolidada através de milagres de heroísmo e de fé, falta-nos inteiramente uma ‘consciência portuguesa’, sem a qual a vida coletiva é impossível […] uma desastrada orientação política afastou as forças vivas nacionais da participação nos assuntos que mais as deviam interessar. Centralizou-se tudo; condenaram-se a morte as energias locais e regionais; postergaram direitos sagrados
(Alma Portuguesa, 1913, p. 2
(Alma Portuguesa, 1913, p. 2
Impõe-se um sério movimento para a formação d’uma consciência pública. É urgente reformar o espírito nacional, restaurar as tradições, continuar a História de Portugal […] voltemos, por meio de uma prudente descentralização administrativa, a dar às localidades e regiões, a sua autonomia, o seu caráter, as suas indústrias. Restabeleçamos, intenso, o culto dos nossos antepassados, porque a pátria, como a humanidade, vive mais dos mortos que dos vivos. Esta admirável palavra de Comte significa que uma indiscutível solidariedade une os filhos aos pais.
(Alma Portuguesa, 1913, p. 4) .
(Alma Portuguesa, 1913, p. 4) .
...nós não levantaríamos nem o dedo mínimo, se salvar Portugal fosse salvar o conúbio apertado de plutocratas e arrivistas em que para nós se resumem, à luz da perfeita justiça, as "esquerdas" e as "direitas"!
- António Sardinha (1887-1925) -
- António Sardinha (1887-1925) -