"É tempo, na verdade, de considerar para onde vai o regime que se mostra tão alheio e indiferente ao caminho de uma moral social que no mundo está realizando inabalavelmente as suas conquistas.”
(Francisco Rolão Preto In Tudo pelo Homem, nada contra o Homem, Palestra proferida no Radio Clube Português em 31 de Outubro de 1953, Lisboa, 1953.)
(Francisco Rolão Preto In Tudo pelo Homem, nada contra o Homem, Palestra proferida no Radio Clube Português em 31 de Outubro de 1953, Lisboa, 1953.)
“Tudo pelo Homem nada contra o Homem” - foi uma fórmula do personalismo cristão, inspirada no pensamento de Emmanuel Mounier, adoptada na década de 1930 por um dos fundadores do Integralismo Lusitano - Francisco Rolão Preto, 1893-1977. A expressão serviu de título a uma Palestra proferida no Radio Clube Português, em 31 de Outubro de 1953, mas fora já explicitada no capítulo “Política da Personalidade” incluído no livro Justiça! (1936), apreendido e proibido de circular pela polícia política de Salazar. Nessa inspirada fórmula, Rolão Preto fazia uma dupla e clara demarcação: da fórmula “Tudo pela Nação nada contra a Nação”, adoptada pelo Estado Novo, bem como da fórmula de Mussolini, “Tudo pelo Estado nada contra o Estado”.
Neste programa da RTP, realizado em 1975, durante o conturbado período do "PREC", apesar da incompreensão do entrevistador e narrador, e inclusive da displicência quanto aos factos e palavras de Rolão Preto, este mestre do Integralismo Lusitano surge ali de corpo inteiro, evidenciando os fundamentos personalistas do seu pensamento político e sublinhando e ilustrando as raízes portuguesas do seu comunitarismo.
Um outro dado interessante revelado pelas imagens deste programa, ocorre quando se vislumbra sobre a mesa de trabalho de Rolão Preto o livro Razões Reais da autoria de Mário Saraiva, (edição da Biblioteca do Pensamento Político, 1970, parcialmente visível o título "Razões" ao minuto 23 (23:19 a 23:22) seu companheiro de ideal no Integralismo Lusitano. Em Janeiro de 1975, ao iniciar-se a transição para o que viria a ser a Terceira República, era já esse o breviário de uma CAUSA REAL que, poucos anos depois, se viria a constituir em torno de Dom Duarte Pio de Bragança.
No resumo analítico do programa, no espaço da RTP, é referido que “Rolão Preto faz uma retrospectiva da sua actividade política e das ideias centrais do seu pensamento político de Direita”. Rolão Preto rejeitou ali, uma vez mais, classificar o seu pensamento e projecto político na "Direita", como se poderá comprovar ouvindo a entrevista. O narrador-entrevistador fez bem ao confessar que se opunha às ideias de Rolão Preto, mas julgamos que isso não lhe deu o direito de insistir numa classificação tão explicita e claramente recusada pelo entrevistado.
Para memória e benefício de futuros historiadores, libertos de preconceitos e de conveniências ideológicas ou político-partidárias, aqui se transcreve um pedaço significativo desta entrevista, colocando em negrito e itálico as palavras proferidas por Rolão Preto:
RTP Arquivos - “Tudo pelo Homem nada contra o Homem”, Ver e Pensar, 1975.01.24, Entrevista com Francisco Rolão Preto, fundador do Integralismo Lusitano (IL) e líder do movimento Nacional-Sindicalista (NS).
https://arquivos.rtp.pt/conteudos/tudo-pelo-homem-nada-contra-o-homem/?fbclid=IwAR1NiQ4nydwCcRHV9vA2ftyTX5IJWcqmoRJyjS00J61glnZCvT3sM3r30pc
J.M.Q.
Neste programa da RTP, realizado em 1975, durante o conturbado período do "PREC", apesar da incompreensão do entrevistador e narrador, e inclusive da displicência quanto aos factos e palavras de Rolão Preto, este mestre do Integralismo Lusitano surge ali de corpo inteiro, evidenciando os fundamentos personalistas do seu pensamento político e sublinhando e ilustrando as raízes portuguesas do seu comunitarismo.
Um outro dado interessante revelado pelas imagens deste programa, ocorre quando se vislumbra sobre a mesa de trabalho de Rolão Preto o livro Razões Reais da autoria de Mário Saraiva, (edição da Biblioteca do Pensamento Político, 1970, parcialmente visível o título "Razões" ao minuto 23 (23:19 a 23:22) seu companheiro de ideal no Integralismo Lusitano. Em Janeiro de 1975, ao iniciar-se a transição para o que viria a ser a Terceira República, era já esse o breviário de uma CAUSA REAL que, poucos anos depois, se viria a constituir em torno de Dom Duarte Pio de Bragança.
No resumo analítico do programa, no espaço da RTP, é referido que “Rolão Preto faz uma retrospectiva da sua actividade política e das ideias centrais do seu pensamento político de Direita”. Rolão Preto rejeitou ali, uma vez mais, classificar o seu pensamento e projecto político na "Direita", como se poderá comprovar ouvindo a entrevista. O narrador-entrevistador fez bem ao confessar que se opunha às ideias de Rolão Preto, mas julgamos que isso não lhe deu o direito de insistir numa classificação tão explicita e claramente recusada pelo entrevistado.
Para memória e benefício de futuros historiadores, libertos de preconceitos e de conveniências ideológicas ou político-partidárias, aqui se transcreve um pedaço significativo desta entrevista, colocando em negrito e itálico as palavras proferidas por Rolão Preto:
- "O senhor aparece na história da Primeira Republica, contra a Primeira República…
- …contra a Primeira República…
Depois há o 28 de Maio, e aparece o Salazarismo, mas o senhor doutor também aparece contra o Salazarismo…
- …contra o Salazarismo…
É preciso explicar aos jovens que o senhor doutor terá sido o “camisa azul”, um símbolo que as pessoas ligam ao fascismo, seria “o fascista”, pertencente a um partido fascista. Como é que isto pode ser explicado de uma pessoa que está sempre contra e que até escreve coisas a favor da liberdade do homem, da liberdade de expressão? Como é que isso é possível?
- “Como é que isso foi possível?…Foi uma forma de reagir. Naquela altura não havia outra. O Salazar não deixava fazer nada a um partido à Esquerda. Isso era rigorosamente proibido. E nós não podíamos fazer um partido à Direita, que era a dele. E então criamos um grupo de acção que apenas procuraria fazer triunfar certas ideias de liberdade e sobretudo de justiça social. O Nacional-Sindicalismo é, sobretudo, uma organização de aspecto social, de luta social, de defesa dos sindicatos. … Tanto assim que definitivamente rompemos com a Situação - a Situação do Salazar - quando eles fizeram as corporações. Não havia esperança de fazer nada dentro das corporações, visto que nós queríamos a liberdade dos sindicatos, queríamos o sindicato livre e não o sindicato único, etc. queríamos as conquistas indispensáveis para manter as liberdades e a maneira de viver dos portugueses.
Os camisas azuis eram sobretudo para bater no Salazar. Não era para bater em mais ninguém. Tanto assim que nós conspirámos e lutámos sempre com os republicanos.
— O dr. Rolão Preto era proprietário rural, sempre foi, nasceu já proprietário rural, e lutou por um partido de Direita…
…"não poderá definir de Direita, não, porque eu queria transformações sociais e económicas. Eu queria que a propriedade fosse também uma coisa social e não só para determinados privilegiados. A propriedade tem obrigações sociais, coloquei isso sempre nos meus escritos… (10:21)
RTP Arquivos - “Tudo pelo Homem nada contra o Homem”, Ver e Pensar, 1975.01.24, Entrevista com Francisco Rolão Preto, fundador do Integralismo Lusitano (IL) e líder do movimento Nacional-Sindicalista (NS).
https://arquivos.rtp.pt/conteudos/tudo-pelo-homem-nada-contra-o-homem/?fbclid=IwAR1NiQ4nydwCcRHV9vA2ftyTX5IJWcqmoRJyjS00J61glnZCvT3sM3r30pc
J.M.Q.