Alfredo Pimenta e o Integralismo Lusitano
ALFREDO PIMENTA, 1882-1950
1882 – 3 de Dezembro - Nasceu em Penouços, freguesia de S. Mamede de Aldão, Guimarães.
1899 - Lê, de Manuel da Silva Mendes (1876-1931), Socialismo Libertário ou Anarquismo, 1896. O livro de Silva Mendes começa pelos precursores das ideias socialistas, que terão sido os filósofos da revolução do século XVIII – Morelly, Mably, Diderot, Rousseau, Helvétius, Sieyès, Brissot de Warville, Linguet. Depois, comparando os sistemas sociais imaginados por Platão, Thomas Morus, Campanella, Rabelais, Fourier, com as encenações teatrais, lembra que o anarquismo não veio da imaginação, antes das “condições económicas e políticas, e do sentir e do pensar dos trabalhadores e d’aquelles que entenderam ser um dever da humanidade e de justiça propugnar pela implantação de um regimen de sociedade em que todos possam mover-se livremente na coexistência social” (p. 7) Aborda depois os teóricos William Godwin, Tompson, Saint-Simon, Fourier, Robert Owen, Max Stirner e, por último, Pierre-Joseph Proudhon e Karl Marx. Incluirá uma análise sobre as principais questões suscitadas entre o socialismo e o libertarismo, nos capítulos II (“Karl Marx e a Associação Internacional dos Trabalhadores”) e III (“Bakounine e o Movimento Anarquista até 1876”) - “Karl Marx mais frio, mais calculista, mais nebuloso, mais autoritário; Bakounine, mais expansivo, mais franco, mais revolucionário, mais libertário” (p. 67). A morte de Bakounine, em 1876, assinala a abertura de uma nova fase doutrinal com Kropotkine e Elisée Reclus. Desde o Congresso de Haia, em 1872, até às resoluções do Congresso de Berna, em Outubro de 1876, deu-se o triunfo do anarquismo no seio da Internacional. A esses dois teóricos, sobre os quais são apresentados os itinerários biobibliográficos, acresce a referência a publicistas e sociólogos como Tolstoi, M. Guyau, Novicow, Spencer, Gumplowicz, Carlo Malato, Sébastien Faure, Hamon, Descaves, entre outros, assim como a poetas socialistas libertários, entre os quais, Paul Paillette e Brunel. A maior parte dos periódicos anarquistas foram efémeros, tanto por falta de recursos como pelo “horror que a palavra anarchia causa á maior parte dos indivíduos, como também o receio de serem acoimados de sectários” (p. 151). As publicações circulavam de mão em mão, ampliando o seu universo de leitores. (Cf. Maria João Cabrita Mendes, "Manuel da Silva, Socialismo Libertário ou Anarchismo", Cultura, Vol. 26 | 2009, 307-310.)
1900 – Está no 1º ano de Direito. Lê O Único e a sua Propriedade de Max Stirner (1844), pseudónimo do filósofo alemão Johann Kaspar Schmidt, teórico de um anarquismo individualista, talvez determinante na sua formação de anarquista de feição aristocrática. Além disso, lê Nietzsche, Renan, Caspar Schmidt, Proudhon, Bakounine, Kropotkine.
1899-1904 - Frequenta o curso de Direito, não indo além do 2º ano. Pensa desistir e vai a Lisboa tentar a entrada no Curso Superior de Letras. Conhece Teófilo Braga numa livraria, na Calçada do Combro. Colabora no Jornal da Noite (órgão monárquico constitucional), dirigido por Fernando Martins de Carvalho e Álvaro Chagas, onde lhe dão completa liberdade de escrita: «E fiquei a escrever no Jornal da Noite – críticas ligeiras, artigos ligeiros, na mais absoluta independência das conveniências políticas da gazeta (…)». Regressa a Coimbra (o pedido de equiparação é indeferido): «Não havia meio de me adaptar a Lisboa; torturavam-me umas saudades indomáveis de Coimbra. «Às noites, da varanda da minha casa, olhava, lá ao fundo, o rio. E chorava de saudades do Mondego… Era o Mondego, era a Porta Férrea; eram as aulas, eram os rapazes, era o ar de Coimbra – era tudo que me fazia chorar de saudades. «No Ministério do Reino, o meu requerimento seguia o seu caminho. E em fins de Setembro, veio o despacho: “indeferido”. Corro a casa, digo para a minha mulher: - Toca para Coimbra! E telegrafo ao meu bedel, ao nosso excelente bedel Álvaro Perdigão: matricule-me!» (Voz, 3-2-1935).
1899 - Lê, de Manuel da Silva Mendes (1876-1931), Socialismo Libertário ou Anarquismo, 1896. O livro de Silva Mendes começa pelos precursores das ideias socialistas, que terão sido os filósofos da revolução do século XVIII – Morelly, Mably, Diderot, Rousseau, Helvétius, Sieyès, Brissot de Warville, Linguet. Depois, comparando os sistemas sociais imaginados por Platão, Thomas Morus, Campanella, Rabelais, Fourier, com as encenações teatrais, lembra que o anarquismo não veio da imaginação, antes das “condições económicas e políticas, e do sentir e do pensar dos trabalhadores e d’aquelles que entenderam ser um dever da humanidade e de justiça propugnar pela implantação de um regimen de sociedade em que todos possam mover-se livremente na coexistência social” (p. 7) Aborda depois os teóricos William Godwin, Tompson, Saint-Simon, Fourier, Robert Owen, Max Stirner e, por último, Pierre-Joseph Proudhon e Karl Marx. Incluirá uma análise sobre as principais questões suscitadas entre o socialismo e o libertarismo, nos capítulos II (“Karl Marx e a Associação Internacional dos Trabalhadores”) e III (“Bakounine e o Movimento Anarquista até 1876”) - “Karl Marx mais frio, mais calculista, mais nebuloso, mais autoritário; Bakounine, mais expansivo, mais franco, mais revolucionário, mais libertário” (p. 67). A morte de Bakounine, em 1876, assinala a abertura de uma nova fase doutrinal com Kropotkine e Elisée Reclus. Desde o Congresso de Haia, em 1872, até às resoluções do Congresso de Berna, em Outubro de 1876, deu-se o triunfo do anarquismo no seio da Internacional. A esses dois teóricos, sobre os quais são apresentados os itinerários biobibliográficos, acresce a referência a publicistas e sociólogos como Tolstoi, M. Guyau, Novicow, Spencer, Gumplowicz, Carlo Malato, Sébastien Faure, Hamon, Descaves, entre outros, assim como a poetas socialistas libertários, entre os quais, Paul Paillette e Brunel. A maior parte dos periódicos anarquistas foram efémeros, tanto por falta de recursos como pelo “horror que a palavra anarchia causa á maior parte dos indivíduos, como também o receio de serem acoimados de sectários” (p. 151). As publicações circulavam de mão em mão, ampliando o seu universo de leitores. (Cf. Maria João Cabrita Mendes, "Manuel da Silva, Socialismo Libertário ou Anarchismo", Cultura, Vol. 26 | 2009, 307-310.)
1900 – Está no 1º ano de Direito. Lê O Único e a sua Propriedade de Max Stirner (1844), pseudónimo do filósofo alemão Johann Kaspar Schmidt, teórico de um anarquismo individualista, talvez determinante na sua formação de anarquista de feição aristocrática. Além disso, lê Nietzsche, Renan, Caspar Schmidt, Proudhon, Bakounine, Kropotkine.
1899-1904 - Frequenta o curso de Direito, não indo além do 2º ano. Pensa desistir e vai a Lisboa tentar a entrada no Curso Superior de Letras. Conhece Teófilo Braga numa livraria, na Calçada do Combro. Colabora no Jornal da Noite (órgão monárquico constitucional), dirigido por Fernando Martins de Carvalho e Álvaro Chagas, onde lhe dão completa liberdade de escrita: «E fiquei a escrever no Jornal da Noite – críticas ligeiras, artigos ligeiros, na mais absoluta independência das conveniências políticas da gazeta (…)». Regressa a Coimbra (o pedido de equiparação é indeferido): «Não havia meio de me adaptar a Lisboa; torturavam-me umas saudades indomáveis de Coimbra. «Às noites, da varanda da minha casa, olhava, lá ao fundo, o rio. E chorava de saudades do Mondego… Era o Mondego, era a Porta Férrea; eram as aulas, eram os rapazes, era o ar de Coimbra – era tudo que me fazia chorar de saudades. «No Ministério do Reino, o meu requerimento seguia o seu caminho. E em fins de Setembro, veio o despacho: “indeferido”. Corro a casa, digo para a minha mulher: - Toca para Coimbra! E telegrafo ao meu bedel, ao nosso excelente bedel Álvaro Perdigão: matricule-me!» (Voz, 3-2-1935).