J. P. Oliveira Martins, "Lei e costumes", Jornal do Comércio, Rio de Janeiro, 24 de Agosto de 1891 (reproduzido de Dispersos, Tomo II, Lisboa, Biblioteca Nacional, 1924, pp. 58-66).
"A classe de facto dirigente é a bancária e a industrial; a classe que simula dirigir é a dos juristas; reduzidos à condição mesquinha e degradante de instrumentos mais ou menos conscientes, mais ou menos salariados da oligarquia dominante. São apenas procuradores de interesses alheios, o que não seria imoral; mas são-no, tendo de fingir que governam, o que é inconsequente. Se funcionassem claramente como advogados, não havia irracionalidade no acto; mas é que a condição das coisas impõe-lhes a obrigação de figurar de juízes no palco político, assim reduzido a não ver representar senão farsas." (pp. 61-62)
(...)
"O facto é este: a política é essencialmente imoral, desde que está em conflito a realidade dos costumes com a letra das leis."
(...)
"O quadro é completo, embora não seja novo. Eleições, imprensa, repartições, tudo ruído pela simonia." (...)
"Por toda a parte a vileza corrompe as instituições e a política.
Por toda a parte os negócios do Estado estão inquinados pela mesma lepra. Por toda a parte os políticos são a mesma coisa. Por toda a parte os brasseurs d'affaires compram as câmaras e a imprensa e as repartições. Por toda a parte quem quer que tenha o sentimento de dignidade própria se afasta, apertando o nariz, dessa podridão mal-cheirosa e tão repugnante nos que compram como nos que vendem, ou se vendem." (p. 65)
"A classe de facto dirigente é a bancária e a industrial; a classe que simula dirigir é a dos juristas; reduzidos à condição mesquinha e degradante de instrumentos mais ou menos conscientes, mais ou menos salariados da oligarquia dominante. São apenas procuradores de interesses alheios, o que não seria imoral; mas são-no, tendo de fingir que governam, o que é inconsequente. Se funcionassem claramente como advogados, não havia irracionalidade no acto; mas é que a condição das coisas impõe-lhes a obrigação de figurar de juízes no palco político, assim reduzido a não ver representar senão farsas." (pp. 61-62)
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"O facto é este: a política é essencialmente imoral, desde que está em conflito a realidade dos costumes com a letra das leis."
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"O quadro é completo, embora não seja novo. Eleições, imprensa, repartições, tudo ruído pela simonia." (...)
"Por toda a parte a vileza corrompe as instituições e a política.
Por toda a parte os negócios do Estado estão inquinados pela mesma lepra. Por toda a parte os políticos são a mesma coisa. Por toda a parte os brasseurs d'affaires compram as câmaras e a imprensa e as repartições. Por toda a parte quem quer que tenha o sentimento de dignidade própria se afasta, apertando o nariz, dessa podridão mal-cheirosa e tão repugnante nos que compram como nos que vendem, ou se vendem." (p. 65)