Cavaleiro do Verbo
À memória de Plínio Salgado
Cavaleiro do verbo claro e ardente,
sonhou, sofreu, viveu em pleno a vida.
Aprendeu, de menino, a olhar em frente,
Como Moisés, a Terra Prometida.
Paladino do Bem, continuamente
Fez da Palavra uma bandeira erguida.
Creu sempre que, lançada, uma semente
jamais seria inútil e perdida.
Estranho a ódios, ignorando o medo,
com Deus no coração, tinha o segredo
De O confessar em tudo o que fazia.
Soube amar o Brasil e Portugal
Com amor tão profundo e tão igual,
Que nunca, no seu peito, os distinguia.
6.II.76
Moreira das Neves
À memória de Plínio Salgado
Cavaleiro do verbo claro e ardente,
sonhou, sofreu, viveu em pleno a vida.
Aprendeu, de menino, a olhar em frente,
Como Moisés, a Terra Prometida.
Paladino do Bem, continuamente
Fez da Palavra uma bandeira erguida.
Creu sempre que, lançada, uma semente
jamais seria inútil e perdida.
Estranho a ódios, ignorando o medo,
com Deus no coração, tinha o segredo
De O confessar em tudo o que fazia.
Soube amar o Brasil e Portugal
Com amor tão profundo e tão igual,
Que nunca, no seu peito, os distinguia.
6.II.76
Moreira das Neves
Plínio Salgado (22 de Janeiro de 1895 - 8 de Dezembro de 1975)
Nasceu em São Bento do Sapucaí (SP). Jornalista, teólogo, filósofo e político.
Obra principal: Vida de Jesus. - "Não fiz aqui obra de erudição ou de exegese. Estas narrativas são o espelho de um sentimento que vive em mim e tudo explica", diz-nos Plínio Salgado nos "Apontamentos iniciais (Palavras à edição brasileira)".
Ideia retomada no breve prefácio a Madrugada do Espírito (antologia filosófico-política), em 1946, afirmando Plínio que ali estava a síntese de toda a sua obra. - Esta biografia de Jesus "é o reflexo de um sentimento que vive e se desenvolve todo em mim".
O integralista lusitano Henrique Barrilaro Ruas, diz-nos que "Plínio Salgado escreveu, antes de tudo, um ato de fé", acrescentando: "A suprema arte do seu Autor consistiu em enfeixar todo o arco-íris na pureza da luz branca: o seu texto é um tecido perfeito, onde não falta nenhum dos fios da História, mas nenhum é visível".
*****
Plínio Salgado nasceu numa família de origem portuguesa, na pequena cidade de São Bento do Sapucaí, filho do farmacêutico Francisco das Chagas Esteves Salgado e da professora Ana Francisca Rennó Cortez, com quem aprendeu as primeiras letras. Seu avô paterno, Manoel Esteves Salgado, beirão de Viseu, nascido em São Pedro do Sul, emigrara para o Brasil por dissensões com D. Pedro IV.
O seu pai morreu quando ele tinha 16 anos, voltando de Pouso Alegre, onde estudava, para São Bento de Sapucaí para auxiliar a mãe a cuidar dos seus quatro irmãos mais novos.
Aos 18 anos, iniciou-se na política participando na fundação do Partido Municipalista, reunindo líderes de municípios do Vale do Paraíba (Gama Rodrigues, Machado Coelho, Agostinho Ramos e Joaquim Cortez), em defesa das autonomias municipais e "para combater a ditadura do governo estadual". Lança o semanário local Correio de São Bento.
Em 1918 casou-se com Maria Amélia Pereira, que viria a falecer um ano depois, deixando-lhe uma filha com apenas 15 dias, que passou aos cuidados da avó e tios. No ano seguinte, mudou-se para São Paulo, ingressando no jornal Correio Paulistano – órgão oficial do Partido Republicano Paulista (PRP), porta-voz do governo estadual na época. Fez amizade com Menotti del Picchia, o redator-chefe do jornal.
Em 1922, participou da Semana de Arte Moderna, num período de intensas leituras de autores modernistas. No final de 1924, ligou-se a uma facção dissidente do Partido Republicano Paulista (PRP), que rompera com o presidente de São Paulo, Washington Luís. É indicado como secretário da Coligação Paulista, presidida por Altino Arantes.
Em 1926, Plínio Salgado estreia na literatura com o livro O Estrangeiro, um romance de técnicas vanguardistas, que narra a vida de um jovem anarquista que emigra da Rússia pré-revolucionária e vem tentar vida nova no Brasil. Nesse ano, morreu a sua mãe.
Em 1928, foi um dos ideólogos do Movimento Verde-Amarelo, com Menotti del Picchia, Cassiano Ricardo e Motta Filho, em oposição à corrente primitivista lançada pelo Manifesto pau-brasil, de Oswaldo de Andrade.
Em 1927, publicou Literatura e Política, obra fundamental para a compreensão da sua vastíssima obra. Aí se pode ler:
"Aparecem duas tisanas para as doenças da Europa: o comunismo e o fascismo. Ambos, materialistas, decretam a falência da democracia: - ou triunfa o imperialismo económico baseado no “nacionalismo”, no “fascismo”, na “ditadura militar”, ou vence o imperialismo político da Terceira Internacional.
Será esse o dilema para os jovens povos da América? Que rumo devem seguir os países novos, como o Brasil? Se pretendemos empreender a defesa da democracia, em face das prementes realidades económicas dos povos, devemos colocar o problema sob o ponto de vista retardatário do liberalismo dos nossos partidos oposicionistas?" (Obras Completas. Volume 19. 1ª edição. São Paulo: Editora das Américas, 1956, p. 20., pp. 64-65.
Em 1928, foi eleito deputado estadual pelo PRP, em São Paulo, com o apoio de Júlio Prestes. Participou de movimento de intelectuais ligados ao PRP, conhecido como Ação Renovadora Nacional. Em 31 de Julho toma posse da cadeira nº 6 da Academia Paulista de Letras.
Em 1930, viajou para o Médio Oriente e Europa como preceptor do filho do advogado Souza Aranha. Visita a Turquia, o Egipto, observando o imperialismo inglês, a Alemanha e a Bélgica. Em França "lê uma vasta literatura comunista que circulava em Paris". Ao chegar à Itália, observou o fenómeno do fascismo e do governo de Mussolini - um jacobino radical saído do Partido Socialista Italiano que consegue chegar ao poder intimidando as forças políticas conservadoras ao ponto de, por fim, obter o seu apoio. Observou a anarquia dos espíritos em Espanha e a nova ordem ditatorial estabelecendo-se em Portugal - "tudo me mostrava a morte de uma civilização, o advento de uma nova etapa humana." No Brasil, eclodia a revolução contra Washington Luís e o sistema político que ele representava.
Em 1931, tornou-se redator do jornal A Razão, fundado por Souza Aranha na capital paulista, escrevendo diariamente artigos doutrinários e e de análise política brasileira e internacional. Nesse ano, lança o Manifesto da Legião Revolucionária de São Paulo à Nação Brasileira, onde escreve:
“Desde a Monarquia, temos vivido sob a preocupação de impor ao nosso país sistemas políticos estrangeiros. Experimentamos o parlamentarismo inglês até 1889; daí para cá, voltamo-nos para as fórmulas americanas e, agora, é ainda entre os Estados Unidos, a Itália e a Rússia, que oscila certa mentalidade que pretende nos impor novas imitações. Assim não devemos transplantar para o Brasil nem comunismo, nem fascismo, nem outros sistemas exóticos".
Em 1932, dá-se a Revolução Constitucionalista e o incêndio de A Razão. Plínio funda a Sociedade de Estudos Políticos (SEP) e publica o Manifesto de Outubro, apresentando as diretrizes de uma nova formação política, a Ação Integralista Brasileira (AIB). O manifesto foi escrito em Maio, mas era para ser submetido à apreciação das organizações de outros Estados. Explodiu a revolução de Julho em São Paulo que durou até 4 de Outubro. Só então foi possível, após a aprovação de todos os organismo da SEP, divulgar o documento. O ideário da AIB, ficou definido nesse Manifesto - sobressaindo o seu personalismo e universalismo cristão e a defesa de uma representação política nacional de base municipal e profissional.
O coevo Movimento Nacional-Sindicalista (MNS) de Portugal, sob a direcção de Alberto Monsaraz e Francisco Rolão Preto, é o seu mais próximo parente europeu - por sua vez oriundo do Integralismo Lusitano (1914-1933) - fazendo-se também uma afirmação personalista e uma clara rejeição dos totalitarismos políticos da época - fascismos e comunismo. Na bibliografia do período integralista de Plínio Salgado, entre 1932 e 1937, em puro e transparente português do Brasil, os seus valores cristãos estão sempre presentes.
A AIB, tal como o MNS em Portugal, utilizou métodos milicianos de organização e propaganda, em voga na época entre os movimentos políticos que desafiavam os governos conservadores. Esses métodos foram utilizados pelos integralistas brasileiros, pelos nacional-sindicalistas portugueses, mas também por comunistas e fascistas, e mesmo por anarquistas, como os da Federação Anarquista Ibérica (FAI) espanhola.
Enquanto o MNS adoptou a "Cruz de Cristo" como símbolo e a camisa azul dos operários portugueses, a Ação Integralista Brasileira adoptou a expressão indígena "Anauê" como saudação - que em Tupi significa "Você é meu irmão" -, a letra grega Sigma como símbolo - que em matemática representa "a soma de todas as partes" - e camisas verdes, com as quais os seus militantes desfilavam pelas ruas.
O paralelismo não termina aí. Ambas as organizações foram eliminadas por Ditadores e os respectivos chefes presos e forçados ao exílio. Ambas as Ditaduras se designaram por Estado Novo: o ditador brasileiro chamava-se Getúlio Vargas e o ditador português Oliveira Salazar. E o paralelismo vai continuar: tal como com Rolão Preto, também Plínio Salgado viria ser caluniado, ocultado ou distorcido o seu pensamento político. Foram ambos apodados de "fascistas", procurando ofuscar a visão de portugueses e de brasileiros sobre os Ditadores que, nas suas pátrias, exerciam o poder como fascistas.
Os camisas verdes fizeram o seu primeiro desfile no dia 23 de Abril de 1933. Nesse ano, a sede da AIB foi transferida para o Rio de Janeiro e, em 1934, no seu I Congresso, organizado em Vitória (ES), Plínio recebeu o título de “chefe nacional" do movimento. Após o Congresso, o movimento passou a fundar jornais, abrir creches, escolas e promover desfiles integralistas no Rio de Janeiro e em São Paulo. O seu órgão oficial era o “Monitor Integralista” e o seu principal periódico “A Offensiva”, que rapidamente se tornou o jornal diário de maior difusão no Brasil.
Em 1934, em Portugal, Oliveira Salazar proibiu o Nacional-Sindicalismo, após algumas demonstrações de vitalidade em desfiles de militantes uniformizados e de uma representação ao presidente da República, Óscar Carmona, pedindo a liberdade de organização e expressão para o seu movimento. Rolão Preto e Alberto Monsaraz foram presos e exilados. A mesma sorte aguardava Plínio Salgado.
De 3 a 5 de Março de 1935, Plínio Salgado integrou o grupo de homens que fizeram o seu retiro espiritual na inauguração da casa de exercícios, aberta pelos Padres Jesuítas no Rio de Janeiro. Em 7 de Março, realizou-se o II Congresso Nacional de Petrópolis. Nesse ano, escreveu Em Despertemos a Nação!: “o problema brasileiro é muito mais difícil que os da Rússia, da Itália e da Alemanha” (...) “os modelos de Lenine, de Mussolini e de Hitler, suas estratégias, seus processos não valem nada para o caso do Brasil”.
Em Novembro, dá-se a intentona comunista no quartel da Praia Vermelha, sendo assassinados oficiais do Exército Brasileiro, alguns adeptos do Integralismo brasileiro. O processo do governo contra Plínio Salgado começou pela proibição dos camisas verdes. Plínio Salgado acatou, marcando o dia 7 de Outubro de 1936, aniversário da AIB, para a realização da "Noite dos Tambores Silenciosos".
Em 1932, Benito Mussolini tinha definido a doutrina totalitária do Fascismo: "para o fascista, tudo está no estado, e nada humano ou espiritual existe, muito menos tem valor, fora do estado. Nesse sentido, o fascismo é totalitário, e o estado fascista, síntese e unidade de todo valor, interpreta, desenvolve e fortalece toda a vida do povo." Em entrevista publicada em 1936 sob o título “Estado Totalitário e Estado Integral", eis a perspectiva de Plínio Salgado:
"O Estado Totalitário não é a mesma coisa que o Estado Integral?
Não. O Estado Totalitário tem uma finalidade em si próprio; absorve todas as expressões nacionais e sociais, econômicas, culturais e religiosas; subordina a Pessoa Humana e os Grupos Naturais ao seu império. O Estado Integral, ao contrário, não tem uma finalidade em si próprio; não absorve as expressões nacionais e sociais, económicas, culturais e religiosas; não subordina a Pessoa Humana e os Grupos Naturais ao seu império; o que ele objetiva, é a harmonia entre todas essas expressões, a intangibilidade da Pessoa Humana.
Por que motivo os integralistas não querem o Estado Totalitário?
- Os integralistas não querem o Estado Totalitário, porque os integralistas adotam uma filosofia totalista, isto é, têm do mundo uma concepção totalitária.
Não há uma contradição nisso? Se os integralistas concebem o universo de um ponto de vista totalitário, como é que não concebem o Estado da mesma maneira?
- Os integralistas são lógicos, tendo uma concepção totalitária do mundo e uma concepção não totalitária do Estado. É evidente que, sendo o Estado uma das expressões do mundo, se este é considerado em seu conjunto, o Estado tem de ser considerado como uma “parte” do conjunto. Se adotarmos o Estado Totalitário, então‚ é que ficamos em contradição, fazendo uma “parte” absorver as outras partes."
Em Maio de 1937, após o Congresso de Petrópolis (1935), a AIB iniciou um plebiscito interno para decidir qual seria o seu candidato às eleições presidenciais a realizar em Janeiro do ano seguinte. Nesta ocasião, Plínio Salgado proferiu um discurso intitulado Salvemos a Democracia!, salientando o caráter democrático do seu movimento cívico-político na escolha do seu candidato à eleição presidencial, em nítida contraposição ao método autocrático dos demais partidos. Em 12 de Junho, foi anunciada a candidatura de Plínio Salgado à eleição presidencial, mas a eleição não se realizou em virtude de um golpe de Estado, em 10 de Novembro de 1937. A pretexto de um golpe comunista que estaria em marcha, Vargas decretou um estado de emergência e o encerramento de todos os Partidos Políticos. Quando a AIB foi encerrada, contava com mais de um milhão e meio de filiados. Plínio é convidado para Ministro da Educação, mas recusa por não concordar com os termos da nova constituição. É implantado o Estado Novo.
Plínio Salgado estava em condições de vencer essas eleições, como reconheceu Carlos Henrique Hunsche em Der Brasilianische Integralismus, tese defendida na Universidade Friedrich Wilhelm, em Berlim, em 29 de Junho de 1938. Na sondagem realizada pelo vespertino A Noite, do Rio de Janeiro, Plínio Salgado ficou em primeiro lugar com oitenta e oito mil quinhentos e quarenta e sete votos, ficando em segundo lugar Getúlio Vargas, com dezasseis mil e quarenta e sete votos.
Em Maio de 1938, integralistas, unidos com outras forças democráticas do Brasil, ainda tentaram derrubar o Ditador Getúlio Vargas e restabelecer a Democracia e o Estado de Direito, mas o chamado "Levante" fracassou. A perseguição aos integralistas foi brutal, incluindo assassinatos e fuzilamentos. A Ditadura encheu as prisões com detidos políticos. Em 1939, Plínio Salgado acabaria detido na Fortaleza de Santa Cruz e depois enviado para o exílio em Portugal.
Exílio em Portugal (1939-1946), que ficaria assinalada por intensa actividade cultural, religiosa. A produção bibliográfica reflecte-o, atingindo o cume em 1942 ao ser publicada a primeira edição da Vida de Jesus. Foi lançada em São Paulo, primeiro proibida mas logo depois autorizada. O editor Rui de Arruda ficará no entanto preso durante quarenta dias.
Em 1946, com a deposição de Getúlio Vargas, Plínio retornou ao Brasil na chamada "redemocratização do país". Plínio formou então o Partido de Representação Popular (PRP), que virá a ser extinto depois de 1964. Mantinha-se fiel á tradição espiritualista e cristã do Brasil, retomando a ideia do caldeamento das raças e de uma história brasileira que remontava à fundação da monarquia portuguesa. Em 1947, escreverá semanalmente um artigo para o semanário Idade Nova e, no ano seguinte, continuando a sua "defesa intransigente da autonomia dos municípios", lançará uma "Cruzada Municipalista Nacional".
Em 1950, apoia o Brigadeiro Eduardo Gomes à presidência da República, e falha a eleição para o Senado pelo Rio Grande do Sul.
Em 1952, funda a Confederação de Centros Culturais da Juventude e, no ano seguinte, o semanário A Marcha.
Em 1955, lançou sua candidatura à presidência da República, obtendo 8% do total, perto de um milhão de votos. Apoiou a posse de Juscelino Kubitscheck e foi nomeado para a direção do Instituto Nacional de Imigração e Colonização.
Em 1956, foi eleito deputado federal pelo Paraná, no PRP. Após a posse de João Goulart, em 1961, aliou-se à UDN e ao PSD na luta contra as reformas de base pretendidas no governo.
Entretanto, em 1960, passou a colaborar semanalmente no Diário de São Paulo. Em 1960-1964-1970, foi eleito deputado federal pelo Estado de São Paulo.
Em 1961, representou o Brasil na conferência geral da UNESCO, em Paris, como observador parlamentar; em 1962 e 1964,
Em 1964, intensificou sua oposição a Goulart; foi um dos oradores da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, em São Paulo; e apoiou o golpe militar que depôs o então presidente.
Com a extinção dos partidos políticos, devido ao Ato Institucional nº2 (AI-2), filiou-se na Aliança Renovadora Nacional (Arena). Candidatou-se a deputado federal e triunfou pela Arena, em 1966. Assumiu o cargo no ano seguinte, quando se tornou vice-líder do partido. Em 1970, foi reeleito novamente deputado federal. Em 1974, despediu-se de sua carreira política em discurso proclamado na Câmara dos Deputados. Morreu em São Paulo, no ano seguinte.
Das suas obras político-doutrinárias, são de leitura obrigatória: Psicologia da Revolução (1933), A Quarta Humanidade (1934), O conceito cristão da Democracia (1946), Direitos e deveres do Homem (1949), O ritmo da História (1949), Espírito da burguesia (1951) e Reconstrução do Homem (1957).
Tendo retornado ao Catolicismo em 1918, depois de um período de descrença, Plínio Salgado veio a ser um dos mais importantes pensadores cristãos do Brasil e de todo o mundo Lusíada, publicando obras como A aliança do sim e do não (1943), Primeiro, Cristo! (1946), O Rei dos Reis (1946), Mensagens ao Mundo Lusíada (1946), A Tua Cruz, Senhor (1946), A imagem daquela noite (1947) e São Judas Tadeu e São Simão Cananita (1950), além da magistral Vida de Jesus (1942).
Hipólito Raposo (1885-1953), ao despedir-se de Plínio Salgado, em 22 de Junho de 1946, após sete anos de desterro em Portugal, declarou-o "filho adoptivo de Portugal".
Documentos / Antologia
Filiações partidárias:
Cargos políticos:
Obras completas de Plínio Salgado, publicadas de 1955 a 1957:
01. A Vida de Jesus - Tomo I - 1956
02. A Vida de Jesus - Tomo II - 1956
03. A Vida de Jesus - Tomo III - 1957
04. Geografia Sentimental / Viagens Pelo Brasil / Poema da Fortaleza de Santa Cruz / O Nosso Brasil - 1957
05. A Quarta Humanidade / Direitos e Deveres do Homem - 1957
6. A Aliança do Sim e do Não / Primeiro, Cristo! / O Rei dos Reis - 1957
07. Psicologia da Revolução / Palavra dos Tempos Novos / Madrugada do Espírito - 1957
08. A Imagem Daquela Noite ( e outros escritos) / São Judas Tadeu (e outros escritos) / A Mulher do Século XX / Conceito Cristão da Democracia - 1955
09. O que é Integralismo / O Integralismo Perante a Nação - 1955
10. Despertemos a Nação! / Páginas de Ontem / Discursos - 1955
11. O Estrangeiro / Pio IX e o seu Tempo - 1955
12. O Esperado - 1955
13. O Cavaleiro de Itararé - Tomo I - 1955
14. O Cavaleiro de Itararé - Tomo II / A Voz do Oeste - 1955
15. Espírito da Burguesia / Mensagem às Pedras do Deserto - 1956
16. O Ritmo da História / Atualidades Brasileiras - 1956
17. A Tua Cruz, Senhor / A Inquietação Espiritual na Atualidade Brasileira - 1956
18. Como Nasceram as Cidades do Brasil / Roteiro e Crônicas de Mil Viagens / Oriente - (Impressões de viagens) 1930 - 1956
19. Literatura e Política / Críticas e Prefácios - 1956
20. Discurso às Estrelas / Contos e Fantasias Sentimentais - 1956
BIBLIOGRAFIA DE PLÍNIO SALGADO (ao falecer, em 1975, Plínio Salgado deixou 80 obras)
Bibliografia
Bibliografia (recenseada)
Nasceu em São Bento do Sapucaí (SP). Jornalista, teólogo, filósofo e político.
Obra principal: Vida de Jesus. - "Não fiz aqui obra de erudição ou de exegese. Estas narrativas são o espelho de um sentimento que vive em mim e tudo explica", diz-nos Plínio Salgado nos "Apontamentos iniciais (Palavras à edição brasileira)".
Ideia retomada no breve prefácio a Madrugada do Espírito (antologia filosófico-política), em 1946, afirmando Plínio que ali estava a síntese de toda a sua obra. - Esta biografia de Jesus "é o reflexo de um sentimento que vive e se desenvolve todo em mim".
O integralista lusitano Henrique Barrilaro Ruas, diz-nos que "Plínio Salgado escreveu, antes de tudo, um ato de fé", acrescentando: "A suprema arte do seu Autor consistiu em enfeixar todo o arco-íris na pureza da luz branca: o seu texto é um tecido perfeito, onde não falta nenhum dos fios da História, mas nenhum é visível".
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Plínio Salgado nasceu numa família de origem portuguesa, na pequena cidade de São Bento do Sapucaí, filho do farmacêutico Francisco das Chagas Esteves Salgado e da professora Ana Francisca Rennó Cortez, com quem aprendeu as primeiras letras. Seu avô paterno, Manoel Esteves Salgado, beirão de Viseu, nascido em São Pedro do Sul, emigrara para o Brasil por dissensões com D. Pedro IV.
O seu pai morreu quando ele tinha 16 anos, voltando de Pouso Alegre, onde estudava, para São Bento de Sapucaí para auxiliar a mãe a cuidar dos seus quatro irmãos mais novos.
Aos 18 anos, iniciou-se na política participando na fundação do Partido Municipalista, reunindo líderes de municípios do Vale do Paraíba (Gama Rodrigues, Machado Coelho, Agostinho Ramos e Joaquim Cortez), em defesa das autonomias municipais e "para combater a ditadura do governo estadual". Lança o semanário local Correio de São Bento.
Em 1918 casou-se com Maria Amélia Pereira, que viria a falecer um ano depois, deixando-lhe uma filha com apenas 15 dias, que passou aos cuidados da avó e tios. No ano seguinte, mudou-se para São Paulo, ingressando no jornal Correio Paulistano – órgão oficial do Partido Republicano Paulista (PRP), porta-voz do governo estadual na época. Fez amizade com Menotti del Picchia, o redator-chefe do jornal.
Em 1922, participou da Semana de Arte Moderna, num período de intensas leituras de autores modernistas. No final de 1924, ligou-se a uma facção dissidente do Partido Republicano Paulista (PRP), que rompera com o presidente de São Paulo, Washington Luís. É indicado como secretário da Coligação Paulista, presidida por Altino Arantes.
Em 1926, Plínio Salgado estreia na literatura com o livro O Estrangeiro, um romance de técnicas vanguardistas, que narra a vida de um jovem anarquista que emigra da Rússia pré-revolucionária e vem tentar vida nova no Brasil. Nesse ano, morreu a sua mãe.
Em 1928, foi um dos ideólogos do Movimento Verde-Amarelo, com Menotti del Picchia, Cassiano Ricardo e Motta Filho, em oposição à corrente primitivista lançada pelo Manifesto pau-brasil, de Oswaldo de Andrade.
Em 1927, publicou Literatura e Política, obra fundamental para a compreensão da sua vastíssima obra. Aí se pode ler:
"Aparecem duas tisanas para as doenças da Europa: o comunismo e o fascismo. Ambos, materialistas, decretam a falência da democracia: - ou triunfa o imperialismo económico baseado no “nacionalismo”, no “fascismo”, na “ditadura militar”, ou vence o imperialismo político da Terceira Internacional.
Será esse o dilema para os jovens povos da América? Que rumo devem seguir os países novos, como o Brasil? Se pretendemos empreender a defesa da democracia, em face das prementes realidades económicas dos povos, devemos colocar o problema sob o ponto de vista retardatário do liberalismo dos nossos partidos oposicionistas?" (Obras Completas. Volume 19. 1ª edição. São Paulo: Editora das Américas, 1956, p. 20., pp. 64-65.
Em 1928, foi eleito deputado estadual pelo PRP, em São Paulo, com o apoio de Júlio Prestes. Participou de movimento de intelectuais ligados ao PRP, conhecido como Ação Renovadora Nacional. Em 31 de Julho toma posse da cadeira nº 6 da Academia Paulista de Letras.
Em 1930, viajou para o Médio Oriente e Europa como preceptor do filho do advogado Souza Aranha. Visita a Turquia, o Egipto, observando o imperialismo inglês, a Alemanha e a Bélgica. Em França "lê uma vasta literatura comunista que circulava em Paris". Ao chegar à Itália, observou o fenómeno do fascismo e do governo de Mussolini - um jacobino radical saído do Partido Socialista Italiano que consegue chegar ao poder intimidando as forças políticas conservadoras ao ponto de, por fim, obter o seu apoio. Observou a anarquia dos espíritos em Espanha e a nova ordem ditatorial estabelecendo-se em Portugal - "tudo me mostrava a morte de uma civilização, o advento de uma nova etapa humana." No Brasil, eclodia a revolução contra Washington Luís e o sistema político que ele representava.
Em 1931, tornou-se redator do jornal A Razão, fundado por Souza Aranha na capital paulista, escrevendo diariamente artigos doutrinários e e de análise política brasileira e internacional. Nesse ano, lança o Manifesto da Legião Revolucionária de São Paulo à Nação Brasileira, onde escreve:
“Desde a Monarquia, temos vivido sob a preocupação de impor ao nosso país sistemas políticos estrangeiros. Experimentamos o parlamentarismo inglês até 1889; daí para cá, voltamo-nos para as fórmulas americanas e, agora, é ainda entre os Estados Unidos, a Itália e a Rússia, que oscila certa mentalidade que pretende nos impor novas imitações. Assim não devemos transplantar para o Brasil nem comunismo, nem fascismo, nem outros sistemas exóticos".
Em 1932, dá-se a Revolução Constitucionalista e o incêndio de A Razão. Plínio funda a Sociedade de Estudos Políticos (SEP) e publica o Manifesto de Outubro, apresentando as diretrizes de uma nova formação política, a Ação Integralista Brasileira (AIB). O manifesto foi escrito em Maio, mas era para ser submetido à apreciação das organizações de outros Estados. Explodiu a revolução de Julho em São Paulo que durou até 4 de Outubro. Só então foi possível, após a aprovação de todos os organismo da SEP, divulgar o documento. O ideário da AIB, ficou definido nesse Manifesto - sobressaindo o seu personalismo e universalismo cristão e a defesa de uma representação política nacional de base municipal e profissional.
O coevo Movimento Nacional-Sindicalista (MNS) de Portugal, sob a direcção de Alberto Monsaraz e Francisco Rolão Preto, é o seu mais próximo parente europeu - por sua vez oriundo do Integralismo Lusitano (1914-1933) - fazendo-se também uma afirmação personalista e uma clara rejeição dos totalitarismos políticos da época - fascismos e comunismo. Na bibliografia do período integralista de Plínio Salgado, entre 1932 e 1937, em puro e transparente português do Brasil, os seus valores cristãos estão sempre presentes.
A AIB, tal como o MNS em Portugal, utilizou métodos milicianos de organização e propaganda, em voga na época entre os movimentos políticos que desafiavam os governos conservadores. Esses métodos foram utilizados pelos integralistas brasileiros, pelos nacional-sindicalistas portugueses, mas também por comunistas e fascistas, e mesmo por anarquistas, como os da Federação Anarquista Ibérica (FAI) espanhola.
Enquanto o MNS adoptou a "Cruz de Cristo" como símbolo e a camisa azul dos operários portugueses, a Ação Integralista Brasileira adoptou a expressão indígena "Anauê" como saudação - que em Tupi significa "Você é meu irmão" -, a letra grega Sigma como símbolo - que em matemática representa "a soma de todas as partes" - e camisas verdes, com as quais os seus militantes desfilavam pelas ruas.
O paralelismo não termina aí. Ambas as organizações foram eliminadas por Ditadores e os respectivos chefes presos e forçados ao exílio. Ambas as Ditaduras se designaram por Estado Novo: o ditador brasileiro chamava-se Getúlio Vargas e o ditador português Oliveira Salazar. E o paralelismo vai continuar: tal como com Rolão Preto, também Plínio Salgado viria ser caluniado, ocultado ou distorcido o seu pensamento político. Foram ambos apodados de "fascistas", procurando ofuscar a visão de portugueses e de brasileiros sobre os Ditadores que, nas suas pátrias, exerciam o poder como fascistas.
Os camisas verdes fizeram o seu primeiro desfile no dia 23 de Abril de 1933. Nesse ano, a sede da AIB foi transferida para o Rio de Janeiro e, em 1934, no seu I Congresso, organizado em Vitória (ES), Plínio recebeu o título de “chefe nacional" do movimento. Após o Congresso, o movimento passou a fundar jornais, abrir creches, escolas e promover desfiles integralistas no Rio de Janeiro e em São Paulo. O seu órgão oficial era o “Monitor Integralista” e o seu principal periódico “A Offensiva”, que rapidamente se tornou o jornal diário de maior difusão no Brasil.
Em 1934, em Portugal, Oliveira Salazar proibiu o Nacional-Sindicalismo, após algumas demonstrações de vitalidade em desfiles de militantes uniformizados e de uma representação ao presidente da República, Óscar Carmona, pedindo a liberdade de organização e expressão para o seu movimento. Rolão Preto e Alberto Monsaraz foram presos e exilados. A mesma sorte aguardava Plínio Salgado.
De 3 a 5 de Março de 1935, Plínio Salgado integrou o grupo de homens que fizeram o seu retiro espiritual na inauguração da casa de exercícios, aberta pelos Padres Jesuítas no Rio de Janeiro. Em 7 de Março, realizou-se o II Congresso Nacional de Petrópolis. Nesse ano, escreveu Em Despertemos a Nação!: “o problema brasileiro é muito mais difícil que os da Rússia, da Itália e da Alemanha” (...) “os modelos de Lenine, de Mussolini e de Hitler, suas estratégias, seus processos não valem nada para o caso do Brasil”.
Em Novembro, dá-se a intentona comunista no quartel da Praia Vermelha, sendo assassinados oficiais do Exército Brasileiro, alguns adeptos do Integralismo brasileiro. O processo do governo contra Plínio Salgado começou pela proibição dos camisas verdes. Plínio Salgado acatou, marcando o dia 7 de Outubro de 1936, aniversário da AIB, para a realização da "Noite dos Tambores Silenciosos".
Em 1932, Benito Mussolini tinha definido a doutrina totalitária do Fascismo: "para o fascista, tudo está no estado, e nada humano ou espiritual existe, muito menos tem valor, fora do estado. Nesse sentido, o fascismo é totalitário, e o estado fascista, síntese e unidade de todo valor, interpreta, desenvolve e fortalece toda a vida do povo." Em entrevista publicada em 1936 sob o título “Estado Totalitário e Estado Integral", eis a perspectiva de Plínio Salgado:
"O Estado Totalitário não é a mesma coisa que o Estado Integral?
Não. O Estado Totalitário tem uma finalidade em si próprio; absorve todas as expressões nacionais e sociais, econômicas, culturais e religiosas; subordina a Pessoa Humana e os Grupos Naturais ao seu império. O Estado Integral, ao contrário, não tem uma finalidade em si próprio; não absorve as expressões nacionais e sociais, económicas, culturais e religiosas; não subordina a Pessoa Humana e os Grupos Naturais ao seu império; o que ele objetiva, é a harmonia entre todas essas expressões, a intangibilidade da Pessoa Humana.
Por que motivo os integralistas não querem o Estado Totalitário?
- Os integralistas não querem o Estado Totalitário, porque os integralistas adotam uma filosofia totalista, isto é, têm do mundo uma concepção totalitária.
Não há uma contradição nisso? Se os integralistas concebem o universo de um ponto de vista totalitário, como é que não concebem o Estado da mesma maneira?
- Os integralistas são lógicos, tendo uma concepção totalitária do mundo e uma concepção não totalitária do Estado. É evidente que, sendo o Estado uma das expressões do mundo, se este é considerado em seu conjunto, o Estado tem de ser considerado como uma “parte” do conjunto. Se adotarmos o Estado Totalitário, então‚ é que ficamos em contradição, fazendo uma “parte” absorver as outras partes."
Em Maio de 1937, após o Congresso de Petrópolis (1935), a AIB iniciou um plebiscito interno para decidir qual seria o seu candidato às eleições presidenciais a realizar em Janeiro do ano seguinte. Nesta ocasião, Plínio Salgado proferiu um discurso intitulado Salvemos a Democracia!, salientando o caráter democrático do seu movimento cívico-político na escolha do seu candidato à eleição presidencial, em nítida contraposição ao método autocrático dos demais partidos. Em 12 de Junho, foi anunciada a candidatura de Plínio Salgado à eleição presidencial, mas a eleição não se realizou em virtude de um golpe de Estado, em 10 de Novembro de 1937. A pretexto de um golpe comunista que estaria em marcha, Vargas decretou um estado de emergência e o encerramento de todos os Partidos Políticos. Quando a AIB foi encerrada, contava com mais de um milhão e meio de filiados. Plínio é convidado para Ministro da Educação, mas recusa por não concordar com os termos da nova constituição. É implantado o Estado Novo.
Plínio Salgado estava em condições de vencer essas eleições, como reconheceu Carlos Henrique Hunsche em Der Brasilianische Integralismus, tese defendida na Universidade Friedrich Wilhelm, em Berlim, em 29 de Junho de 1938. Na sondagem realizada pelo vespertino A Noite, do Rio de Janeiro, Plínio Salgado ficou em primeiro lugar com oitenta e oito mil quinhentos e quarenta e sete votos, ficando em segundo lugar Getúlio Vargas, com dezasseis mil e quarenta e sete votos.
Em Maio de 1938, integralistas, unidos com outras forças democráticas do Brasil, ainda tentaram derrubar o Ditador Getúlio Vargas e restabelecer a Democracia e o Estado de Direito, mas o chamado "Levante" fracassou. A perseguição aos integralistas foi brutal, incluindo assassinatos e fuzilamentos. A Ditadura encheu as prisões com detidos políticos. Em 1939, Plínio Salgado acabaria detido na Fortaleza de Santa Cruz e depois enviado para o exílio em Portugal.
Exílio em Portugal (1939-1946), que ficaria assinalada por intensa actividade cultural, religiosa. A produção bibliográfica reflecte-o, atingindo o cume em 1942 ao ser publicada a primeira edição da Vida de Jesus. Foi lançada em São Paulo, primeiro proibida mas logo depois autorizada. O editor Rui de Arruda ficará no entanto preso durante quarenta dias.
Em 1946, com a deposição de Getúlio Vargas, Plínio retornou ao Brasil na chamada "redemocratização do país". Plínio formou então o Partido de Representação Popular (PRP), que virá a ser extinto depois de 1964. Mantinha-se fiel á tradição espiritualista e cristã do Brasil, retomando a ideia do caldeamento das raças e de uma história brasileira que remontava à fundação da monarquia portuguesa. Em 1947, escreverá semanalmente um artigo para o semanário Idade Nova e, no ano seguinte, continuando a sua "defesa intransigente da autonomia dos municípios", lançará uma "Cruzada Municipalista Nacional".
Em 1950, apoia o Brigadeiro Eduardo Gomes à presidência da República, e falha a eleição para o Senado pelo Rio Grande do Sul.
Em 1952, funda a Confederação de Centros Culturais da Juventude e, no ano seguinte, o semanário A Marcha.
Em 1955, lançou sua candidatura à presidência da República, obtendo 8% do total, perto de um milhão de votos. Apoiou a posse de Juscelino Kubitscheck e foi nomeado para a direção do Instituto Nacional de Imigração e Colonização.
Em 1956, foi eleito deputado federal pelo Paraná, no PRP. Após a posse de João Goulart, em 1961, aliou-se à UDN e ao PSD na luta contra as reformas de base pretendidas no governo.
Entretanto, em 1960, passou a colaborar semanalmente no Diário de São Paulo. Em 1960-1964-1970, foi eleito deputado federal pelo Estado de São Paulo.
Em 1961, representou o Brasil na conferência geral da UNESCO, em Paris, como observador parlamentar; em 1962 e 1964,
Em 1964, intensificou sua oposição a Goulart; foi um dos oradores da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, em São Paulo; e apoiou o golpe militar que depôs o então presidente.
Com a extinção dos partidos políticos, devido ao Ato Institucional nº2 (AI-2), filiou-se na Aliança Renovadora Nacional (Arena). Candidatou-se a deputado federal e triunfou pela Arena, em 1966. Assumiu o cargo no ano seguinte, quando se tornou vice-líder do partido. Em 1970, foi reeleito novamente deputado federal. Em 1974, despediu-se de sua carreira política em discurso proclamado na Câmara dos Deputados. Morreu em São Paulo, no ano seguinte.
Das suas obras político-doutrinárias, são de leitura obrigatória: Psicologia da Revolução (1933), A Quarta Humanidade (1934), O conceito cristão da Democracia (1946), Direitos e deveres do Homem (1949), O ritmo da História (1949), Espírito da burguesia (1951) e Reconstrução do Homem (1957).
Tendo retornado ao Catolicismo em 1918, depois de um período de descrença, Plínio Salgado veio a ser um dos mais importantes pensadores cristãos do Brasil e de todo o mundo Lusíada, publicando obras como A aliança do sim e do não (1943), Primeiro, Cristo! (1946), O Rei dos Reis (1946), Mensagens ao Mundo Lusíada (1946), A Tua Cruz, Senhor (1946), A imagem daquela noite (1947) e São Judas Tadeu e São Simão Cananita (1950), além da magistral Vida de Jesus (1942).
Hipólito Raposo (1885-1953), ao despedir-se de Plínio Salgado, em 22 de Junho de 1946, após sete anos de desterro em Portugal, declarou-o "filho adoptivo de Portugal".
Documentos / Antologia
- 1932-10-07 - Manifesto da "Acção Integralista Brasileira"
- 1933 - Liberal-Democracia
- 1936-11-01 - Estado Totalitário e Estado Integral
- 1944 - Sentido Cristão do Império Lusíada
- 1945 - Três Mensagens ao Mundo Lusíada
- 1946 - Uma reportagem histórica na despedida de Plínio Salgado
Filiações partidárias:
- Partido Municipalista - PM (1918–1920);
- Partido Republicano Paulista - PRP (1928–1930);
- Ação Integralista Brasileira - AIB (1934–1937);
- Partido de Representação Popular - PRP (1946–1966);
- Aliança Renovadora Nacional - Arena (1966–1974)
Cargos políticos:
- Deputado estadual de São Paulo (1928–1930);
- Deputado federal (1959–1974, quatro mandatos: dois pelo PRP e dois pela Arena)
Obras completas de Plínio Salgado, publicadas de 1955 a 1957:
01. A Vida de Jesus - Tomo I - 1956
02. A Vida de Jesus - Tomo II - 1956
03. A Vida de Jesus - Tomo III - 1957
04. Geografia Sentimental / Viagens Pelo Brasil / Poema da Fortaleza de Santa Cruz / O Nosso Brasil - 1957
05. A Quarta Humanidade / Direitos e Deveres do Homem - 1957
6. A Aliança do Sim e do Não / Primeiro, Cristo! / O Rei dos Reis - 1957
07. Psicologia da Revolução / Palavra dos Tempos Novos / Madrugada do Espírito - 1957
08. A Imagem Daquela Noite ( e outros escritos) / São Judas Tadeu (e outros escritos) / A Mulher do Século XX / Conceito Cristão da Democracia - 1955
09. O que é Integralismo / O Integralismo Perante a Nação - 1955
10. Despertemos a Nação! / Páginas de Ontem / Discursos - 1955
11. O Estrangeiro / Pio IX e o seu Tempo - 1955
12. O Esperado - 1955
13. O Cavaleiro de Itararé - Tomo I - 1955
14. O Cavaleiro de Itararé - Tomo II / A Voz do Oeste - 1955
15. Espírito da Burguesia / Mensagem às Pedras do Deserto - 1956
16. O Ritmo da História / Atualidades Brasileiras - 1956
17. A Tua Cruz, Senhor / A Inquietação Espiritual na Atualidade Brasileira - 1956
18. Como Nasceram as Cidades do Brasil / Roteiro e Crônicas de Mil Viagens / Oriente - (Impressões de viagens) 1930 - 1956
19. Literatura e Política / Críticas e Prefácios - 1956
20. Discurso às Estrelas / Contos e Fantasias Sentimentais - 1956
BIBLIOGRAFIA DE PLÍNIO SALGADO (ao falecer, em 1975, Plínio Salgado deixou 80 obras)
- Thabor (poemas), 1919
- A boa nova (assuntos bíblicos), 1921
- O Estrangeiro (romance), 1926
- Literatura e Política, 1927
- A anta e o curupira (manifesto modernista), 1927
- O curupira e o carão (em colaboração com Menotti del Pichia e Cassiano Ricardo), 1927
- A literatura gaúcha, conferência literária realizada no Centro Gaúcho de São Paulo, 1927
- O Esperado (romance), 1931
- Oriente (relato de viagens), 1931
- Manifesto da Legião Revolucionária de São Paulo, 1931
- Manifesto de Outubro, 1932
- O cavaleiro de Itararé (romance), 1933
- O que é o Integralismo (filosofia política), 1933
- Psicologia da Revolução (filosofia, política e sociologia), 1933
- A Voz do Oeste (romance histórico), 1934
- O sofrimento universal (filosofia e sociologia), 1934
- A quarta humanidade (filosofia), 1934
- Despertemos a Nação (política), 1935
- A doutrina do Sigma (política), 1935
- Cartas aos Camisas-Verdes (discursos), 1935
- Palavra nova dos tempos novos (temas literários e políticos), 1936
- Nosso Brasil (brasilidade), 1937
- Geografia sentimental (brasilidade), 1937
- Páginas de combate (política), 1937
- Vida de Jesus (biografia e teologia), 1943
- A aliança do Sim e do Não (ensaio histórico, sociológico e religioso), 1943. Teve origem numa conferência, feita em Lisboa, intitulada Pensamento de ontem e tragédias de hoje - dizendo Sim, como cristãos, há quem viva no reverso Não do credo religioso.
- A mulher no século XX (psicologia e sociologia), 1946
- O Rei dos reis (história e religião), 1946 (Lisboa, Edição Pro Domo)
- Conceito cristão da democracia (ensaio político-filosófico), 1946 (Coimbra, Edição Estudo)
- Primeiro, Cristo! (religião), 1946 (Porto, edição Figueirinhas)
- A Tua Cruz, Senhor (religião), 1946 (Lisboa, Ática)
- Como nasceram as cidades do Brasil (história), 1946 (Lisboa, Ática)
- Madrugada do espírito (antologia filosófico-política), 1946 (Lisboa, Pro Domo)
- O Integralismo brasileiro perante a Nação (seleção de documentos sobre política), 1945 (/ed, Lisboa): PREFÁCIO DA 1º EDIÇÃO (1945): Este livro levou catorze anos a ser escrito. Quem o preparou, dia a dia, foi um homem de bem. As páginas que não tiverem sido escritas por este homem, foram escritas por outros, a respeito deles ou da obra que ele criou. Mas tanto o que esse homem escreveu, como aquilo que dele escreveram, e aqui juntamos, refere-se a um movimento de brasileiros que fizeram do amor à pátria o sentido de suas próprias vidas. Não se trata de um volume construído de propósito, para cuja composição se toma um assunto, esquematiza-se a matéria, adota-se um método e escolhe um estilo. Não é uma simples defesa; é mais: é um testemunho. Não são alegações; são provas. Nem se faz aqui apologética; faz-se história do Brasil. Quando estas páginas foram redigidas ninguém pensou que viessem formar um livro. Os capítulos foram vividos, um por um, e, ao cabo de catorze anos, verificou-se que formavam um conjunto perfeito de equilíbrio e de harmonia, ligados pelo nexo de rara e inexcedível coerência. Constituem toda a historia do Integralismo Brasileiro, o mais caluniado, o mais deturpado dos movimentos de opinião, porque os inimigos, dispondo de poderosos meios de propaganda, o apresentaram exatamente sob o aspeto daqueles males que ele combatia e combate. / Espiritualista e cristão, apontaram-no como adepto de teorias materialistas e anticristãs. Nacionalista, acusaram-no de ligações com potências estrangeiras. Sedento de justiça social, deram-no como adversário dos trabalhadores. Amigo dos humildes e contando em suas fileiras multidões de pobres e de desamparados nos campos e nas cidades, imputaram-lhe um papel reacionário como instrumento de uma burguesia opulenta. Defensor da soberania da Pátria e da sua integridade territorial, injuriaram-no como legião de vendidos aos interesses expansionistas de inimigos da nação. Sustentador da igualdade e tidas as raças e estrénuo advogado dos direitos dos povos meridionais contra a falsa teoria da superioridade dos povos arianos, caluniaram-no como adepto subserviente dos arautos do preconceito étnico. Democrático no mais exato sentido, pois sempre desejou um sentido onde os fortes, os ricos, os astutos e os violentos não pudessem exercer sua tirania sobre as deliberações do povo, pintaram-no como profeta do estatismo absorvente. Baluarte dos respeitos à pessoa humana, desde a sua primeira hora, como se vê dos Estatutos da sociedade que fundou e com o manifesto com que apareceu, classificaram-no como ideologia destruidora das liberdades. Penetrado de sentimento brasileiro, até a medula e timbrando em criticar acremente todas as instituições e costumes alienígenas, atribuíram-lhe a vergonha de copiador de regimes exóticos. Coisa assim semelhante só sofrem os primeiros cristãos em Roma, quando eram tidos por envenenadores de fontes, devoradores de crianças e incendiários da capital do Império. É esta uma glória muito grande para os integralistas, mas não desejamos que as pessoas honestas de nossa Pátria, por falta de informação, participem, nem mesmo por um silencio, que seria criminoso, da ação cruel de nossos algozes.”
- A imagem daquela noite (teatro religioso), 1947 (Lisboa, Edições Gama)
- Mensagem às pedras do deserto (ensaios políticos), 1947
- Direitos e deveres do Homem (trabalho apresentado nas Conversações Católicas de San Sebastian), 1948
- Poema da Fortaleza de Santa Cruz (poesia), 1948
- Extremismo e democracia (política), 1948
- Pio IX e o seu tempo (prefácio à obra de Villefranche), 1948.
- O ritmo da história (ensaios políticos), 1949
- Discursos (seleção de conferências), 1949
- São Judas Tadeu e São Simão Cananita (hagiografia), 1950
- Sete noites de Joãozinho (literatura infantil), 1951
- Espírito da Burguesia (ensaio sociológico), 1951. * A melhor forma de combater a famigerada burguesia, o "espírito burguês", é viver seriamente o cristianismo. A burguesia não é uma classe, é uma mentalidade, um modo ou método de vida, em pleno desacordo com o fim sobrenatural do homem - "Não podeis servir a dois senhores", advertiu Cristo.
- O Integralismo na vida brasileira (história e política), 1953
- As qualidades e as virtudes de Euclides da Cunha (síntese de conferência proferida em São José do Rio Pardo na V Semana Euclidiana; coautoria de Tasso da Silveira), 1954
- Atualidades Brasileiras, 1954
- Roteiro e crônica de mil viagens, 1954
- Críticas e prefácios (literatura), 1954
- Contos e fantasias (literatura), 1954
- Sentimentais (literatura), 1954
- A inquietação espiritual na atualidade brasileira, 1954
- Páginas de ontem, 1954
- Viagens pelo Brasil, 1954
- Mensagem ao povo brasileiro, 1955
- Livro verde da minha campanha, 1956
- Doutrina e tática comunistas (noções elementares), 1957
- A doutrina do Integralismo (opúsculo), 1957
- Reconstrução do Homem, 1957
- O Integralismo na vida brasileira, 1957
- Palestras com o povo, 1957-1958
- Discursos na Câmara dos Deputados (seleção), 1961
- Poemas do século tenebroso (sob o pseudónimo Ezequiel), 1961
- A crise parlamentar e os cinco discursos de Plínio Salgado, 1962
- Como se prepara uma China, 1962.
- Imitação de Cristo, Tomás de Kempis (edição e introdução), 1963
- Compêndio de Instrução Moral e Cívica (livro didático), 1964
- História do Brasil, 2 vols. (livros didáticos de história brasileira), 1969
- Trepandé (romance), 1972
- 13 anos em Brasília (recordações), 1973
- Tempo de exílio (correspondência familiar), 1980 (obra póstuma)
- Minha segunda prisão e meu exílio/Diário de bordo, 1980 (obra póstuma)
- Discursos parlamentares de Plínio Salgado (organização e introdução de Gumercindo Rocha Dorea), 1982
- Plínio Salgado (in Memoriam).
- O dono do mundo (romance), 1999 (obra póstuma)
Bibliografia
- 1933 - LIMA, Alceu Amoroso. Estudos (5ª série). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira
- 1940 - Flue Gut, Nicolau de, Dom (1940). Plínio Salgado, o creador do Integralismo Brasileiro, na Literatura Brasileira. Speyer: Pilger-Druckerei G. m. b. H.
- 1971 - SILVA, Hélio. 1938: terrorismo em campo verde. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971.
- 1977 - SILVEIRA, Homero, Aspectos do romance brasileiro contemporâneo. São Paulo: Convívio
- 1979 - VASCONCELLOS, Gilberto Felisberto. Ideologia curupira: análise do discurso integralista. São Paulo: Brasiliense, 1979.
- 1986 - Plínio Salgado. In Memoriam. São Paulo: Editora Voz do Oeste / Casa Plínio Salgado.
- 1996 - HUNSCHE, Carlos Henrique. O Integralismo brasileiro. Porto Alegre: Centro de Documentação AIB/PRP, 1996
- 1997 - NOGUEIRA, Rubem. O homem e o muro: memórias políticas e outras. São Paulo: Edições GRD, 1997.
- 1999 - DOREA, Augusta Garcia R., Plínio Salgado, um apóstolo brasileiro em terras de Portugal e Espanha, São Paulo: Edições GRD, 1999.
- 2001 - CALIL, Gilberto. O Integralismo no Pós-Guerra: A Formação do PRP (1945-1950). Porto Alegre: EdiPUCRS, 2001.
- 2001 - LOUREIRO, Maria Amélia Salgado, Plínio Salgado, meu pai. São Paulo: Edições GRD, 2001.
- 2005 - VICTOR, Rogério Lustosa. O integralismo nas águas do "Lete": História, memória e esquecimento. Goiânia: UCG, 2005. (LEITURA OBRIGATÓRIA)
- 2010 - CALIL, Gilberto. Integralismo e Hegemonia Burguesa: a intervenção do PRP na política brasileira (1945-1965). Cândido Rondom: Ed. UNIOESTE.
- 2013 - FIGUEIRA, Guilherme Jorge. As eleições de 1955: Ensaio sobre a participação de Plínio Salgado nas eleições presidenciais. Revista do Arquivo, Rio Claro - SP. n°11, p.60-63, jun. 2013.
Bibliografia (recenseada)
- 1979 - TRINDADE, Hélgio. Integralismo: o fascismo brasileiro da década de 30. 2. ed. Porto Alegre: Difel/UFRGS, 1979.
- 1987 - GERTZ, René. O fascismo no sul do Brasil: germanismo, nazismo, integralismo. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1987.
- 1992- MAIO, Marcos Chor. Nem Trotsky, nem Rotschild: o pensamento anti-semita de Gustavo Barroso. Rio de Janeiro, Imago, 1992.
- 1998 - BARRERAS, Maria José Lanziotti. Dario de Bittencourt (1901-1974): uma incursão pela cultura política autoritária gaúcha. Porto Alegre: EDIPUCRS,
- 1988 - ARAÚJO, Ricardo Benzaquen de. Totalitarismo e revolução: o integralismo de Plínio Salgado. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1988.
- 2000 - CALIL, Gilberto Grassi; SILVA, Carla Luciana. Velhos Integralistas: a memória de militantes do Sigma. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2000.
- 2001 - CALIL, Gilberto Grassi. O Integralismo no Pós Guerra: a formação do PRP (1945-1950). Porto Alegre: EDIPUCRS.
- 2001 - SILVA, Carla Luciana. Onda Vermelha: imaginários anticomunistas brasileiros. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001.
- 2016 - TRINDADE, Hélgio. A tentação fascista no Brasil: imaginário de dirigentes e militantes integralistas. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2016.
- 2010 - BERTONHA, João Fábio. Bibliografia orientada sobre o integralismo (1932-2007). Jaboticabal: FUNEP, 2010.
- 2014 - CALDEIRA NETO, Odilon. Sob o Signo do Sigma: Integralismo, Neointegralismo e o Antissemitismo. Maringá: Universidade Estatal de Maringá.
- 2016 - BARBOSA, Jefferson Rodrigues. Chauvinismo e Extrema-direita: crítica aos herdeiros do sigma. São Paulo: Ed. Unesp, 2016.
- 2016 - SILVA, Giselda Brito. Estudos do Integralismo no Brasil, 2ª ed., Porto Alegre: EdiPUCRS, 2016.
- 2023 - BERTONHA, João Fábio. Plínio Salgado, os integralistas e a ditadura militar. Os herdeiros do fascismo no regime dos generais (1964-1975). Revista História & Perspectivas, [S. l.], v. 24, n. 44, 2011.
- 2018 - GONÇALVES, Leandro Pereira. Plínio Salgado: um católico integralista entre Portugal e o Brasil (1895-1975). Rio de Janeiro: FGV Editora, 2018.
- 2018 - BERTONHA, João Fábio. Plínio Salgado: biografia política (1895-1975). São Paulo: Edusp, 2018.